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Comprar carro na Venezuela é missão impossível

A alta demanda associada à baixa oferta dos veículos impulsiona uma longa procura em concessionárias, além de meses em espera

Por Da Redação
25 jun 2013, 17h03

Comprar um carro é algo quase impossível na Venezuela. No país onde um automóvel usado é mais caro do que um novo, a produção cai entre as acusações de falta de acesso a divisas e o governo tenta resolver o problema com uma lei que se mostrou polêmica mesmo antes de ser colocada em prática.

Os motivos podem ser, segundo trabalhadores da indústria, a baixa oferta e a alta demanda dos veículos, que fizeram com que o sonho de milhares de venezuelanos de comprar um automóvel se tornasse um pesadelo, que envolve uma longa procura em concessionárias, meses de espera e até a cogitação de recorrer à “máfia”.

A alta demanda é explicada, em parte, pela forte inflação, que no ano passado atingiu os 20,1%, e nesse ano já chegou a 19,4%. A compra de um automóvel se tornou, então, um investimento e uma forma de os venezuelanos preservarem as economias. No entanto, em um país onde é possível encher o tanque de gasolina com menos de 3 reais, as vitrines das concessionárias estão vazias, em meio a uma escassez crônica de divisas, resultado de um rígido controle do câmbio.

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Alguns optam por pagar uma “comissão” ao dono da concessionária para poder conseguir o carro em tempo recorde. Um motorista de transportadora de 33 anos, que preferiu permanecer no anonimato, aceitou recentemente este “acordo”, apesar de saber que é ilegal. “Você vai à concessionária e te colocam em uma lista de espera de até dois anos por não haver veículos. Depois dizem que se você aceitar pagar um suborno ao dono, podem te dar o carro em um prazo de dez a quinze dias”, contou, ressaltando que “é como uma máfia, dizem ‘você me dá tanto e eu te dou o carro”’.

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O governo culpa a “especulação” dos concessionários por essa situação e está disposto a perseguir os donos das unidades de montagem e importadoras de veículos com uma lei que ainda espera a aprovação do Parlamento e que prevê fixar os preços para os automóveis. O presidente venezuelano, Nicolás Maduro, falou do assunto na campanha para as últimas eleições presidenciais, quando prometeu acabar com o que chamou de “máfias dos veículos”. “Como podemos ter um Estado revolucionário se estão roubando nosso povo com a especulação dos veículos?”, perguntou.

Para a indústria, este assunto simplesmente reflete a dualidade entre a oferta e a demanda. “A demanda supera a oferta e quando há uma maior demanda que a oferta, inevitavelmente, o preço tende a subir. A demanda anual de veículos está estimada em mais de meio milhão e são oferecidos apenas entre 80 mil e 100 mil”, disse o vice-presidente da Câmara Nacional de Comércio de Autopeças, José Cirinella.

Cirinella ainda completou afirmando que as unidades de montagem locais têm como objetivo para este ano a produção de 120 mil veículos, mas que não crê que o objetivo “vá ser cumprido devido aos problemas para acessar divisas”, em um país onde o Estado monopoliza o acesso à moeda estrangeira desde 2003.

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De acordo com números da câmara Automotiva da Venezuela (Cavenez), nos primeiros cinco meses do ano foram produzidos na Venezuela 31.153 veículos, 34,3% menos do que no mesmo período do ano passado. Cirinella alertou que o projeto impulsionado no Parlamento pela maioria chavista para controlar os preços dos veículos poderia dar lugar a um “mercado negro”. Para o presidente-executivo de Cavenez, Enrique González, a solução passa “fundamentalmente” por aumentar a oferta e a montagem. “Temos uma capacidade produtiva de 254 mil veículos por ano. É possível no curto e médio prazo expandir a produção”, declarou González, lembrando que em 2006 a Venezuela chegou a exportar 22 mil carros.

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Esta combinação de uma forte demanda com uma baixa oferta impulsiona ainda os preços dos automóveis. Um Chevrolet Aveo do ano de 2008 está à venda na Venezuela por 225 mil bolívares (cerca de 80 mil reais), enquanto em outros países da região como o Chile é possível conseguir o mesmo modelo por 20 mil.

O governo criou neste mês um site onde os venezuelanos podem se registrar “para a aquisição de veículos a preços justos eliminando intermediários”. No primeiro dia de funcionamento da página, mais de 19 mil pessoas se registraram e o site acabou saindo do ar.

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(com EFE)

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