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Envolvida no petrolão, Camargo Correa coloca ativos à venda

Objetivo é diminuir o endividamento e se preparar para pagar pesadas multas; construtora fechou acordo de leniência no qual se comprometeu a pagar 700 milhões de reais aos cofres públicos

Por Da Redação
5 out 2015, 13h22

Envolvido no esquema do petrolão, o grupo Camargo Correa colocou à venda parte de seus negócios, entre eles a Alpargatas (dona da Havaianas) e uma fatia da divisão de cimento da companhia, a InterCement. A empresa também não descarta se desfazer da participação que tem no grupo CPFL Energia. Os recursos serão usados para reduzir seu endividamento e como reserva para pagamento de pesadas multas.

A construtora, uma das 23 empreiteiras envolvidas na Operação Lava Jato, fechou acordo de leniência (espécie de delação premiada de empresas) para devolver 700 milhões de reais aos cofres públicos.

Além de fazer frente a obrigações financeiras, as vendas também estão ligadas à intenção da família – cuja terceira geração está praticamente fora do dia a dia dos negócios – de reduzir a dependência da construtora de obras públicas e de buscar opções de investimento mais rentáveis dentro e fora do Brasil. Apesar de manter residência oficial no país, parte da família passa parte do tempo em Londres.

Fundado em 1939 como construtora por Sebastião Camargo, o grupo participou de momentos importantes da história do Brasil, como a construção de Brasília -, mas trilhou caminho diferente de boa parte das empreiteiras, com diversificação de negócios. Essa característica hoje põe a Camargo Correa em situação financeira mais confortável do que as demais envolvidas na Lava Jato. “O grupo tem entre seus ativos CPFL e CCR (concessionária de infraestrutura), dois caminhões de dinheiro, geradores de dividendos, que podem dar liquidez à empresa”, disse uma fonte.

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E, por fim, vêm as multas. Além dos 700 milhões de reais da Lava Jato, a empresa também tem obrigações referentes à participação na formação de um cartel entre as cimenteiras brasileiras. O Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) aplicou multa de 241,7 milhões de reais à InterCement, mas a empresa tenta reverter a decisão na Justiça.

‘Vende-se’ – A venda de ativos do grupo Camargo Correa está em diferentes estágios. No caso da Alpargatas, fundos como Carlyle e KKR estão em processo competitivo pelos 44% da Camargo Correa, que garantem o controle do negócio. Fontes dizem que o Advent teria sido procurado, mas não se interessou.

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A CPFL, que começou a ser oferecida ao mercado há cerca de dois meses, não deve ter problemas para atrair interessados. “Vendem a hora que quiserem”, disse um banqueiro sobre o ativo de energia.

Já a InterCement, que concentra um terço da receita do grupo, de 26 bilhões de reais, até agora não conseguiu atrair interessados, segundo fontes. A dívida alta (de 2,5 bilhões de reais), a baixa demanda por cimento no Brasil e a fusão global entre Holcim e Lafarge, que pôs vários ativos à venda, reduzem o apelo do negócio neste momento.

Analista sênior da agência de classificação de risco Fitch Phillip Wreen diz que qualquer movimento de capitalização do grupo é bem-vindo, embora o momento difícil da economia brasileira possa ser um empecilho. A Camargo Correa informou, em nota, que “está sempre atenta às oportunidades de investimento que criem valor no longo prazo”. Procurados, Advent, Carlyle, CCR e CPFL não quiseram comentar. RK e KKR não retornaram os contatos.

(Com Estadão Conteúdo)

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