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Apatia do governo extingue chances de controle da inflação no curto prazo

Alta dos juros realizada no mês passado demora a surtir efeito e desonerações têm sido ineficazes, o que faz com que 'dragão' fique mais difícil de domar

Por Adriano Lira
8 Maio 2013, 15h12

Com alta de 0,55% em abril, a inflação segue sem dar trégua ao bolso dos brasileiros. E pior: no curto prazo, não há indícios de que a força do dragão dos preços altos vá arrefecer. Diante da vagarosidade da equipe econômica do governo, os números divulgados nesta quarta-feira pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) ameaçam as previsões do Banco Central, que acreditava que a inflação recuaria a partir deste início de segundo trimestre. Analistas ouvidos pelo site de VEJA são unânimes ao afirmar que as medidas adotadas até aqui são ineficientes – e a preocupação com as eleições do próximo ano coloca em segundo plano as políticas austeras de combate à inflação.

Em março, a inflação pelo IPCA foi de 0,47%. No acumulado de 12 meses até março, a alta foi de 6,59% e superou a meta de inflação anual de 6,50% estipulada pelo governo. Apesar da inflação maior do mês passado, quando se leva em conta a série acumulada até abril, a inflação dos últimos 12 meses fica em 6,49%, no limite da meta.

O aumento da taxa básica de juros, a Selic, medida adotada pelo BC para tentar frear a alta dos preços, não funciona no curto prazo – mudanças nos juros levam de seis a nove meses para chegar à economia real, ou seja, aos preços nas prateleiras. O aumento de 0,25 ponto porcentual para 7,5% ao ano promovido pelo Comitê de Política Monetária (Copom) em abril só será percebido pelos consumidores no início de 2014. Até lá, os analistas ouvidos pelo Banco Central para projeções como as da pesquisa Focus tentarão prever até onde o governo vai levar sua lentidão em combater a inflação. Sérgio Vale, economista da MB Associados, defende um aumento maior na taxa de juros, mas não acredita que isso irá acontecer – justamente porque o peso político é um fator muito mais importante para o governo do que a alta de preços. “Como teremos eleição no ano que vem, o governo não elevará muito a Selic, para que a presidente Dilma Rousseff termine seu mandato com as taxas de juros mais baixas da história”, afirma ele.

Leia ainda: Inflação acelera em abril; alta em 12 meses é de 6,49%

Inflação acima da meta comprova descaso do governo

Desoneração – As medidas que, na visão do governo, ajudariam a baratear rapidamente os preços, como os cortes tributários ou a redução na conta de luz, acabaram se tornando incipientes. “Houve desoneração de um lado, mas a queda do desempenho de setores como o varejo fez com que a redução da conta não surtisse efeito”, afirma Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Uma alternativa para reduzir a inflação no curto prazo, de acordo com Alessandra, seria aumentar os juros relacionados ao crédito oferecido à população. “Com um menor poder de compra, a população compraria menos, o que aumentaria a oferta de produtos e reduziria os preços”, diz ela. A medida, contudo, poderia comprometer a popularidade da presidente em busca de seu segundo mandato.

Para o economista da MB Associados, a realidade é que o governo não se preocupa muito com a inflação. “Para eles, a inflação é a graxa que oleia as engrenagens do crescimento”, afirma. Já Alessandra acredita que as altas pontuais na Selic deverão continuar, mas nenhuma mudança radical no controle da inflação deve ocorrer até o fim do mandato de Dilma. “O governo não vai abrir mão de sua política expansionista, com investimentos públicos, juros mais baixos e consumo elevado, o que tornará a inflação ainda mais preocupante”, afirmou ela.

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