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Banco centrais dão trégua na ‘guerra cambial’

Recuo em medidas de desvalorização de moedas como dólar, euro e iene pode ser apenas temporária, receiam economistas

Por Da Redação
2 abr 2016, 13h58

Uma série de médidas de bancos centrais das principais economias do mundo – entre as quais estão reduções das taxas básicas de juros no Japão e na zona do euro e elevação nos Estados Unidos – criou uma queda de braço internacional pelo valor das moedas. Essa “guerra cambial” parece ter tido uma trégua nas últimas semanas, mas muitos analistas se perguntam se os bancos centrais podem realmente abster-se de intervir no mercado de divisas.

O Banco do Japão percebeu os limites da guerra cambial quando a adoção de taxas de juros negativas não foi capaz de enfraquecer o iene, segundo analistas do HSBC. O Banco Central Europeu (BCE), por sua vez, pareceu jogar a toalha no dia 10 de março, quando concentrou suas ações para impulsionar a economia no acesso ao crédito, tomando distância de seus objetivos de um euro fraco, em um contexto de turbulências nos mercados mundiais desde o início do ano.

Segundo os economistas do banco HSBC, recentemente houve “uma trégua” na guerra mundial das divisas. Esgotado pela batalha, parece que o BCE abandonou seu combate à inflação por meio de uma taxa de câmbio debilitada”, afirmou a equipe de especialistas.

O BCE concentra sua atenção no crédito e no estímulo à demanda interna, enquanto o Federal Reserve nos Estados Unidos “também surpreendeu aos mercados, mas de uma forma diferente”, mostrando-se prudente, o que enfraqueceu o dólar, apontaram especialistas.

“Os bancos centrais inovaram e ajustaram seus discursos”, destacaram os economistas da Barclays. Sylvain Loganadin, analista da FXCM, complementa: “A guerra cambial é na realidade uma guerra entre bancos centrais que lutam por seus próprios interesses.”

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Acordo secreto em Xangai? – Dadas as medidas dos últimos meses, é de se pensar se não houve “uma espécie de acordo implícito entre os grandes bancos centrais” na reunião do G20 do final de fevereiro Xangai, destacou Barclays. Para o HSBC, a estreita faixa pela qual euro e dólar se movimentaram nas últimas semanas corresponde à ideia que alguns têm de uma ação coordenada dos bancos centrais.

Mas, se existe um acordo desse tipo, por que mantê-lo em segredo?, pergunta Julian Jessop, economista da Capital Economics. “Se as autoridades pensaram que as taxas de câmbio estão mesmo perigosamente distantes dos de fundamentos (da economia) e que a força do dólar constitui um problema maior, por que não dizer isso?”

Na prática, essa é uma coordenação complicada, já que os juros dos bancos centrais – o Fed por um lado e o BCE e o BoJ por outro – continuam sendo diametralmente opostos, já que cada emissor precisa que sua moeda se enfraqueça em relação às outras.

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“O objetivo de uma desvalorização da moeda é estimular as exportações para compensar um crescimento fraco e fazer a inflação se acelerar e que subam o preço das importações”, afirma Jasper Lawler, analista da CMC Markets.

Para Sylvain Loganadin, os bancos centrais precisam poder controlar, pelo menos minimamente, para cumprir com alguns objetivos de seus mandatos. “Se as moedas já não são controladas pelos bancos centrais, vamos ter movimentos de mercado similares aos da ‘Bitcoin’, com fortes períodos de especulação, seguidos por estouros das bolhas”, disse. “Isso tem impacto forte na economia real, alternando fases de hiperinflação e de deflação.”

Qualquer possível acordo ou trégua depende de um elemento volátil: a China, cuja divisa permanece sob controle. O Banco Central da China “tende a caminhar por conta própria para adotar medidas surpresa cujos efeitos se propagam em seguida para Estados Unidos e Europa”, observou Loganadin. Essa imprevisibilidade da segunda economia mundial continua sendo uma fonte de inquietude maior para os operadores.

(Com AFP)

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