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Aplicativos para táxi atraem fundos, passageiros e negócios

Em menos de um ano, cerca de 10 aplicativos caíram nas graças dos brasileiros que usam serviços de táxi - algumas empresas, inclusive, direcionam foco até mesmo para o mercado corporativo. As cooperativas e empresas de rádiotaxi que se cuidem - as corridas estão à distância de um toque

Por Talita Fernandes
23 jun 2013, 16h08

O aumento do uso de smartphones permitiu que empresas que trabalham com o desenvolvimento de tecnologia passassem a pensar em ferramentas e aplicativos para facilitar o dia a dia dos cidadãos, como a mobilidade urbana. Uma dessas soluções são os aplicativos para pedido de táxi, que vêm se espalhando pelas principais cidades brasileiras e ganhando a adesão tanto de taxistas quanto de passageiros. Em um ano de investimentos enxutos até mesmo para financiamentos de starups no Brasil, ao menos este setor não pode reclamar.

A ideia dos aplicativos surgiu do exterior há pelo menos dois anos – entre os pioneiros estão o GetTaxi, de Israel, e o myTaxi, da Alemanha. No Brasil, um dos primeiros a surgir no mercado foi o Taximov, criado em julho de 2011 pela empresa e-flows. Contudo, apenas em 2012 a demanda fez com que o boom de aplicativos acontecesse – em menos de um ano, pelo menos dez estão disponíveis no mercado, a maioria em São Paulo e no Rio de Janeiro. Mas a expansão já começa a atingir capitais do Sul, Centro-Oeste, Norte e Nordeste. (Conheça os principais aplicativos)

Plataforma desenvolvida no Brasil, a Easy Taxi recebeu um aporte de 10 milhões de reais em outubro do ano passado feito pelo fundo de venture capital Rocket Internet (que também é o principal investidor do e-commerce Dafiti). A ideia do aplicativo surgiu da necessidade do fundador, Tallis Gomes, em meados de 2011, quando participava de uma competição de startups no Rio de Janeiro. “Tinha levado a ideia de desenvolver um aplicativo de mobilidade para ônibus, mas depois de ficar muito tempo esperando por um táxi na chuva, eu mudei o projeto”, lembra o empreendedor.

A Easy Taxi está presente em onze cidades brasileiras, com download gratuito para os sistemas Android e iOS. “Queremos estar em pelo menos mais 25 países até o final deste ano, assim como ampliar nossa base de passageiros e taxistas para prover um serviço cada vez mais eficiente”, afirma Gomes. Em novembro de 2012, a empresa deu início à expansão internacional e hoje já está presente na Colômbia, Peru, Chile, Venezuela, México, Argentina, Coreia do Sul, Nigéria e Malásia.

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A demanda por serviços móveis para estimular a mobilidade urbana tem crescido graças ao avanço, ainda expressivo, do uso de smartphones. De acordo com pesquisa da consultoria IDC, o preço médio dos smartphones no Brasil caiu de 439 dólares (cerca de 900 reais) para 384 (cerca de 790 reais) no primeiro trimestre de 2013, em comparação ao mesmo período do ano passado. O preço deverá recuar ainda mais no segundo semeste devido à desoneração das alíquotas de PIS/Cofins incidentes sobre a receita bruta decorrente de venda de smartphone: a queda nos preços pode chegar a 199 reais. Outra pesquisa da consultoria mostrou ainda que, em 2012, foram vendidos 16 milhões de smartphones no Brasil – aumento de 78% ante 2011.

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A Scala IT Solutions, empresa de tecnologia que tem a IBM como parceira, enxergou mais oportunidades no setor e decidiu sair em busca de aplicativos para investir no Brasil. Inicialmente, a empresa buscou a alemã myTaxi para fazer aportes, que à época não mostrou interesse em entrar no mercado brasileiro. Posteriormente, a Scala IT decidiu investir na recém-criada Mobinov, que desenvolveu o aplicativo Taxijá. “Nós estudamos o mercado brasileiro e percebemos que a expectativa de crescimento do uso de smartphones era condizente com a realidade”, explica Udi Shani, vice-presidente e sócio da Scala IT Solutions.

A companhia fez um aporte de 3 milhões de reais para o desenvolvimento do Taxijá e a expectativa é de que o retorno do investimento aconteça ainda em 2014. “Nossa meta é atingir 800 mil corridas por ano e faturar 10 milhões de reais em 2014. Para 2015, temos como meta atingir 5 milhões de corridas no ano e elevar o faturamento para 25 milhões de reais”, explica Shani.

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Além de tecnologia nacional chegando no exterior, o movimento inverso também ocorre. Aplicativos criados em outros países também têm mostrado interesse no mercado brasileiro. O Taxibeat, aplicativo criado na Grécia que chegou ao Rio de Janeiro em julho do ano passado e, em São Paulo, em outubro – e já tem cerca de 6 mil taxistas cadastrados nas duas cidades.

Ainda que algumas cidades médias já comecem a receber o serviço, São Paulo é a que conta com o maior número de aplicativos – . As opções oferecidas permitem que o passageiro escolha a forma de pagamento, veículo com ar condicionado e, em alguns casos, taxistas bilíngues. Além da facilidade – o usuário precisa apenas apertar um botão, confirmar o endereço e selecionar as características do veículo- , o uso de aplicativos tem atraído motoristas e passageiros pela questão de segurança: a maioria traz informações como nome e foto do taxista, telefone. Outra facilidade é ver a localização e o deslocamento do taxista. Alguns aplicativos permitem, por exemplo, que o usuário escolha carros de luxo e SUVs.

O passageiro também é identificado para o motorista e alguns aplicativos permitem a confirmação de recebimento do táxi e a troca de mensagens entre o fornecedor do serviço e o cliente. Como diferencial, as empresas apostam na avaliação do serviço prestado. De acordo com o gerente de marketing da Taxibeat, Sandro Barretto, o aplicativo não foi criado apenas com o intuito de facilitar o acesso, mas de influenciar na qualidade do serviço de táxi da cidade. “Após a corrida, há a avaliação do serviço, que fica disponível para outros usuários”, explica. O mau uso dos aplicativos, por ambas as partes, pode desencadear o bloqueio do passageiro ou do taxista.

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No caso da 99táxis, a ideia dos desenvolvedores não é ter lucro com o aplicativo em si, mas agregá-lo a um serviço de pagamento móvel. Diferentemente da maioria desenvolvedoras, a 99táxis não cobra nenhum tipo de tarifa dos taxistas. De acordo com Ariel Lambrecht, sócio-fundador da empresa, até o momento a operação não entrou no azul. Lambrecht não quis dar detalhes sobre o modelo de pagamento móvel que está desenvolvendo, mas reiterou que tal empreitada ditará as regras do comércio eletrônico nos próximos anos.

A maioria das empresas cobra em média 2 reais por corrida dos taxistas e, algumas delas, uma taxa de adesão de 20 reais. De acordo com os empresários, mesmo com a cobrança, o uso do aplicativo é vantajoso para os motoristas. “Eles não precisam ter os custos de manutenção de um ponto de táxi ou de uma cooperativa. Fica mais barato até para aqueles que não têm ponto fixo e não precisam mais ficar rodando pelas ruas”, explica Barretto.

A empresa e-flows, que desenvolveu o Taximov, optou ainda por focar, principalmente, no cliente coorporativo. O aplicativo oferece, além dos tradicionais pagamentos em dinheiro e em cartão, um boleto eletrônico. De acordo com o diretor-executivo da e-flows, Nathan de Vasconcelos Ribeiro, empresas cujos funcionários usam muito táxi conseguem, com o aplicativo, controlar melhor os gastos com transporte e evitar fraudes. No caso das empresas, é feita uma cobrança de 10% do valor da corrida pelo taxista e de outros 10% da empresa que utiliza. “A vantagem é que a empresa tem acesso a relatórios de local de embarque e desembarque e trajeto percorrido, por exemplo”, explica Ribeiro. A empreitada deverá atingir em cheio as empresas e cooperativas de taxi que prestam serviços a empresas e ainda não conseguiram modernizar o atendimento a ponto de deixá-lo tão eficiente quanto os aplicativos.

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Regulamentação – A expansão dessas ferramentas abriu discussão sobre a regulamentação do serviço e o assunto tanto no exterior quanto no Brasil. Em Nova York, por exemplo, a prefeitura regulamentou as empresas de aplicativos em abril – a primeira a conseguir essa licença foi a Uber. No Brasil, o assuntou chegou, pelo menos, à Secretaria Municipal de Transportes do município de São Paulo. “O uso de aplicativos de smartphones para realizar chamadas de táxi é um assunto relativamente novo que está em fase de estudo, assim como o impacto que os aplicativos produzem em toda a cadeia de táxis na cidade. Está em fase de análise também a necessidade de alguma eventual regulamentação legal da questão”, explica a Secretaria, em nota. O órgão municipal informa ainda que, desde o início de 2013, já foram recebidos no Departamento de Transporte Público (DTP) representantes dos sindicatos de taxistas, das empresas de táxi e de rádiotaxi, representantes de algumas empresas que produzem ou administram esses aplicativos e querem oferecer o serviço na cidade de São Paulo. “Algumas empresas que criaram e disponibilizam esses aplicativos para táxi também já procuraram o DTP no sentido de registrar seus aplicativos aqui”, informou a nota.

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