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Banco BVA precisa de aporte de R$ 1 bilhão

Cifra se deve à necessidade de reversão do patrimônio negativo de 580 milhões de reais e de reenquadramento do patrimônio de referência

Por Da Redação
19 out 2012, 15h58

BC e BVA tentaram soluções de mercado, mas não tiveram sucesso

O Banco BVA – que nesta sexta-feira teve sua intervenção decretada pelo Banco Central – precisava de um aporte de 1 bilhão de reais para não quebrar e se reenquadrar em níveis aceitáveis de risco, diz fonte da equipe econômica da presidente Dilma Rousseff. Seus controladores tentaram viabilizar uma injeção de capital nas últimas semanas, mas não conseguiram. BVA e BC também buscaram, sem sucesso, uma solução de mercado para a crise da instituição.

Em comunicado no começo da manhã, o BC disse que foram detectadas no BVA “graves violações às normas legais” e “descumprimento de normas que disciplinam a atividade da instituição”. A mesma fonte acrescentou que a autoridade monetária detectou que o BVA tinha provisões insuficientes para ativos com riscos elevados, resultando em “informações contábeis não fidedignas”.

A fonte da equipe econômica explicou que entre os ajustes necessários no balanço do BVA estão a reversão de um patrimônio negativo de 580 milhões de reais e o reenquadramento do patrimônio de referência. Tais medidas é que totalizam a necessidade de aporte de 1 bilhão de reais.

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“Os controladores não conseguiram cumprir a exigência de aporte de capital. Buscaram ainda formas junto ao Fundo Garantidor (de Créditos), mas não foi possível. O BVA acabou por apresentar uma deterioração muito rápida de sua liquidez nas últimas semanas por ter ativos poucos líquidos”, disse a fonte.

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Bancos menores podem ser afetados por quebra do Cruzeiro do Sul

Crescimento exagerado – Anos de acelerada expansão do crédito no Brasil desembocaram em um ambiente que se mostra hoje mais difícil para captação de recursos. Os problemas são mais evidentes em instituições de menor porte especializadas em empréstimos ao consumo.

Os ativos de pequenos e médios bancos no Brasil triplicaram desde 2006 ao custo de erosão da solvência de alguns. Com a forte demanda por empréstimos, essas instituições menores embarcaram em ambiciosos planos de crescimento – uma das causas da atual falta de capital, segundo analistas.

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“O banco BVA tinha uma estratégia de crescimento com bastante alavancagem. Ele cresceu muito intensamente nos últimos anos, fez muita cessão de carteira de crédito. Contudo, ao não aumentar as provisões, criou uma situação de mal estar em relação à imagem e solidez”, disse o analista Luis Miguel Santacreu, da Austin Rating. O BVA teve crescimento de 33% nos ativos totais em 2011 para 6,7 bilhões de reais. O crédito correspondia a 67% do total.

“Há dez meses eles não apresentam balanços. Um banco que demora dez meses para apresentar balanços gera muita desconfiança”, acrescentou. O último demonstrativo de resultado do BVA disponível é referente a 2011.

Novo cenário – Devido à crise internacional, os pequenos têm hoje maior dificuldade para captar recursos no exterior. Além disso, a recente política do governo de forçar os bancos públicos a baixarem suas taxas de juros fez o mercado se movimentar e as grandes instituições privadas foram atrás de outros nichos – justamente aqueles que eram ocupados pelos de menor porte, como crédito consignado e financiamento de veículos.

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Em resumo, os bancos menores têm, de um lado, de transpor barreiras para conseguir recursos financeiros e, de outro, precisam enfrentar instituições gigantescas – que têm maior expertise e facilidade para captar a taxas perto de zero em milhares de agências bancárias – na briga pelo tomador de crédito. Por fim, famílias e empresas – atualmente já bastante endividadas – têm sido mais criteriosas na hora de realizar empréstimos.

Quando da quebra do Banco Cruzeiro do Sul, em setembro, analistas ouvidos pelo site de VEJA alertaram que o episódio poderia ser presságio de novos problemas. A própria redução da confiança dos credores em relação aos bancos de porte médio e pequeno – efeito natural da sucessão de intervenções – tenderia a tornar este mercado mais difícil. A boa notícia é que, na visão dos economistas, o BC tem sido ágil e bastante rígido.

Sistema financeiro – A intervenção no BVA foi decretada um mês depois da liquidação dos bancos Cruzeiro do Sul e Prosper, em 14 de setembro, que estavam sob administração do BC desde junho.

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A fonte da equipe econômica disse que o número de bancos com problemas nos últimos dois anos não traz uma ameaça à solidez do sistema financeiro nacional e não vê risco de contágio. “As ações feitas pelo BC apenas retiram do sistema instituições com fragilidade e isso fortalece o sistema financeiro… O sistema financeiro é sólido, plenamente saudável e o BC não está sendo surpreendido”, disse.

“Se somarmos esses regimes especiais pode parecer muito, mas estamos falando de 0,40% dos ativos do sistema financeiro e de 0,60% dos depósitos”, afirmou a fonte, sobre as cinco instituições que foram alvo de intervenção desde 2010.

O BC nomeou o servidor Eduardo Félix Bianchini como interventor do BVA, que terá prazo de 60 dias para apresentar um relatório sobre a situação contábil do banco.

(com Reuters)

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