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BID negocia com governo Dilma expansão dos empréstimos

Entre os pontos em negociação, Luis Alberto Moreno, presidente do BID, destaca a necessidade de o país melhorar a eficiência do gasto e a avaliação dos projetos

Por Beatriz Ferrari, do Rio de Janeiro
29 abr 2011, 14h53

Em parceria com o BNDES, BID negocia conceder mais crédito para ajudar o Brasil a construir rotas de integração com os países vizinhos

O Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) quer ampliar ainda mais sua atuação no país. Em entrevista exclusiva ao site de VEJA, o presidente reeleito da instituição, o colombiano Luis Alberto Moreno, revelou que está discutindo com o governo Dilma a concessão de novos empréstimos, principalmente para construção de rotas de integração com os países vizinhos.

O Brasil já é o maior cliente do banco. Atualmente, 226 projetos são financiados pelo BID no país, num total de 13,3 bilhões de dólares. Somente neste ano, o planejamento da instituição prevê a liberação de créditos adicionais de 2,2 bilhões de dólares. Mas a intenção de Moreno é não só atingir a meta, como até superá-la.

Do Fórum Econômico Mundial sobre a América Latina, realizado no Rio de Janeiro, Luis Alberto Moreno ainda falou à reportagem de VEJA sobre o trabalho da instituição junto às cidades-sede da Copa do Mundo de 2014; o acompanhamento do órgão sobre a aplicação dos recursos que empresta; e o desafio que é modernizar o estado brasileiro.

O Brasil é o maior cliente do BID, com 226 projetos apoiados. Nos próximos quatro anos, a expectativa é emprestar entre 10 bilhões e 12 bilhões de dólares. O banco poderia ou gostaria de emprestar mais para o Brasil? Nesse momento estamos discutindo isso com o governo brasileiro. O banco está em um momento de aumento de capital importante. Mas nosso trabalho no Brasil não é emprestar por emprestar ou endividar o país. Nosso maior objetivo é apoiar esforços inovadores e que respeitem as melhores práticas.

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O senhor teve uma reunião nesta quinta-feira com o presidente do BNDES, Luciano Coutinho. Vocês chegaram a algum novo acordo? Estamos desenvolvendo parcerias com BNDES para construir vias de integração na América do Sul. Avaliamos as diferentes rotas dentro do continente que podemos apoiar e a possibilidade de criar um fundo que permita fazer análise e estudos desses projetos. Nós temos uma pesquisa, por exemplo, que mostra que o comércio suprarregional pode crescer 40% se for aprofundada a integração do continente. O que limita hoje esse comércio é justamente a falta de vias: estradas, programas de energia, aeroportos, etc. Também falei com o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, e com a ministra do Planejamento, Miriam Belchior, para saber o que o banco pode apoiar nos temas de integração regional.

Vocês chegam a competir com o BNDES em algum momento? Não. Nunca. Nem nos interessa. O trabalho que temos com o BNDES é para desenvolver pequenas e médias empresas.

O BID também desenvolve um trabalho específico com as 12 cidades brasileiras que sediarão a Copa do Mundo de 2014. Como garantir que as obras efetuadas para o evento entreguem aos municípios mais desenvolvimento em vez de apenas ‘elefantes brancos’? Há muitas experiências a olhar pelo mundo. Na África do Sul, por exemplo, pensou-se muito no desenvolvimento das redondezas de onde se instalavam os estádios e como isso poderia se integrar às outras áreas das cidades. Estamos trabalhando há algum tempo nas cidades-sede questões sobre como fazer a reforma e a renovação urbana. Elas não querem só estádios.

Após a concessão do empréstimo, como é o acompanhamento realizado pelo BID do uso destes recursos? Vocês se preocupam evitar a corrupção e os atrasos nas obras, por exemplo? O banco possui uma quantidade de mecanismos que tem esse objetivo. Temos um mecanismo de fiscalização independente. Um exemplo: as populações desalojadas de suas casas em função da construção de uma hidrelétrica que se sintam afetadas e julguem o diálogo com o governo insuficiente podem recorrer ao BID. Podem informar diretamente à diretoria do banco sobre os riscos que estão correndo. Neste caso, podemos estudar a paralisação da obra ou a interrupção do financiamento. Qualquer cidadão que desconfie que uma licitação não foi transparente o suficiente pode recorrer a nós. Temos outros instrumentos também, como a realização de auditorias.

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Nos últimos anos, houve uma modificação na carteira de crédito do banco em relação ao Brasil, com o aumento da participação dos estados e municípios. O que isso representa? Essa mudança significa um trânsito normal em que os maiores investimentos públicos passam aos estados e municípios. O governo federal, em geral, requer menos recursos. É natural nos países desenvolvidos, por exemplo, que 70% do investimento público seja tocado por estes outros entes da federação. E esse movimento é perfeitamente adequado ao estado de desenvolvimento do Brasil.

O BID investe muito em projetos de modernização do estado. Como melhorar a gestão pública brasileira? Esse é, de fato, um desafio permanente. O Brasil tem uma arrecadação mais alta que a dos países vizinhos e isso abre uma oportunidade. Já existe um bom trabalho sendo realizado por alguns estados, que conseguiram ampliar significativamente suas taxas de poupança a partir dos choques de gestão que aplicaram. Trabalhamos essencialmente nisso. O Brasil como um todo tem de melhorar a eficiência do gasto e a avaliação dos projetos.

O Brasil poderia ter lançado um candidato à presidência do BID no último pleito, em que o senhor foi reeleito, e não lançou. Existe hoje um candidato brasileiro adequado ao cargo? Isso é um problema do Brasil (risos).

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