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Carreiras ligadas à infraestrutura oferecem oportunidades

Ante os investimentos em óleo & gás, mineração, energia e construção, cresce a busca por profissionais qualificados; e os salários não param de subir

Por Anna Carolina Rodrigues e Nathan Fernandes
13 Maio 2012, 14h17

“A carência de informação e a falta de pensamento em carreira trazem consequências drásticas ao mercado” – Denise Ratamal, diretora executiva da RHIO’S Recursos Humanos

O bom momento econômico do Brasil tem sido acompanhado por um aumento dos investimentos. Ainda que o país esteja muito aquém do ideal neste ponto – a taxa de investimento ficou ao redor de 18% do PIB em 2011, o que representa o terceiro menor valor num grupo de vinte nações emergentes em que a China lidera com 47% do PIB -, empresas e próprio poder público têm destinado volumes crescentes de recursos para ampliação da capacidade produtiva. O Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) estima que serão investidos 3,34 trilhões de reais no país no período 2011-2014. Essa pujança é mais forte em alguns setores que em outros, mas duas grandes áreas merecem destaque: a indústria extrativa e a de infraestrutura. Nelas o vigor é tamanho que empregadores têm dificuldade para encontrar funcionários que preencham seus quadros – não só porque as oportunidades são muitas, mas também porque o sistema educacional brasileiro não oferta pessoal em volume e qualidade suficiente. Os salários, obedecendo à lei de oferta e demanda, estão nas alturas.

A robustez da indústria extrativa, em que se destaca a mineração, está ligada diretamente à acentuada demanda global pelas commodities metálicas. O ramo de petróleo & gás – que mistura características desta indústria com o setor de infraestrutura – tem futuro promissor garantido graças aos projetos bilionários para exploração da camada pré-sal. Por fim, todos os segmentos voltados a suprir as necessidades de desenvolvimento do país, como energia elétrica e construção civil, oferecem ótimas oportunidades. Neste cenário, empresas que não querem ver seu crescimento freado pela escassez de mão de obra oferecem salários cada vez maiores e benefícios para atrair profissionais de diferentes níveis de formação. A consultoria de recursos humanos RHIO’s fez com exclusividade ao site de VEJA um levantamento de quatro áreas promissoras – petróleo & gás, energia elétrica, mineração e construção civil & grandes obras – que oferecem salários iniciais entre 1.500 reais e 3 mil reais para profissionais de nível técnico e entre 3 mil e 8 mil reais para profissionais juniores de nível superior (veja o infográfico).

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Mineração – A indústria de mineração é a que se encontra em situação mais crítica, aponta a RHIO’s. “Somente no primeiro trimestre, empresas de médio porte tiveram crescimento de cerca de 20%,”, afirma Denise Retamal, diretora executiva da consultoria. O segmento tem observado forte aumento de demanda por seus produtos em decorrência do crescimento da China – que é consumidora voraz do minério de ferro brasileiro, por exemplo. Pesa também o fato de a crise na Europa e nos Estados Unidos ter feito com que os investidores se voltassem a “ativos alternativos” e ditos mais seguros, como as commodities. Em terceiro lugar, o Brasil é considerado ainda inexplorado – isto é, possui enormes reservas de minério, cuja exploração está muito aquém do que se observa no Canadá, na Austrália ou no Chile, onde o setor é mais maduro. Por fim, aos olhos de empresários que avaliam explorar o solo brasileiro, o país oferece boas credenciais: estabilidade econômica e política e segurança jurídica.

Para os próximos quatro anos, estima-se que a indústria de mineração faça aportes de aproximadamente 70 bilhões de dólares no país. O setor deverá oferecer até 2015 aproximadamente 150 mil vagas de emprego, concentradas principalmente nos estados do Pará, Minas Gerais, Espírito Santo, Bahia e Maranhão.

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Mesmo num cenário menos promissor, já seria complicado encontrar profissionais. Isto porque o segmento necessita de trabalhadores com atribuições bem específicas. Um exemplo é o geólogo de exploração mineral, responsável por ir até o greenfield – região inexplorada – e fazer os primeiros estudos de prospecção. Segundo Denise, esses e outros profissionais são hoje uma raridade, especialmente os que falam inglês e espanhol. Com isso, virou prática comum as empresas “roubarem” profissionais umas das outras oferecendo salários 20% ou 30% maiores. Há três anos, um geólogo júnior ganhava cerca de 2,5 mil reais. Hoje, o salário inicial já chega a 8 mil reais (veja o infográfico).

Necessidade de energia – Com crescimento do PIB assegurado nos próximos anos, recursos vultosos têm sido direcionados à construção da matriz energética que suprirá a demanda futura do país. “O principal indicador a servir de termômetro para esse aumento da procura por mão de obra é a ampliação vertiginosa nos últimos anos dos investimentos em energia – eletricidade, petróleo óleo e gás”, afirma Walter de Vitto, analista dos setores elétrico e petrolífero da consultoria Tendências. O especialista explica que a energia é matéria-prima para qualquer indústria e o incremento de sua demanda está atrelado diretamente à expansão econômica.

No setor elétrico, por exemplo, estão previstos aportes de 46,4 bilhões de reais até 2020 somente em linhas de transmissão para integração de sistemas regionais. Conforme o planejamento do governo federal, o país terá 142.202 quilômetros de linhas ao fim dos próximos oito anos – alta de 42% em uma década. Quanto ao parque gerador, a Tendências estima uma necessidade de ampliação da oferta entre 3 mil megawatts e 4 mil megawatts ao ano, em média, até 2017 – cerca de 28 mil megawatts no acumulado do período. Balanço da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) mostra que os empreendimentos concedidos ou autorizados vão inserir no sistema elétrico nacional bem mais que isso: 53,5 mil megawatts.

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Pré-sal – A indústria petrolífera está consolidada como uma das áreas mais promissoras da economia doméstica. Afinal, somente a Petrobras investe 224,7 bilhões de dólares em 688 projetos – 57% voltados à produção & exploração – no período 2011-2015. A grandeza da cifra deve-se, em grande parte, ao desafio de extrair petróleo de áreas ultraprofundas do litoral brasileiro – a chamada camada pré-sal que encerra, nada menos, que oito bilhões de barris de petróleo. Somente em 2010, os investimentos totais da indústria de petróleo e gás somaram 43,4 bilhões de dólares, isto é, 750% a mais que em 2000. “Esses valores espelham o aumento da atividade física do setor. São novas estruturas, que demandam recursos, quer seja bens de capital, quer mão de obra”, afirma de Vitto (veja quadro com alguns profissionais).

Na avaliação do analista da Tendências, este cenário faz do Brasil é um dos lugares mais promissores para a indústria petrolífera em todo o mundo. Além das reservas, o marco regulatório é bom – o que deve continuar a atrair investimentos – e também há a questão de estabilidade política. “A África, por exemplo, também possui grandes reservas, mas não é confiavel politicamente”, analisa Witto.

Construção civil – A construção civil, por sua vez, tem o impulso duplo impulso do expressivo crescimento das vendas de imóveis e dos grandes empreendimentos de infraestrutura em curso no país. A Tendências estima que o PIB do setor avançará 4% neste ano e 4,5%, em média, entre 2013 e 2016.

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Neste segmento, é justamente a mão de obra a componente que mais tem pressionado os custos. De acordo com dados do Sistema Nacional de Preços Industriais (SINAPI) do IBGE, essa situação tem sido observada desde 2005, exceto 2008. No ano passado, a variação do custo da mão de obra foi de 8,5%, enquanto a alta dos preços dos materiais ficou em 2,8%.

Alternativas – O desafio de encontrar profissionais que preencham os requisitos das vagas tem obrigado as empresas a apelar para soluções alternativas. Vale tudo. Convencer aposentados a retornar ao mercado de trabalho, oferecer salários/benefícios cada vez melhores e até trazer trabalhadores de outros países. Há cerca de cinco anos, uma mineradora que quisesse contratar um geólogo passava, em média, 30 dias para encontrar o profissional certo. Hoje até seis meses são necessários. Situação semelhante se verifica em outros cargos, como o de gestor de projetos em petróleo e gás, por exemplo.

A escassez de trabalhadores não é mais prerrogativa dos cargos gerenciais e de diretoria, que normalmente requerem homens e mulheres com anos de formação e experiência profissional. Até aquela mão de obra operacional – que em tese deveria ser mais abundante por exigir apenas formação técnica – também está em falta. Trinta a quarenta dias são necessários para contratar um soldador, e não raro uma companhia do Sudeste, por exemplo, tem de trazer o profissional das regiões Norte e Nordeste.

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A “importação” de mão de obra de outros países também acontece. Na mineração, por exemplo, para cada dez profissionais brasileiros que são contratados, um estrangeiro – geralmente canadense, chileno ou australiano – é empregado. Segundo a Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Brasil é um dos países que menos forma engenheiros. São apenas 30 mil por ano, enquanto a Rússia e a Índia formam mais de 110 mil profissionais anualmente. A China, por sua vez, entrega ao mercado cerca de 300 mil novos engenheiros todo ano.

Falta de informação – Para Denise Retamal, da RHIO’s, uma das explicações para a escassez de mão de obra especializada nos pujantes indústrias extrativa e de infraestrutura é a ‘velha’ falta de informação. Em outras palavras, muitos jovens simplesmente não ficando sabendo que tantas oportunidades têm sido criadas nestes setores. “O jovem brasileiro é induzido apenas a passar no vestibular”, critica.

A especialista recomenda que os estudantes, com o apoio de professores e pais, saiam do lugar comum: investiguem a vocação, pesquisem o mercado, busquem informações sobre as inúmeras possibilidades de carreira para cada curso técnico ou universitário, etc. “As escolas no ensino médio estão apenas preocupadas em aprovar no vestibular, não importa para quê.” Para ela, é preciso começar a criar o hábito de pensar na carreira antes. “A carência de informação e a falta de pensamento em carreira trazem consequências drásticas ao mercado”, conclui.

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