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Caças ficam em segundo plano na visita de Obama

Confortável com sua carteira de pedidos, Boeing "cede espaço" à discussão de um assunto mais urgente: a venda de petróleo brasileiro aos EUA

Por Ana Clara Costa
17 mar 2011, 16h14

No Brasil, Obama persegue um objetivo maior: reduzir a dependência americana dos combustíveis provenientes do Oriente Médio; petróleo nacional seria uma das soluções

Perante os esforços para costurar acordos bilaterais e expandir as exportações de petróleo aos Estados Unidos, ficarão em segundo plano as negociações entre a Boeing e o governo brasileiro durante a visita do presidente americano Barack Obama ao país, neste fim de semana. Apesar de trazer uma comitiva corpulenta – composta por nomes ‘de peso’, como o Secretário do Tesouro, Timothy Geithner -, a expectativa é que Obama utilize suas 48 horas em território nacional para tratar de assuntos que lhe propiciem maior capital político e benefícios econômicos. A estratégia não inclui, portanto, promover as vantagens comparativas dos caças F-18 da fabricante americana de aviões, que participa de licitação no país. Tal postura contrapõe-se à atuação do presidente francês Nicolas Sarkozy, que, por meses, foi o ilustre ‘garoto-propaganda’ dos caças Rafale, da Dassault – os quais, por muito tempo, eram os preferidos do governo Lula e que hoje estão no fim da fila.

Despender algumas de suas poucas horas no Brasil para vender 36 caças da Boeing faria sentido se os EUA estivessem muito interessados em acordos de cooperação militar com o Brasil, ou se a fabricante americana estivesse com sua linha de caças presa em estoque – este é o caso da Dassault, que não consegue vender os Rafale a ninguém. Para Obama, o cenário é outro. A Boeing é bem-sucedida neste segmento e já vendeu, ao menos, 400 caças F-18 pelo mundo. “Existe, por outro lado, um interesse do ponto de vista estratégico. Ao comprar os caças dos EUA, o Brasil demonstraria um certo alinhamento político com o país. E isso é interessante para Obama. Contudo, está longe de ser o tema mais importante”, afirma Fernando Cima, da Axxa, consultoria especializada em equipamentos de Defesa.

A negociação dos caças toma proporções ainda mais reduzidas quando fica ao lado do tema petróleo. Caso consiga costurar algum possível acordo envolvendo o pré-sal, o presidente americano obterá uma clara vitória: reduzir a dependência do país dos combustíveis provenientes do Oriente Médio, território que constantemente é palco de turbulências políticas. Os Estados Unidos já são o principal destino das exportações da Petrobras, respondendo por 55% de todo o volume embarcado. O número só não é maior porque o Brasil ainda não produz o suficiente para ampliar suas vendas. Em 2010, foram exportados cerca de 4 bilhões de dólares em petróleo e derivados ao mercado americano.

Analistas ouvidos pelo site de VEJA afirmam que a situação se tornaria mais interessante para a Boeing se a moeda de troca pela venda dos caças fosse justamente um acordo que estabelecesse um aumento significativo das exportações de petróleo aos EUA. Segundo a Câmara Americana de Comércio (AmCham-Brasil), que organiza a visita do presidente Obama ao país, o presidente da Boeing não está na lista de empresários que acompanha a comitiva do democrata. Contudo, a empresa mandará um alto executivo para representá-lo na reunião de cúpula que será realizada em Brasília.

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