Brasil caiu, mas está voltando, diz Michael Dell
Segundo o presidente da empresa de tecnologia que leva seu nome, país é sua prioridade e ainda há espaço para crescer na venda de PCs
Depois da tumultuada briga societária que culminou na recompra de todas as ações da Dell, o presidente e fundador da empresa, Michael Dell, não prevê mudança de estratégia na nova fase da companhia – pelo menos não no Brasil. “Vamos continuar com foco total em nossos consumidores. Os emergentes, em especial o Brasil, são nossa prioridade nesse momento da empresa”, disse Dell em entrevista ao site de VEJA durante o Fórum Econômico Mundial, em Davos.
Questionado sobre a desaceleração do consumo no mercado interno brasileiro, Dell afirmou que não se trata de um cenário preocupante. Disse também que o país continua sendo sua maior aposta na América Latina. “Há mais ou menos nove meses, a situação das vendas havia piorado. Mas isso foi passageiro. No último trimestre o ritmo foi recuperado e o Brasil continua brilhando. Caiu, mas está voltando”, disse.
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O empresário afirmou que os esforços da empresa para criar mais soluções em software e datacenters no Brasil devem se ampliar. Contudo, a companhia não perderá o foco no varejo, sobretudo na venda de PCs e tablets – o primeiro modelo, o Latitude, foi lançado no ano passado. “A ideia é ampliar também nossa força de vendas”, afirmou o empresário, sem querer se comprometer com um número exato de criação de empregos.
O empresário não quis divulgar números sobre o mercado brasileiro. A Dell, que até meses atrás estava listada na bolsa de Nova York, teve seu capital fechado após seu fundador recomprar todas as ações da empresa em parceria com o fundo Silver Lake. No fim, a venda foi fechada por 25 bilhões de dólares, mesmo recebendo enorme resistência do minoritário ativista Carl Icahn.
Michael Dell tem defendido que a reformulação de sua companhia em direção a uma fornecedora de serviços de computação para empresas nos moldes dos tomados pela IBM é uma transformação complexa que será melhor promovida longe dos holofotes do mercado acionário, por isso a necessidade de fechar seu capital. No Brasil, contudo, o negócio de PCs ainda deve durar.