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Pesquisa monitora o cérebro de crianças com problemas de conduta e descobre: elas reagem menos à dor alheia

Estudo sugere que atividade cerebral de crianças pode ser vista como fator de risco para desenvolvimento de psicopatia na idade adulta

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h20 - Publicado em 4 Maio 2013, 19h47

As origens do comportamento cruel apresentado por criminosos e psicopatas pode estar no cérebro. Um estudo publicado nesta quinta-feira no periódico Current Biology monitorou a atividade cerebral de crianças inglesas que apresentavam problemas de conduta. A pesquisa deixou claro que o cérebro dessas crianças, quando são confrontadas com imagens de pessoas sofrendo, reage de maneira diferente da maioria das outras: as áreas associadas à empatia se mostram menos ativas em reação à dor alheia. Diante dos resultados, os cientistas sugerem que a análise da atividade cerebral de crianças ao testemunhar cenas de sofrimento pode ajudar a apontar fatores de risco para o comportamento antissocial e a psicopatia na fase adulta.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Association of Callous Traits with Reduced Neural Response to Others’ Pain in Children with Conduct Problems

Onde foi divulgada: periódico Current Biology

Quem fez: Patricia L. Lockwood, Catherine L. Sebastian, Eamon J. McCrory, Zoe H. Hyde, Xiaosi Gu, Stephane A. De Brito, e Essi Viding

Instituição: University College London, na Inglaterra

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Dados de amostragem: 37 meninos com problemas de conduta e 18 de um grupo de controle, que foram submetidos a exames de ressonância magnética enquanto lhes eram mostradas imagens de outras pessoas em sofrimento

Resultado: Os pesquisadores descobriram que essas crianças com problemas de conduta apresentaram uma atividade menor em áreas do cérebro como a ínsula anterior, o córtex cingulado anterior e o giro frontal inferior – todas associadas à empatia.

Jovens com transtorno de conduta apresentam uma série de comportamentos que violam os direitos alheios, como agressão física, crueldade, roubo e falta de empatia em relação às outras pessoas. As crianças com esse tipo de comportamento têm maiores chances de se tornar adultos violentos e ter comportamentos antissociais. Na Inglaterra, onde o estudo foi conduzido, cerca de 5% das crianças parecem ter esse tipo de problema.

No novo estudo, os pesquisadores usaram imagens de ressonância magnética para descobrir se o cérebro dessas crianças com desvio de conduta reagia de modo diferente a fotografias de outras pessoas sofrendo. Como resultado descobriram que, em relação às outras crianças, áreas como a ínsula anterior, o córtex cingulado anterior e o giro frontal inferior – todas associadas à empatia – ficaram menos ativas.

Segundo os pesquisadores, isso não quer dizer necessariamente que toda criança com problemas de conduta tem a mesma reação ao sofrimento, e nem que qualquer em que demonstre esse tipo de padrão cerebral vá se tornar um adulto problemático – na verdade, a maior parte deixa esse tipo de comportamento para trás durante seu desenvolvimento.

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“Nossa descoberta indica que crianças com problemas de conduta têm uma resposta cerebral atípica ao ver outras pessoas sofrendo. O importante é ver essas descobertas como um indicador de vulnerabilidade, em vez de um destino biológico. Nós sabemos que crianças são bastante suscetíveis a intervenções, e o desafio é fazer essas intervenções ainda melhores”, diz Essi Viding, pesquisadora da University College London responsável pelo estudo.

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Vulnerabilidade – Os pesquisadores também analisaram as diferenças de comportamento dentro do grupo das crianças com problemas de conduta, separando os indivíduos mais insensíveis e que demonstravam menos emoções. Essa indiferença emocional é uma importante característica dos psicopatas, e sua presença na infância pode ser vista como fator de risco para o desenvolvimento da condição na vida adulta.

Os cientistas descobriram que, em relação à dor alheia, o grupo apresentou uma atividade ainda menor na ínsula anterior e no córtex cingulado anterior. “Nossa pesquisa mostra muito claramente o fato de que nem todas as crianças com problemas de conduta têm a mesma vulnerabilidade neurobiológica – algumas podem ser mais vulneráveis à psicopatia, enquanto outras não. Isso traz a possibilidade de adaptarmos as intervenções existentes para se adequar aos perfis específicos que caracterizam as crianças com problemas de conduta”, disse Essi Viding.

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