Alemães querem peso maior em decisões do BCE
Para membro do parlamento alemão, a Alemanha, como principal credor, precisa ter poder de veto em todas as decisões
Políticos da coalizão governista da Alemanha estão exigindo que o país tenha mais influência no processo decisório do Banco Central Europeu, informou hoje o jornal alemão Handelsblatt.
“Como principal credor, a Alemanha precisa ter poder de veto em todas as decisões”, defendeu Klaus-Peter Willsch, membro do parlamento e especialista em orçamento da União Democrata Cristã (CDU, na sigla em alemão), da chanceler Angela Merkel.
A frustração da Alemanha com as decisões do BCE ocorre enquanto o BC europeu, a União Europeia e o Fundo Monetário Internacional ponderam se devem conceder mais ajuda à Grécia. Além disso, o presidente do BCE, Mario Draghi, recentemente sinalizou que a instituição está preparada para retomar as compras de títulos soberanos da zona do euro para ajudar a reduzir os custos de financiamento de alguns países da região.
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“Sob o comando de Draghi, o BCE está infelizmente se transformando num financiador de dívida soberana e num banco ruim, indo contra a legislação do tratado europeu”, afirmou Willsch à publicação.
Frank Schaeffler, especialista de finanças do parceiro da CDU na coalizão, o Partido Democrático Liberal (FDP, na sigla em alemão), também criticou o BCE. “As regras ainda estão no papel, mas na prática elas foram destruídas”, afirmou ao Handelsblatt.
Schaeffler também defendeu que a Alemanha tenha mais peso nas decisões do BCE. “O fato de Chipre e Malta ter o mesmo peso da Alemanha é uma grave falha”, disse.
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Já Carsten Schneider, especialista em orçamento do Partido social-democrata (SPD, na sigla em alemão), de oposição, diz que o BCE deveria focar no seu mandato de garantir a estabilidade dos preços. “De forma alguma, o BCE deveria financiar dívida soberana, o que já aconteceu de maneira indireta pela compra de títulos soberanos”, disse Schneider, que também é membro do Parlamento.
Schneider também rejeitou a ideia do BCE se tornar um regulador bancário na zona do euro, dizendo que a instituição não poderia ser um supervisor independente, visto que o BC europeu provê liquidez aos bancos em troca de colateral.
(Com Agência Estado)