Radiação de Fukushima atingiu 600 quilômetros mar adentro em 3 meses
Estudo encontrou elemento radioativo em amostras de água e organismos marinhos em nível 1.000 vezes maior do que o previamente documentado
O acidente nuclear de Fukushima, em março de 2011, na costa do Japão, contaminou água, peixes e organismos microscópicos até 600 quilômetros mar adentro em três meses. É o que diz um novo estudo publicado no periódico PNAS sobre a maior catástrofe nuclear desde Chernobyl, em 1986. Contudo, essa contaminação não é um risco para o homem, segundo os autores. A pesquisa foi realizada por pesquisadores da Instituição Oceanográfica Woods Hole, da Universidade Stony Brooks (ambas dos Estados Unidos) e da Universidade de Tóquio.
A equipe de Ken Buesseler, pesquisador do Woods Hole, coletou amostras de água e organismos marinhos da costa do Japão em junho de 2011. Os cientistas detectaram césio, um elemento radioativo, vindo de Fukushima em um nível 1.000 vezes maior do que previamente documentado. O elemento radioativo foi detectado em organismos microscópicos e peixes vivendo em áreas próximas à superfície do Oceano Pacífico e profundidades intermediárias a distâncias entre 30 e 600 quilômetros da costa japonesa.
Os pesquisadores também lançaram 24 detectores nas águas marinhas e determinaram que a Corrente Kuroshio, uma corrente marítima no Pacífico Norte, contribuiu para o transporte de material radioativo na região. De acordo com os cientistas, a maior concentração foi identificada próxima da costa japonesa. O estudo também destacou que a água salgada e a doce, usadas para resfriar os reatores nucleares danificados pelo terremoto seguido de tsunami, podem ter facilitado o lançamento de material radioativo diretamente no oceano.
Contudo, embora a radioatividade tenha sido alta depois do acidente, os autores apontam que os níveis de radiação estão abaixo daqueles geralmente considerados danosos para animais marinhos e humanos. Os autores alertam, no entanto, que qualquer medição de dose de radiação deve considerar os efeitos da exposição de longo prazo, especialmente porque a liberação de material radioativo no oceano continua na costa japonesa.