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‘Black Friday’ no Brasil tem apagão de sites e maquiagem de preço

Terceira edição da versão brasileira do evento de compras resulta em milhares de reclamações e insatisfação de clientes

Por Da Redação
23 nov 2012, 16h27

A terceira edição da ‘Black Friday’ no Brasil teve as primeiras 12 horas marcadas por um cenário de apagão em uma parcela dos sites participantes, o que impôs obstáculo ao objetivo proposto de beneficiar varejistas e consumidores com descontos em produtos de diversos segmentos.

O portal Busca Descontos – que trouxe ao Brasil o evento herdado dos americanos e reúne todas as ofertas em um único site – identificou congestionamento na primeira hora após a abertura, quando foram registrados mais de 75.000 acessos simultâneos, o que significa volume sete vezes superior ao visto no ano passado. “Isso causou muita lentidão, mas, por volta da 1 hora desta sexta-feira o acesso foi normalizado e, até agora, está normal”, disse um porta-voz do Busca Descontos.

Caos – A situação das principais varejistas participantes do evento, no entanto, é outra. Um consumidor que falou sob condição de anonimato disse não ter conseguido realizar uma compra no site Submarino – que pertence à varejista B2W – após diversas tentativas por horas consecutivas. Ao procurar o atendimento telefônico da empresa, ele foi informado sobre uma queda generalizada do sistema, impedindo que a compra fosse realizada também por telefone.

Procurada pela reportagem, a B2W, que também detém os sites Americanas.com e ShopTime, informou que se preparou para o evento, mas foi surpreendida. “O surpreendente aumento de visitas causou dificuldades de compras para alguns clientes. As equipes do Submarino estão totalmente empenhadas em minimizar os impactos para os clientes o mais rápido possível.”

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Os sites de outras varejistas como Walmart, Magazine Luiza e Extra também apresentavam lentidão. Executivos da Magazine Luiza confirmaram mais cedo em encontro com analistas e investidores que o site vinha sofrendo com a lentidão. Representantes do Walmart não foram encontrados pela reportagem para comentar.

Sucesso – Segundo dados da ClearSale, empresa especializada em autenticação de compras virtuais, foram superadas nas primeiras doze horas de ‘Black Friday’ no Brasil as vendas da edição de 2011, quando o faturamento foi de 100 milhões de reais. A consultoria e-bit projeta vendas de 135 milhões de reais para a edição deste ano. Se o valor for confirmado, marcará o maior faturamento diário na história do comércio eletrônico brasileiro. As ofertas encerram-se às 2 horas de sábado.

O Pão de Açúcar informou que as vendas do Extra foram seis vezes maiores em toda rede durante a última madrugada, comparadas a uma sexta-feira comum. A expectativa da empresa é que, até o fim do dia, as vendas aumentem em 70% ante um dia regular de compras.

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Maquiagem de preços – Além dos entraves de acesso aos sites, a prática de maquiagem de preços tem figurado como um dos problemas da Black Friday no Brasil. Isso ocorre quando a empresa eleva o valor da mercadoria às vésperas do evento para que, no dia da ‘Black Friday’, o desconto pareça maior do que é de fato. Graças a reclamações de consumidores a respeito dessa prática, sete empresas foram notificadas pelo Procon-SP.

Esses descontos ‘maquiados’ foram percebidos por Débora Gomes da Silveira, analista financeira de 27 anos. Há cerca de um mês, Débora vem fazendo pesquisas na internet dos preços de TV LCD de 40 polegadas. Segundo a consumidora, que esperou a “Black Friday’ para ver se conseguia um preço melhor, aconteceu justamente o contrário: um aparelho que estava a venda por 1 529,10 reais em 20 de novembro no site da Ponto Frio está sendo comercializado nesta sexta-feira por 1 699,00 reais.

A analista registrou o problema no site Reclame Aqui e aguarda um pronunciamento da varejista online – que, junto com os portais do Extra, Casas Bahia, entre outros, faz parte da Nova Pontocom, a divisão do Grupo Pão de Açúcar para o comércio eletrônico. “Essa diferença de preços eu não vi só no Ponto Frio, mas outras lojas colocaram como promoção preços que já tinham sido anunciados antes. Eu acho errado eles anunciarem um preço e depois cobrarem mais caro”, comenta. Procurada

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Procurada pela reportagem, a Nova Pontocom não comentou a reclamação de Débora. A empresa apenas informou, por meio de assessoria de imprensa, “em nome do Extra.com.br e do Pontofrio.com”, que “não houve problemas em relação ao sistema, que está funcionando normalmente, apesar da demanda elevada.”

O advogado Adriano Mendes, de 33 anos, também reclamou das falsas ofertas. Ele vem pesquisando preços de computadores há uma semana e não percebeu diferença entre os preços praticados dias atrás com os da ‘Black Friday’. Segundo ele, os produtos estão na mesma faixa de preços, entre 1 200 e 1 600 reais, mas são anunciados como valores promocionais. Outra queixa do consumidor é o ‘sumiço’ de produtos em oferta. “Em várias lojas, o produto desaparecia. Quando você clica na foto, cai em uma página em branco ou dá algum erro”.

De acordo com ele, o evento deveria ser semelhante ao que acontece nos Estados Unidos, onde varejistas aproveitam para liquidar seu estoque. “Aqui no Brasil eles tentaram aproveitar uma oportunidade para vender produtos que ainda estão em linha antes do Natal”, comenta.

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Reclamações – De acordo com o presidente do Reclame Aqui, Maurício Vargas, em 15 horas de promoção, o site recebeu 6 037 reclamações. “Esperamos chegar a 8 000 até o final do dia e vamos ter muito mais durante este mês devido a problemas de entrega que devem ocorrer”, acrescenta. Vargas explica que boa parte das reclamações refere-se a ofertas que foram anunciadas e não foram encontradas pelos consumidores. “Ninguém consegue fazer milagre, nenhum varejista vai dar 70% ou 90% da sua margem”, explica.

Para Vargas, a ‘maquiagem’ dos preços terá reflexo ruim para as empresas. “Elas vão perder muito”, comenta. “Nas redes sociais, principalmente no Facebook, está uma coisa assustadora. Tem pessoas falando que é uma ‘Black Fraude'”, prevê.

O executivo afirma que há sim lojas que oferecem descontos reais. E alerta para o cuidado com sites fraudulentos. “Alguns portais estão aproveitando a ocasião para vender, receber e não entregar o produto”, alerta. Ele recomenda que os consumidores consultem em sites de busca a reputação das empresas antes de efetuarem a compra.

Nos Estados Unidos, a ‘Black Friday’ é uma das datas mais importantes para o varejo e envolve também lojas físicas, onde os consumidores fazem fila à espera da abertura das portas. O evento acontece na sexta-feira seguinte ao feriado de Ação de Graças e marca o início da temporada de vendas de fim de ano, quando os varejistas aproveitam para limpar os estoques e sair do vermelho. No Brasil, segundo o Busca Descontos, a edição deste ano da ‘Black Friday’ tem mais de 300 sites participantes – seis vezes mais que em 2011.

(com agência Reuters)

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