Variante genética deixa um quarto dos chineses mais vulneráveis à gripe
Alteração nos genes não afeta probabilidade de ser infectado pelo vírus, mas sim a chance de desenvolver casos mais severos da doença
Quase um quarto dos chineses possui uma variante genética que aumenta em seis vezes seu risco de adoecer gravemente quando infectados com o vírus da gripe, afirma um estudo publicado nesta terça-feira na revista Nature Communications.
Conheça a pesquisa
Onde foi divulgada: revista Nature Communications
Quem fez: Yong-Hong Zhang, Yan Zhao, Ning Li, Yan-Chun Peng, Eleni Giannoulatou e
Rong-Hua Jin
Instituição: Universidade de Ciências Médicas da Capital, na China
Dados de amostragem: 83 pacientes infectados com H1N1 entre 2009 e 2010
Resultado: Uma variante conhecida como rs12252 está presente em 24% dos chineses. Apesar disso, foi encontrada em 69% daqueles que manifestaram sintomas severos de gripe
Cientistas da China e da Grã-Bretanha analisaram dados hospitalares de 83 pacientes chineses infectados durante a pandemia de gripe provocada pelo vírus H1N1 entre 2009 e 2010. A variante estudada pelos pesquisadores se baseia em uma única mudança no código de um gene chave do sistema imunológico, o IFITM3, um dos responsáveis pelo combate ao vírus Influenza.
Os cientistas analisaram especificamente uma alteração chamada rs12252, que está presente em 24% dos chineses da etnia Han, majoritária no país. Segundo o estudo, seus números foram desproporcionalmente elevados entre os pacientes seriamente afetados pela gripe. Entre aqueles tratados com sintomas sérios e cujo código genético foi decodificado, 69% tinham a alteração. Entre os pacientes com manifestações menos severas da doença, 25% tinham a variante.
O estudo afirma que a vulnerabilidade provavelmente se aplica a todas as cepas do vírus da gripe, e não apenas ao H1N1. Os pesquisadores também levantaram a possibilidade de a variante aumentar o risco de morrer de gripe, mas eles dizem que mais estudos devem ser feitos para se chegar a alguma conclusão.
O estudo aponta para a necessidade de desenvolver uma análise genética capaz de descobrir quais pessoas poderiam correr mais riscos de desenvolver sintomas sérios da doença, para passar por tratamentos mais urgentes.
(Com Agência France-Presse)