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Rússia deve construir primeira usina nuclear flutuante

Reatores nucleares serão montados em uma embarcação e usados para fornecer energia a regiões isoladas do país

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h18 - Publicado em 31 jul 2013, 14h53

O governo russo anunciou que até 2016 o país deverá ter a primeira usina nuclear flutuante do mundo. Construída em um navio, ela deve usar dois reatores nucleares para produzir 70 megawatt, energia suficiente para abastecer os 200.000 habitantes da cidade de Vilyuchinsk, localizada no frio e isolado leste da Rússia.

Os governantes locais planejam a construção da usina desde 2007, mas seu desenvolvimento enfrentou uma série de contratempos, desde dificuldades técnicas e financeiras até acusações de corrupção contra as empresas construtoras. No começo de julho, Aleksandr Voznesensky, diretor do maior estaleiro do país, anunciou que a usina deve finalmente ficar pronta em três anos.

Opinião do especialista

Luís Antônio Albiac Terremoto

Pesquisador do Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares

“A energia nuclear é utilizada na propulsão naval desde 1955, havendo considerável experiência operacional acumulada no uso de reatores nucleares em submarinos, porta-aviões e navios quebra-gelo. Levando-se em conta as características geográficas, o domínio da tecnologia de reatores nucleares de propulsão naval e a experiência operacional deste tipo de reator que a Rússia possui, a utilização dessas pequenas usinas nucleares flutuantes parece ser uma opção energética viável, importante e segura para o país.

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“Sobre o risco de vazamentos e contaminação, este seria, a princípio, da mesma ordem ou menor que o apresentado por reatores nucleares semelhantes que funcionam há décadas na propulsão de submarinos, porta-aviões e navios quebra-gelo – o qual é muito pequeno.

“Um fato que chama a atenção nos reatores que equiparão estas usinas nucleares flutuantes, por contrastar fortemente com a rotina operacional de usinas nucleares comuns, é o tempo de duração muito longo do combustível nuclear. Alega-se que a usina flutuante pode funcionar até 12 anos sem qualquer recarga. Esta característica, também mencionada nos reatores nucleares de propulsão naval, indica que o combustível nuclear a ser utilizado nos reatores possui uma composição diferente da empregada em outras usinas nucleares. A composição exata destes combustíveis nucleares, no entanto, é assunto estratégico que não se encontra disponível na literatura técnica.”

A embarcação receberá o nome de Akademik Lomonosov – em homenagem ao intelectual russo Mikhail Lomonosov – e será a primeira de uma série de usinas flutuantes que a Rússia deve construir para abastecer cidades de difícil acesso no leste do país, distantes dos principais centros industriais. A construção do navio é comandada pela Rosatom, agência do governo que administra as usinas nucleares.

Navios nucleares – Segundo os construtores, o navio será abastecido com dois reatores nucleares de 35 megawatt do tipo KLT-40S, parecidos com os usados para fornecer propulsão a navios e porta-aviões russos. A diferença é que a energia gerada não será usada para mover a embarcação, mas sim repassada à rede energética da cidade onde estiver atracada. Os projetistas planejam, na verdade, que o navio não tenha nenhum tipo de propulsão – ele terá de ser rebocado até as cidades onde serão empregados.

Essas usinas irão produzir energia a partir da fissão de elementos radioativos, como urânio e plutônio. O calor gerado por esse tipo de reação será usado para aquecer e mover turbinas instaladas no navio, que irão produzir a energia elétrica. Os pesquisadores também esperam usar esse calor gerado na usina para dessalinizar a água do mar, fornecendo água potável para os habitantes locais.

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Os projetistas esperam que a embarcação tenha uma vida útil de 40 anos e precise passar por uma manutenção a cada 12 anos, onde o combustível nuclear será reciclado. Segundo o site World Nuclear News, que pertence à Associação Nuclear Mundial, organização que promove o uso de energia nuclear e reúne empresas do setor, a Akademik Lomonosov deve custar cerca de 525 milhões de dólares. As embarcações seguintes deverão ser um pouco mais baratas.

O governo russo também pretende comercializar a tecnologia com outros países. Ainda segundo o World Nuclear News, os construtores já foram procurados por representantes de países como China, Indonésia, Malásia e Argentina.

Críticas – A adoção de usinas nucleares flutuantes gerou preocupação entre grupos de ambientalistas, que afirmam que a tecnologia é mais vulnerável a acidentes do que as usinas construídas em terra e poderiam representar um risco maior de contaminar a água do mar. Já cientistas lembram que governo russo usa reatores nucleares em navios há mais de 50 anos, sem registrar nenhum tipo de acidente que tenha contaminado os mares. Além disso, eles afirmam que, por estarem em alto-mar, as embarcações estão mais protegidas de terremotos e tsunamis do que outras usinas instaladas em zonas costeiras.

Extremo leste

A cidade de Vilyuchinsk deve receber a primeira usina nuclear flutuante do mundo. Ela fica na costa leste da Rússia, isolada das áreas mais desenvolvidas do país. No passado, ela era considerada uma cidade fechada, modo como os governantes da União Soviética chamavam as cidades com acesso restrito aos militares. A área era considerada de interesse nacional porque ali eram construídos submarinos nucleares.

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