Bancos suspendem conversão para real em compras feitas com cartão no exterior
Itaú, Bradesco e Santander decidiram suspender conversão imediata após recomendação da Abecs; Caixa e BB ainda não se posicionaram
Pelo menos três bancos privados brasileiros suspenderam a autorização de compras em real, feitas pelo cartão de crédito, em moeda estrangeira. Itaú Unibanco, Bradesco e Santander confirmaram ao site de VEJA que seguiram a recomendação da Associação Brasileira das Empresas de Cartões de Crédito e Serviços (Abecs), de cancelar a opção do consumidor de pagar em real uma compra feita no cartão de crédito em moeda estrangeira.
De acordo com a assessoria de imprensa da Abecs, a decisão de recomendar o fim desse tipo de compra veio após reclamações de clientes. Muitos escolhiam a opção de pagamento em real nas compras no exterior para garantir a cotação do dia. Mas se surpreendiam ao ver que o imposto sobre operações financeiras (IOF) era cobrado com base na cotação do dólar no dia do fechamento da fatura do cartão. “Os clientes não entendiam que, apesar de terem o custo do câmbio no dia em que fizeram a compra, a cobrança do imposto era feita na data em que o banco liquidava essa operação, ou seja, com um câmbio diferente”, explicou a Abecs.
Leia também:
Cartões movimentam R$ 189,43 bi no primeiro trimestre
Bancos elevam juros de cheque especial, mostra Procon-SP
A recomendação foi feita em agosto pela associação, que recomendou que o bloqueio desse serviço de conversão automática de gastos em moeda estrangeira fosse avisado aos clientes com “no mínimo trinta dias de antecedência”. A Abecs esclarece que se trata apenas de uma recomendação, e que as instituições financeiras não são obrigadas a adotar a diretiva.
O Itaú Unibanco afirmou que “está seguindo uma recomendação da Abecs, que entra em vigor em 30 de setembro”. Por meio de nota, o Santander esclareceu que “as compras com cartão de crédito em sites e estabelecimentos comerciais do exterior serão realizadas na moeda local e não mais convertidas em reais no momento da transação.” Outra instituição financeira a confirmar o fim desse tipo de pagamento foi o Bradesco que, por meio de sua assessoria, disse estar “seguindo a diretiva da Abecs”
Os bancos públicos ainda não decidiram se vão seguir a posição dos privados. A assessoria da Caixa Econômica Federal (CEF) informou que “ainda está avaliando a recomendação da Abecs”. Em nota, o Banco do Brasil disse apoiar a iniciativa da Abecs, de “resolver eventuais problemas relacionados a transações de cartão de crédito” e acrescentou que está “analisando eventuais medidas que poderão ser tomadas sobre o tema, sob a ótica de melhorar cada vez mais o atendimento aos seus clientes”.
“Nessa operação de câmbio há a incidência de IOF com a alíquota de 6,38%, conforme determina a legislação brasileira. Porém, essa informação nem sempre é passada claramente pelos estabelecimentos aos consumidores, o que tem gerado algumas reclamações em órgãos defesa do consumidor e no Banco Central do Brasil.”