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Estudo liga produção de neurônios a aumento de peso

Para autores de pesquisa publicada na 'Nature Neuroscience', resultado sugere que a obesidade pode ser tratada com a inibição da neurogênese no hipotálamo

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h35 - Publicado em 30 Maio 2012, 12h53

Em estudo publicado na edição de março da revista Nature Neuroscience e divulgado só agora, um grupo de cientistas da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, indica que o surgimento de novos neurônios no hipotálamo está relacionado ao ganho de peso. A equipe chegou a essa conclusão após realizar experimentos em ratos que foram alimentados com dieta rica em gordura logo após o desmame.

Saiba mais

HIPOTÁLAMO

O hipotálamo é uma região do encéfalo dos mamíferos. Sua função é regular alguns processos metabólicos e atividades autônomas. Ele liga o sistema nervoso ao sistema endócrino, responsável pela secreção de importantes hormônios. O hipotálamo controla a temperatura corporal, a fome e a sede. Essas funções vitais mostram porque esse órgão é tão importante e precisa ser protegido.

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NEUROGÊNESE

Processo que dá origem a novos neurônios, as células nervosas. Pesquisadores acreditavam que esse processo acontecia no hipocampo e no bulbo olfatório. O estudo recente indica uma nova área produtora dessas células: o hipotálamo.

O grupo de pesquisadores liderado por Seth Blackshaw, pesquisador da Universidade Johns Hopkins e autor principal do estudo, descobriu que a neurogênese foi quadruplicada em ratos adultos submetidos a uma dieta gordurosa. Esses animais ganharam mais peso e apresentaram mais massa gorda do que ratos criados com dieta normal.

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Com um outro experimento, os cientistas descobriram que a neurogênese não só é estimulada por uma alimentação rica em gordura, como ela também contribui para o ganho de peso. Ao destruir os novos neurônios no hipotálamo com raios X , os autores perceberam que os animais que se alimentaram com dieta calórica passaram a ser mais ativos e a ganhar menos peso.

Já se sabia que o hipotálamo tem papel importante na regulação do peso de uma pessoa. Entre outras funções, é ele o responsável por regular o apetite. Recentemente, descobriu-se também que essa região do cérebro está ligada à produção de novos neurônios.

De acordo com Blackshaw, estudos anteriores já tinham mostrado que o cérebro continua produzindo novas células nervosas, os neurônios, na idade adulta. Mas o pesquisador ressalta que, para muitos pesquisadores, a produção dessas novas células era restrita a outras partes do cérebro: o hipocampo – relacionado à memória – e o bulbo olfatório – que como o próprio nome sugere, está ligado ao olfato.

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Incertezas – Os resultados encontrados pela equipe de Blackshaw contrastam com uma pesquisa publicada em dezembro do ano passado no periódico The Journal of Clinical Investigation, que mostra que a obesidade inibe o surgimento de células nervosas no hipotálamo.

“Os experimentos parecem antagônicos, mas pode-se concluir que uma dieta muito gordurosa pode desregular a neurogênese no hipotálamo e em algum momento reduzi-la ou aumentá-la”, diz Dalva Poyares, neurologista da UNIFESP e coordenadora do Instituto do Sono. Ela explica que cada um dos estudos considera partes distintas do hipotálamo e que ainda é muito cedo para se chegar a uma conclusão precisa. Poyares, que não participou do estudo, explica que novos experimentos precisam ser feitos para que se compreenda de que forma o ganho de peso e a neurogênese estão relacionados.

Adaptação – A equipe de Blackshaw acredita que a neurogênese no hipotálamo é um mecanismo evolutivo que ajudou animais selvagens e antepassados do homem a sobreviver em regiões com escassez de comida rica em gordura e energia. Eles explicam que animais selvagens, quando encontravam uma fonte rica e abundante de comida, comiam o quanto fosse possível, já que recursos como esse são tipicamente escassos na natureza.

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Para Blackshaw, se esse mecanismo foi importante no processo evolutivo no passado, a neurogênese não é tão benéfica para animais de laboratório e pessoas de países desenvolvidos, que têm acesso ilimitado à comida, pois favorece o aumento de peso. Os autores esperam que, se esse resultado se repetir em estudos futuros, a obesidade pode ser tratada com a inibição da neurogênese no hipotálamo.

Opinião do especialista

Dra. Dalva Poyares

Neurologista da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP) e coordenadora do Instituto do Sono

“O estudo está correto quando diz que a neurogênese pode ser induzida: se o animal come muita gordura, o organismo entende que ele precisa armazená-la, e ele então engorda. Porém, os experimentos foram feitos em animais. Supõe-se que em humanos não exista mais a necessidade de armazenar gordura para sobrevivência – então essa neurogênese associada ao ganho de peso passa a ter uma conotação ruim.”

“Se isso for confirmado em humanos, é possível que a inibição dessa neurogênese resulte em algum controle da obesidade. Mas há diversos estudos promissores mostrando outras evidências, não no cérebro, de técnicas para prevenir ou tratar obesidade.”

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