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Argentina entra em default pela 2ª vez em 13 anos e espera reação do mercado

Calote abre caminho para que os preços de ações e bônus argentinos desabem nesta quinta-feira, e aumenta as chances de que a recessão seja ainda mais forte neste ano

Por Da Redação
31 jul 2014, 08h33

A Argentina entrou em default pela segunda vez em treze anos depois que acabaram as esperanças de um acordo de última hora com os credores chamados de “holdouts” ou “fundos abutres”. O calote abre caminho para que os preços de ações e bônus argentinos desabem nesta quinta-feira, e aumenta as chances de que a recessão seja ainda mais forte neste ano.

Depois de sete horas de reuniões em Nova York, o ministro argentino da Economia, Axel Kicillof, disse que os “fundos abutres”, liderados pelos fundos NML e Aurelius, rejeitaram de novo a oferta de aderirem à troca com as mesmas condições que os credores reestruturados. Kicillof acrescentou que os fundos tampouco aceitaram o pedido da Argentina para que peçam à Justiça que suspenda a ordem que impede o país de pagar sua dívida externa se não fizer o mesmo com os “holdouts”.

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O que são fundos abutres?

Fundo abutre é um jargão do mercado financeiro usado para classificar fundos de hedge que investem em papéis de países que deram calote – atuam, em especial, na América Latina e na África. Sua atuação é perfeitamente legítima. O termo abutre foi criado para diferenciá-los dos fundos convencionais, justamente por trabalharem como “agiotas” de países caloteiros, emprestando dinheiro em troca de “títulos podres”. São considerados pelo mercado uma espécie de ‘investidor de segunda linha’. Sua atuação consiste em comprar títulos da dívida de nações em default por valor irrisório para depois acionar o país na Justiça e tentar receber ganhos integrais. Os “abutres” compraram os papéis da dívida argentina por 48,7 milhões de dólares em 2001 e querem receber, hoje, cerca de 1 bilhão de dólares. A Argentina, por sua vez, tenta escapar do pagamento. O país teme que, caso aceite pagar os “abutres” integralmente, os 92% de credores que aceitaram a renegociação da dívida em 2005 e 2010 possam buscar na Justiça o direito de receber ganhos integrais. Neste caso, o pagamento poderia reduzir as reservas internacionais do país a praticamente zero. Outro agravante é que, devido ao histórico de calotes e decisões econômicas escandalosas do país, sua credibilidade para negociar com credores está fortemente abalada.

“Oferecemos a eles que entrassem em uma troca imediatamente, mas querem ganhos muito maiores se puderem obtê-los. O que queriam era algo impossível para o Estado”, disse o ministro em entrevista à imprensa no consulado argentino em Nova York. O mediador judicial Daniel Pollack, que intercedeu nas cinco reuniões realizadas pelas duas partes desde o início do mês, afirmou em comunicado: “A República da Argentina iminentemente estará em default”. “Não é uma mera condição técnica, mas um evento real e doloroso que prejudicará o povo”, afirmou. “O cidadão comum argentino será a vítima real e final.”

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Mesmo um curto default elevará os custos de financiamento das empresas, aumentará as pressões sobre o peso, drenará recursos das reservas internacionais e alimentará uma das taxas de inflação mais altas do mundo. “Vai complicar a vida para empresas como a YPF, que vão buscar financiamento no exterior”, disse o ex-presidente do banco central argentino Camilo Tiscornia. A empresa energética controlada pelo Estado precisa de recursos para desenvolver a formação de xisto de Vaca Muerta.

A Argentina buscou em vão uma suspensão de última hora da decisão do juiz norte-americano Thomas Griesa ordenando o pagamento de 1,33 bilhão de dólares mais juros aos credores “holdouts”. Griesa decidiu que a Argentina não podia pagar sua dívida reestruturada sem pagar os “holdouts” ao mesmo tempo.

“Este é um default muito particular, não existe um problema de solvência, e tudo depende da rapidez com que isso será resolvido”, disse o analista Mauro Roca, do Goldman Sachs. Mesmo grave, a situação está muito longe do caos que aconteceu após o colapso econômico do país em 2001, quando a economia afundou com um governo em bancarrota, e milhões de argentinos perderam seus empregos.

Desta vez o governo é solvente. Quanto o país sofrerá com o default dependerá da rapidez com que a Casa Rosada conseguirá encontrar uma saída para o problema.

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Consequências – O efeito mais pernicioso da moratória é o fim do acesso do governo argentino ao mercado internacional. O que significa que o país não pode emitir títulos. A medida também dificulta a captação externa dos bancos e empresas argentinas. Por essa razão, bancos privados do país tentaram montar um fundo de garantias de mais de 200 milhões de dólares para oferecer aos abutres como forma de negociação. Kicillof afirmou que a tentativa dos bancos é legítima e disse que “sentia muito” pelos prejuízos que o setor privado do país teria com a restrição ao mercado internacional. Os credores também podem conseguir na Justiça o bloqueio de bens do país no exterior, como forma de amortizar a dívida.

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