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As contradições de Mercadante 2.0

Por Da Redação
9 mar 2015, 18h02

O ministro-chefe da Casa Civil, Aloízio Mercadante, fez um apelo nesta segunda-feira para que o Congresso Nacional aprove o aumento de impostos anunciado pelo ministro da Fazenda, Joaquim Levy, há pouco mais de uma semana. O aumento seria aprovado via Medida Provisória, mas o texto foi devolvido pelo presidente do Congresso, Renan Calheiros, em retaliação por seu nome constar da lista de políticos da Lava Jato. Segundo Mercadante, o ajuste é essencial para que o Brasil mantenha o grau de investimento. “Se não mantivermos o grau de investimento, nós não atrairemos investimentos externos para o Brasil”, constatou o ministro que compõe o núcleo duro do governo Dilma. Mercadante comparou os ajustes a uma corriqueira visita ao dentista: “Ajuste fiscal é mais ou menos que nem ir no dentista. Ninguém quer, mas tem que ir. De vez em quando, a gente tem que ir no dentista e tem que fazer o ajuste fiscal e nós precisamos fazer. Quanto mais rápido, melhor para o país”, disse.

Ocorre que a constatação do ministro, que é economista graduado e pós-graduado, indica uma verdadeira revolução de pensamento em questão de quatro meses. Em entrevista concedida ao jornal Valor Econômico, logo após a reeleição de Dilma, Mercadante não só criticou as medidas de ajuste, como disparou contra a oposição que, segundo ele, não hesitaria em aplicar políticas impopulares – e rápido. “A oposição não consegue ter uma visão que não seja economicista de manual. PIB para o povo é emprego e renda. Dizer, como está dizendo, que é preciso tomar medidas impopulares e que quanto mais rápido isso for feito, menor será o custo… menor para quem?”, questionava o ministro. Dias depois da declaração do ministro, haveria reajustes no preço da gasolina, energia e elevação da taxa de juros.

Em novembro de 2014, Mercadante foi enfático: “Cortar gasto público é como cortar cabelo, tem que fazer sempre. Mas quando faz um ajuste fiscal de uma visão ortodoxa, sem olhar o conjunto da economia e da sociedade, é o mesmo que estar com um avião pesado, com muita carga, e resolver jogar a turbina fora para reduzir o peso. Você cai, o país cai”. E conclui: “Nós não faremos uma política ortodoxa e recessiva. Essa é a diferença de fundo”, afirmara na ocasião. Hoje, o próprio governo admite recessão não só para o resultado do PIB do ano passado, como também para o deste ano.

A entrevista continua com trechos primorosos sobre inflação, recessão e reajuste de preços da energia e da gasolina:

– Inflação: “Quanto à inflação, eu acho que temos todas as condições de cumprir a meta deste ano”.

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– Recessão: “Tivemos uma desaceleração importante no primeiro semestre, mas indicadores antecedentes estão mostrando uma recuperação moderada mas importante da economia nos últimos meses. Há um problema de expectativas que só resolveremos depois da eleição. Com um novo governo eleito e uma nova equipe, você restabelece condições de negociação e diálogo e de mais confiança ao investimento”.

– Aumento da conta de luz: “O que nós dizemos é que não existe um represamento de preços que exija um choque imediato. É isso que estamos dizendo o tempo inteiro”. E mais: “O aumento da energia teve um custo, mas é muito menor do que o racionamento imposto pela falta de planejamento e pelo modelo regulatório que o PSDB teve no passado”.

– Preço da gasolina: “Você tem que ter critérios um pouco mais consistentes de reajuste de preços porque a energia é um elemento estratégico em termos de competitividade para a indústria. Os reajustes da gasolina têm sido feitos anualmente. Houve aumento em dezembro de 2012, em janeiro de 2013. Os critérios [de reajuste] têm que ser de política energética para o desenvolvimento do país”.

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