Bancos viveram fim de uma era em 2014, dizem analistas
Além do crédito menor e do aumento dos juros, reflexos da Operação Lava Jato podem prejudicar as grandes insituições
O cenário de 2015 é “desafiador” para os grandes bancos. Além da oferta de crédito, que deve crescer menos, são esperadas receitas menores e há temores quanto à possibilidade de piora na qualidade de ativos (bens) não só por conta da Operação Lava Jato, da Polícia Federal (PF), mas também por causa da taxa básica de juros (Selic) ainda maior. Embora juros mais altos favoreçam a margem dos bancos, se respingar nos calotes, a conta pode vir mais cara.
É com base nesse cenário que analistas classificaram o quarto trimestre de 2014 como o fim de um ciclo para os grandes bancos de capital aberto. Juntos, Bradesco, Itaú, Santander, Banco do Brasil e Caixa Econômica Federal apresentaram lucro líquido contábil de 21 bilhões de reais no período.
Apesar de oficialmente os bancos minimizarem os impactos da Lava Jato e uma eventual crise sistêmica para o setor financeiro, executivos de grandes instituições e de grupos estrangeiros têm mostrado preocupação com os impactos para as empresas envolvidas e também a toda cadeia de fornecedores e prestadores de serviços. Se considerado todo o elo, a exposição supera em muito os mais de 130 bilhões de reais comentados em relatório feito a pedido do governo.
Como era de se esperar, a exposição dos bancos às empresas envolvidas na Lava Jato foi tema central de conversas com analistas e a imprensa. Apesar das várias perguntas com ângulos diferentes, todos tinham o mesmo objetivo: quantificar o impacto para o sistema. O sigilo bancário, porém, os protegeu de darem maiores explicações.
Com o sinal de alerta dado nas grandes empresas devido à Lava Jato, o foco dos bancos para emprestar será reforçado na pessoa física e, preferencialmente, em segmentos de baixíssimo risco como imobiliário e consignado (com desconto em folha). Crédito a veículo deve continuar represado uma vez que a regra que facilita a retomada do bem não deve trazer impactos imediatos.
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Empréstimos – Embora tenham descartado preocupações com a exposição do sistema financeiro aos vários grupos que estão direta ou indiretamente ligados à crise na Petrobras, os grandes bancos não vislumbram uma piora nos calotes. Desde a eclosão da Lava Jato, a liberação de recurso novo foi comprometida e as instituições passaram apenas a renovar créditos já concedidos. Para empresas, Banco do Brasil segue mais otimista e projeta alta de 7% a 11% enquanto Bradesco espera aumento de 4% a 8%.
(Com Estadão Conteúdo)