Com comércio fraco, Serviços tem o pior resultado da história
Setor foi um dos grandes responsáveis pelo recuo da economia brasileira no primeiro trimestre deste ano
O Produto Interno Bruto (PIB) do setor de serviços registrou uma queda de 1,2% no primeiro trimestre deste ano em relação ao mesmo período de 2014, informa o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) nesta sexta-feira. Na base de comparação anual, trata-se do pior resultado da série histórica iniciada em 1996. Em relação ao quarto trimestre de 2014, o segmento encolheu 0,7%.
Correspondendo a mais de 60% do PIB total, o setor foi o grande vilão que levou a economia a recuar 0,2% nos primeiros três meses de 2015. Os dados deixam claro que o segmento, que vinha passando ao largo da crise e teve uma rápida ascensão nos últimos anos, passou a sentir os efeitos da desaceleração da economia brasileira. “Os pesos pesados que estavam resistindo começam agora a ceder. E a ceder bastante”, avaliou a economista da consultoria Tendências Alessandra Ribeiro.
O fraco desempenho de serviços está diretamente relacionado ao desaquecimento do comércio (atacadista e varejista), que caiu 6% no primeiro trimestre de 2015 ante o mesmo período do ano passado. Também recuaram as atividades de transporte, armazenagem e correio (-3,6); administração, saúde e educação públicas (-1,4%); outros serviços (-0,6%); e intermediação financeira e seguros (-0,4%). Na outra ponta, atividades imobiliárias e serviços de informação subiram 2,8% e 2,9%, respectivamente.
Com a inflação corroendo a renda e a desconfiança em relação à manutenção do emprego, os brasileiros estão colocando o pé no freio e reduzindo os gastos. Além disso, os bancos têm restringindo cada vez mais a concessão de crédito, tendo em vista que os depósitos da poupança estão sumindo e as taxas de inadimplência subindo. “As famílias estão mais cautelosas na hora de gastar e os bancos, mais cautelosos na hora de dar crédito”, disse Alessandra.
Em valores correntes, o PIB de serviços alcançou o montante de 786,8 bilhões de reais. No quarto trimestre de 2014, o valor era de 901,4 bilhões de reais.
O que impediu uma queda ainda maior no PIB total do primeiro trimestre foi o setor de agropecuária, que cresceu 4,7% no período, e a balança comercial favorável. Segundo o IBGE, as exportações de Bens e Serviços subiram 3,2%, enquanto que as importações caíram 4,7%.
No segundo trimestre de 2014, o segmento de serviços também fechou no vermelho, com baixa de 0,8%, puxando o PIB para baixo -1,4% negativo. Na época, no entanto, o resultado foi impactado pela Copa do Mundo, que levou o comércio e a indústria a diminuir a quantidade de dias úteis no período.
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