Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

A disputa pelos papéis do Facebook

Funcionários, ex-funcionários e fundos de investimentos detêm hoje as ações mais procuradas do momento. Saiba como eles fizeram para adquiri-las

Por Ana Clara Costa
17 jan 2011, 20h18

Hoje apenas 2% das ações da empresa pertencem a funcionários, o equivalente a 1 bilhão de dólares

As ações do Facebook, o site de relacionamentos mais famoso do mundo, são hoje as mais procuradas do mercado, excluindo-se as de empresas negociadas em bolsa de valores. Seu valor no mercado secundário, segundo apurou o site de VEJA, já atinge 60 bilhões de dólares. Apenas 499 investidores – funcionários, ex-funcionários e fundos de investimentos – têm o privilégio de possuir estes papéis. Três anos atrás, o número era bem menor, mas a pulverização foi inevitável. Afinal, a rede social, antes famosa apenas entre universitários americanos, ganhou o mundo e passou a ter acesso a informações e hábitos de milhões de pessoas. Mark Zuckerberg, CEO da companhia, fez de tudo para impedir a entrada de novos acionistas em sua companhia – batalha que, ao que tudo indica, está preste a acabar.

Até 2006, o Facebook possuía como acionistas apenas funcionários e poucos fundos de investimento. Em uma complexa engenharia financeira, a empresa criou vários tipos de ativos para remunerar seus colaboradores conforme sua produtividade. Os fundos, como o Accel Partners, faziam aportes próximos de 10 milhões de dólares em troca de papéis da companhia que podiam ser vendidos apenas uma vez no mercado secundário – uma espécie de ‘submundo’ de ativos financeiros operados por gestoras cujos clientes são os chamados ‘investidores qualificados’, isto é, gente com muito dinheiro para investir e que está acostumada a operações mais arriscadas.

Com o expressivo crescimento do Facebook nos últimos anos, o apetite dos fundos sobre seus ativos aumentou de forma ainda mais agressiva. De 2005 a janeiro de 2011, sua base passou de 5 milhões para 600 milhões de usuários, uma ampliação de 11.900%. Já seu valor de mercado deu um salto quatro vezes maior, de 97 milhões de dólares para 50 bilhões de dólares. Diante disso, os diretores tiveram de criar mecanismos que impedissem a entrada maciça de novos acionistas. Caso número de investidores ultrapassasse 499, a xerife do mercado de capitais americano (Securities and Exchange Commission-SEC), obrigaria a empresa a lançar suas ações em bolsa – algo que não estava nos planos de Zuckerberg.

Continua após a publicidade

Venda controlada – A partir de 2007, a direção do Facebook determinou que novos investidores só poderiam adquirir, no mercado secundário, ações de funcionários que estivessem deixando a empresa e quisessem se desfazer do papel. Poderiam ser negociados diretamente apenas grandes negócios, como o feito pela Microsoft em outubro daquele ano (1,6% da rede social foi adquirido por 240 milhões de dólares). Em 2008, o investimento da gigante de tecnologia havia alçado o valor de mercado do site de relacionamento para 15 bilhões de dólares – em janeiro, este girava em torno de 525 milhões de dólares.

De lá para cá, a escassez de ações e a determinação de Mark Zuckerberg de não passar dos 499 investidores fizeram do Facebook a companhia mais procurada do mercado secundário. “Enquanto a maior parte das empresas fechadas de tecnologia estava ávida para receber aportes financeiros, o Facebook queria menos. Era como se não precisassem mais de dinheiro”, afirma o investidor Victor Halpert, sócio da gestora de recursos GreenCrest Capital, com sede em Nova York. Segundo a rede Bloomberg, a gestora é uma das inúmeras que se batem para conseguir comprar ações de ex-funcionários no mercado secundário. Nessas negociações paralelas, o valor de mercado da rede já chegou a 60 bilhões de dólares. Segundo o site de notícias econômicas Business Insider, Mark Zuckerberg diz a seus funcionários que sua meta é fazer com que a empresa valha, um dia, um trilhão de dólares.

Para vender ações do Facebook, os funcionários são obrigados a pedir demissão. A partir da data da solicitação, todos têm 90 dias para exercer a opção de venda no mercado secundário. Se não o fizerem no prazo, perdem o direito. O site de VEJA apurou que hoje apenas 2% das ações da empresa pertencem a funcionários – o equivalente a 1 bilhão de dólares. Segundo Halpert, a própria valorização dos papéis, associada às restrições impostas por Zuckerberg, fez com que muitos empregados pedissem demissão nos últimos anos. Afinal, a estratégia era pra lá de vantajosa. “Conversamos com alguns deles que costumavam ganhar salários anuais de 160 mil dólares e, de repente, estavam com 20 milhões de dólares em ações”, afirma Halpert.

Continua após a publicidade

O fator Goldman – Na avaliação do investidor, a entrada do banco americano Goldman Sachs no capital do Facebook acabou por enviar um importante recado ao mercado: Mark Zuckerberg já não se importa mais com o limite de 499 acionistas e irá, em um curto espaço de tempo, abrir o capital de sua empresa.

O aporte da instituição também fez com que investidores do Facebook, que nunca tiveram acesso a informações financeiras da empresa, tomassem consciência de seu faturamento e lucro: 1,2 bilhão de dólares e 355 milhões de dólares, respectivamente, no final do terceiro trimestre de 2010. Um documento de 100 páginas com informações sobre o Facebook circulou entre investidores do Goldman na semana em que o negócio foi revelado pelo site do The New York Times. “Antes disso, nunca havíamos tido informações oficiais sobre como andavam as finanças da empresa”, afirma Halpert.

Já um ex-funcionário do Facebook entrevistado pelo site de VEJA apresenta discurso distinto. Ele garante que basta enviar um email à área financeira da companhia para receber números (restritos) sobre seu desempenho. “Todo mundo da comunidade tecnológica do Vale do Silício sabe como o Facebook está financeiramente. E todas as vezes que a Microsoft ou qualquer outra grande empresa investidora recebeu informações do Facebook, os jornais também ficaram sabendo”, afirma.

Continua após a publicidade

Mesmo se, com a entrada dos investidores do Goldman, o Facebook ultrapasse o número de 499 acionistas, a Security Exchange Comission (SEC) – a CVM americana – não obrigará Zuckerberg a tornar sua empresa pública do dia para a noite. Primeiro, a companhia terá de apresentar à SEC seus últimos balanços trimestrais e executar outros trâmites do (agora burocrático) mercado financeiro americano.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.