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Com menos descobertas, laboratórios miram eficiência

Uma série de quebras de patentes no horizonte, que fará a indústria perder 267 bilhões de dólares até 2017, impulsiona o desenvolvimento de serviços

Por Carolina Guerra
4 jul 2011, 07h51

Especialistas estimam que, em 2016, novas terapias que utilizam de bioengenharia e produtos biológicos serão responsáveis por 23% do mercado

Tempos difíceis aproximam-se para a indústria farmacêutica. Nos próximos cinco anos, a validade de uma série de patentes vai expirar, o que fará com que as empresas percam nada menos que 267 bilhões de dólares em vendas até 2017. A busca por descobertas que gerem novas patentes continua. Contudo, inventar algo hoje é uma tarefa mais difícil que no passado, pois a própria medicina avança sobre campos cujo conhecimento científico também está em construção, como o estudo da nanotecnologia, células-tronco, etc. As novas tecnologias em estudo no setor são caras e provavelmente de difícil acesso às massas nos primeiros anos de existência. E não para por aí. Especialistas estimam que, em 2016, novas terapias que utilizam bioengenharia e produtos biológicos serão responsáveis por 23% do mercado. Muitas dessas “drogas do futuro” exigirão um sistema de distribuição mais complexo e, possivelmente, mais custoso que o convencional (veja quadro). A saída, apontam os especialistas, é investir em melhoria da eficiência e dedicar-se ainda a oferecer seviços que facilitem o acesso e o uso dos produtos.

O alerta para as mudanças foi feito por um estudo realizado pela consultoria PricewaterhouseCoopers (PwC) chamado “Pharma 2020: Supplying the future“, que traz previsões sobre como estará o mercado no referido ano, com foco especial na logística. “Muitas empresas investiram em tentar descobrir, desenvolver e comercializar medicamentos mais eficientes e injetaram poucos recursos na reconfiguração dos processos de fabricação e distribuição. Contudo, a cadeia de distribuição é tão importante quanto o resto. É o elo entre o laboratório e o mercado”, aponta o estudo.

“O processo de inovação está cada vez mais difícil e mais caro. A indústria está gastando mais e inventando menos”, disse Jorge Raimundo, presidente do conselho consultivo da Associação da Indústria Farmacêutica de Pesquisa (Interfarma). Só no ano passado foram gastos 60 bilhões de dólares em pesquisa, sendo um terço em novos projetos e o restante em pesquisas clínicas. De acordo com especialistas, há dez anos, os investimentos eram até 50% menores, mas com mais resultados práticos.

Tendências – Os avanços, porém, se considerar o que há de disponível para cada geração, são inegáveis – ainda que não se deem no mesmo ritmo de antigamente. De cirurgias sem anestesia realizadas no século passado, avançamos ao longo das décadas para a massificação do uso dos comprimidos, a descoberta da pílula, tratamentos para o câncer, e atualmente pensamos em como as células-tronco podem curar doenças.

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Do lado das farmacêuticas, há muito trabalho a ser feito. Elas terão, cada vez mais, de multiplicar a gama de serviços oferecidos e serem capazes de oferecer produtos a diversas classes sociais. Ao mesmo tempo em que haverá remédios caríssimos e exclusivos, fruto da tecnologia de ponta, existirão também, sem que um exclua o outro, produtos mais populares. Neste campo dominam os chamados ‘genéricos’, que, devido à produção em larga escala, exigem medidas de corte de custo e aumento na eficiência da fabricação.

Uma das pioneiras neste amplo escopo de atuação é o laboratório francês Sanofi Aventis, cujas vendas em 2010 alcançaram 30,3 bilhões de euros. Além de deter medicamentos populares e que não necessitam de prescrição, como AAS, Dorflex e Colírio Moura Brasil, o grupo produz drogas que necessitam de prescrição médica; além de atuar em genéricos, com a marca Medley; vacinas, com o Sanofi Pasteur; e ainda no ramo animal, com os medicamentos Merial.

A necessidade de atuar em várias frentes surge do fato de que as demandas das farmacêuticas são crescentes. O setor é um dos poucos que se beneficia diretamente do fenômeno do envelhecimento da população global. Analistas de mercado creem que, no futuro, as empresas do ramo terão de investir mais em serviços. Os sistemas de entrega, por exemplo, terão de ser cada vez mais ágeis, com mecanismos para que o paciente receba a droga que precisa em casa, no menor tempo possível. Pacientes terão maior autonomia em seus tratamentos e é possível que, dependendo da doença, possam evitar a ida ao médico.

Devido à insuficiência do número de hospitais, consultas pela internet e acesso a medicamentos poderão se tornar ferramentas práticas. Para a indústria, informações sobre os pacientes e os medicamentos que ingerem se tornarão cada vez mais importantes. “As drogas do futuro serão mais eficientes. A cadeia, porém, exigirá mais integração entre indústria farmacêutica, de equipamentos, hospitais, planos de saúde e pacientes”, explicou Eliane Kihara, especialista da consultoria PwC. Há um longo caminho a ser percorrido até atingirmos este grau de eficiência.

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