Argentina também quer livre-comércio com a UE
Além da proposta, uma reunião está prevista entre argentinos e brasileiros para conversar sobre a proposta do Brasil que oferece redução, em dez anos, de tarifas de importação para 75% do comércio com o bloco
A Argentina pretende elaborar uma proposta de negociação de um acordo de livre-comércio com a União Europeia (UE), a partir da próxima semana, quando dará início a uma série de consultas às câmaras empresariais, segundo informaram fontes do governo argentino que pediram anonimato.
Também está prevista uma reunião entre negociadores argentinos e brasileiros para conversar sobre a proposta do Brasil que oferece redução, em dez anos, de tarifas de importação para 75% do comércio com a UE.
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“Vamos discutir com os nossos setores para desenhar nossa proposta que será negociada com os sócios do Mercosul. Obviamente, pelo próprio peso, o que Brasil e Argentina acertarem, vai influenciar na posição dos sócios menores”, afirmou uma das fontes oficiais.
Em princípio, a proposta de 75% não é controversa e seria um “primeiro passo” para, pelo menos, iniciar as negociações, segundo afirmou um funcionário. Isso seria discutido nas conversas previstas. Porém, uma negociação mais ambiciosa e com ritmo maior, esbarra em problemas internos da Argentina. “Pelo menos três situações impedem a Argentina de avançar nas negociações”, reconheceu uma das fontes.
Câmbio – A primeira delas diz respeito ao mercado de câmbio, no qual o país é obrigado a fechar as importações cada vez mais por causa da escassez de divisas. “Sofremos um ataque especulativo da moeda, que reduz o volume de divisas para sustentar uma liberalização do comércio.”
Outra fonte comentou que o atual câmbio oficial de 5,60 pesos, enquanto o real desvalorizado acima de 2 reais por dólar, coloca a Argentina em condição desfavorável para negociar com os europeus.
Esforços – A segunda situação está relacionada à ideologia de substituição de importações. “Não vejo a Argentina abrindo seus portos para receber manufaturas europeias depois dos esforços que temos feito nos últimos anos tentando recuperar nossa indústria”, afirmou. A fonte destacou que a ideologia argentina defende o comércio administrado, o que é contrário de uma liberalização. Por último, o governo enfrenta um cenário político complexo que não dá margem para lidar com negociações internacionais, que não se encontram na lista de prioridades nacionais.
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(com Estadão Conteúdo)