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Com concessões em alta, bancos vão precisar de capital

Centro de estudos da USP alerta que instituições financeiras correm o risco de não se enquadrarem mais nos parâmetros internacionais de alavancagem

Por Da Redação
30 abr 2012, 19h51

Os bancos brasileiros, sobretudo os públicos, poderão ser obrigados a realizar operações de capitalização ante o recente aumento das concessões de empréstimos – fruto da demanda aquecida por financiamentos de pessoas físicas e jurídicas e do fôlego extra proporcionado por juros em queda em um ambiente de maior concorrência. A conclusão é do Centro de Pesquisas em Finanças (Cepefin) do Instituto de Ensino e Pesquisa em Administração (Inepad), que é ligado à Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo (FEA-RP/USP).

No caso da Caixa Econômica Federal (CEF), o centro acredita que poderá haver necessidade de novos aportes do Tesouro Nacional. Já o BB poderá recorrer tanto a essa fonte de recursos como ao lançamento de novas ações no mercado de capitais. As instituições financeiras privadas, por fim, deverão se concentrar em operações nas bolsas de valores. Ao site de VEJA, a assessoria de comunicação do Cepefin esclareceu que ainda não é possível dizer com precisão quando se dará este momento crítico. “Ainda é muito cedo para saber quando haverá essa necessidade de capitalização. O Banco do Brasil, por exemplo, só pôs em prática suas taxas reajustadas nesta quinta-feira”, esclarece. Faz-se necessária, segundo a instituição, uma análise detalhada da demanda das famílias e das empresas por estas novas linhas com taxas reduzidas.

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O levantamento sustenta que os bancos não sacrificaram suas margens de lucro no período recente. Na análise do órgão, o que entrou em voga é uma nova estratégia no setor que privilegia o volume de liberações de crédito em detrimento da rentabilidade de cada transação. “Ganha-se menos em cada operação, mas estas devem ocorrer em maior volume”, explica o Cepefin.

Basiléia – O centro de estudos esclarece que há limites prudenciais para a liberação de empréstimos, isto é, um banco não pode conceder financiamento em excesso – processo conhecido como alavancagem – a ponto de oferecer risco ao sistema financeiro como um todo. O principal balizador do setor é o Índice de Basiléia – uma convenção internacional que relaciona patrimônio das carteiras e riscos ponderados. Hoje, o índice mínimo é de 8%, o que significa que, para cada 100 reais que o banco empresta, são necessários, ao menos, oito reais em seu patrimônio. O Banco Central, no entanto, é ainda mais exigente. Para as instituições financeiras que atuam no Brasil, a autoridade monetária exige uma taxa de 11%. O valor chega a 15% no caso das cooperativas de crédito. Ante um forte aumento das concessões de crédito, é preciso, portanto, haver maior patrimônio – daí a necessidade de capitalizações.

A entidade ligada à USP chama a atenção para a necessidade de aportes para recompor patrimônio ser especialmente urgente nos casos da Caixa e do BB – justamente os dois mais agressivos na estratégia desenhada pelo Palácio do Planalto para reduzir o chamado spread bancário, ou seja, a diferença entre o custo de captação do banco e a taxa de empréstimo ao cliente final. Ainda que não estejam fora dos parâmetros de segurança, essas instituições têm índices menores que os dos bancos privados. O BB, por exemplo, chegou a dezembro com um índice de Basiléia de 14,5% – 3,5 pontos porcentuais acima do nível estabelecido pelo BC. Já a Caixa – que recebeu uma capitalização de 450 milhões de reais do Tesouro Nacional no final do ano passado – fechou 2011 com índice de 13,3%, isto é, 2,3 pontos porcentuais superior ao mínimo. Já o Itaú, conforme seu último balanço, está com 16,1%; Santander, com 24%; e Bradesco, com 15%.

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Otimismo – Ainda que coloque a necessidade de capitalização dos bancos, o Cepefin elogia o impacto da atuação dos bancos públicos sobre a concorrência bancária. “Buscando igualar-se a países desenvolvidos, onde as taxas de juros são historicamente baixas, o Brasil pode estar entrando em uma nova era onde todos só têm a ganhar”, diz a pesquisa. A entidade lembra que o Banco Central reduziu recentemente a Selic (para 9% ao ano) e “deu conforto” aos bancos para mexer no spread, sem perder rentabilidade.

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