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Pesquisadores descobrem áreas do cérebro relacionadas ao gosto musical

Estudo mostra que o núcleo accumbens, área do cérebro relacionada ao prazer e à recompensa, é a principal responsável pela reação de uma pessoa ao ouvir músicas que ainda não conhece

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h21 - Publicado em 12 abr 2013, 18h46

Um dos principais motivos pelos quais ouvir música é uma atividade prazerosa é o fato de que ela está relacionada aos sentimentos e memórias de cada um. Porém esse fato não explica o processo que leva uma pessoa a gostar ou não de uma música quando a ouve pela primeira vez. Um estudo publicado nesta sexta-feira na revista Science mostra que a memória musical, em conjunto com complexas regiões do cérebro responsáveis pela identificação de padrões, ajuda a determinar a reação de cada um diante de uma música desconhecida.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Interactions Between the Nucleus Accumbens and Auditory Cortices Predict Music Reward Value

Onde foi divulgada: revista Science

Quem fez: Valorie N. Salimpoor, Iris van den Bosch, Natasa Kovacevic, Anthony Randal McIntosh, Alain Dagher e Robert J. Zatorre

Instituição: Universidade McGill, no Canadá

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Resultado: Os pesquisadores observaram que o núcleo accumbens, relacionada ao prazer e à capacidade de fazer previsões, é a principal região do cérebro ativada ao se ouvir uma música pela primeira vez.

Os pesquisadores utilizaram imagens de ressonância magnética para observar a atividade cerebral de 19 voluntários ao escutar trechos de músicas que eles nunca tinham ouvido antes. Para medir de forma objetiva se eles gostavam ou não das músicas, foi utilizado um programa de computador semelhante ao iTunes, software da Apple que permite ouvir e comprar músicas. Dessa forma, os participantes ouviam apenas trechos de músicas e, caso desejassem, podiam comprar a faixa completa usando seu próprio dinheiro.

A área do cérebro que apresentou maior relação com a decisão de comprar ou não uma música é o núcleo accumbens, região do cérebro relacionada à criação de expectativas e ao prazer. Quanto mais intensa a atividade observada nesta área cerebral enquanto a pessoa ouvia a música, mais ela se mostrava disposta a pagar pela canção.

Isso ocorre porque o cérebro está constantemente criando previsões. E, de acordo com a pesquisa, é isso que torna a música atrativa. “A música é uma recompensa intelectual, porque está relacionada à habilidade de identificar padrões e fazer previsões”, escrevem os autores.

Um exemplo dessa antecipação do cérebro é a sensação boa que acomete alguém que ouve os primeiros segundos de sua música favorita. Porém o cérebro faz previsões mesmo diante de uma música completamente desconhecida. Nesse processo, o núcleo accumbens trabalha em conjunto com o giro temporal superior, área do cérebro relacionada à memória musical.

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“Essas previsões são expectativas de como os sons devem se desenvolvem ao longo da música, e são baseadas na experiência musical de cada um” disse Valorie Salimpoor, pesquisadora da Universidade McGill e integrante do grupo de pesquisadores, ao site de VEJA. Dessa forma, uma pessoa que ouve muito jazz poderá fazer previsões melhores sobre uma música desse estilo do que uma pessoa que não ouve esse tipo de música. “Frequentemente, quando o que se ouve não é como a pessoa esperava, ela tende a não gostar da música, e a atividade observada no núcleo accumbens é menos intensa”, afirma Valorie.

Para os autores, o estudo representa os primeiros passos para entender como estímulos estéticos, como a música, que não têm uma relação direta com a sobrevivência, também podem ser prazerosos para o homem. Além disso, a pesquisa também contribui para o entendimento da razão pela qual as pessoas apresentam reações tão diversas à música ou à arte de forma geral. “Todas as músicas que uma pessoa já ouviu no passado determinam quais músicas ela vai gostar hoje. Isso ajuda a entender por que as pessoas gostam de músicas diferentes”, afirma Valorie.

Saiba mais

NÚCLEO ACCUMBENS

Vício e prazer estão intimamente ligados no cérebro, pois estimulam a mesma parte do órgão, o núcleo accumbens. A ciência descobriu sua importância na década de 50, quando ratos de laboratório preferiam apertar uma alavanca que estimulava o local a comer ou beber. Os neurônios dos núcleos accumbens ficam mais ativos tanto por causa de vícios químicos, como o relacionado à cocaína, quanto por vícios físicos, como a compulsão por sexo. Em 2007, uma pesquisa mostrou que a região é fundamental para o fenômeno conhecido como efeito placebo. Pois seus circuitos neurais respondem à expectativa de benefícios diante de um tratamento.

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