BC americano surpreende e não anuncia retirada dos estímulos
Fed reafirma melhora na atividade econômica, mas não está certo de que ela será sustentável caso os estímulos sejam reduzidos
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) decidiu não dar início, neste momento, à retirada dos estímulos à economia. Em reunião do Conselho de Política Monetária (Fomc) do Fed, os dirigentes dos bancos centrais dos principais distritos americanos decidiram que ainda não é o momento de começar a diminuir as compras de títulos de 85 bilhões de dólares mensais que a autoridade implementa desde a crise financeira. A decisão surpreendeu o mercado, que esperava, em sua maioria, que o órgão optasse pela redução. Depois do anúncio, as bolsas subiram fortemente e o dólar aprofundou a queda.
Em comunicado, o Fed afirmou que seu comitê “enxerga melhora na atividade econômica e nas condições do mercado de trabalho desde que o programa de compra de ativos teve início (…). No entanto, o comitê decidiu esperar mais evidências de que esse progresso será sustentável antes de ajustar o ritmo da compra de ativos”, informou a autoridade monetária.
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O documento também afirma que, mesmo quando o programa de compras for reduzido, o Fed continuará estimulando a economia por meio da política monetária. “Para apoiar o contínuo progresso em direção ao máximo emprego e estabilidade de preços, o Comitê reafirmou sua avaliação de que uma política monetária altamente ‘acomodatícia’ permanecerá apropriada por um tempo considerável depois que o programa de compra de títulos terminar e a recuperação econômica ganhar força”.
O Fed afirmou ainda que alguns indicadores do mercado de trabalho mostraram melhora nos últimos meses, mas que o nível de desemprego continua alto. Os gastos das famílias e os investimentos do setor empresarial avançaram, na avaliação do Fed. Além disso, o comunicado aponta melhora no mercado imobiliário. Contudo, o BC americano constata que as taxas de juros sobre as hipotecas tem aumentado num nível mais acelerado e que a política fiscal tem restringido o crescimento econômico.
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Em coletiva dada logo após o anúncio, o presidente do Fed, Ben Bernanke, afirmou que o cenário econômico não mudou substancialmente desde junho, quando foi divulgada a informação de que a redução dos estímulos poderia acontecer. “Concluímos que a redução dos estímulos poderia reduzir o crescimento, situação que seria exacerbada se as condições econômicas se apertassem no médio prazo”, afirmou Bernanke.
Cenário econômico – Ao divulgar um novo conjunto de estimativas trimestrais, o Fed projeta agora crescimento entre 2% e 2,3% neste ano, ante 2,3% a 2,6% em sua estimativa de junho. A redução da expectativa para o próximo ano foi ainda mais forte: para 2,9% a 3,1% ante 3,0% a 3,5%.
A maioria das autoridades do Fomc, 12 de 17, também projetou que a primeira alta da taxa de juros acontecerá em 2015. Para o mercado de trabalho, as estimativas são de que o desemprego potencialmente atingirá 6,5%, patamar em que o Fed começará a avaliar subir os juros.