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O artista das estrelas

No livro "Planetfall", o fotógrafo e cineasta americano Michael Benson consegue transformar imagens cruas das agências espaciais naquilo que uma pessoa veria ao viajar pelo espaço

Por Juliana Santos
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h21 - Publicado em 27 abr 2013, 07h59

Com o livro Planetfall (Abrams Books, 208 páginas), o fotógrafo e cineasta americano Michael Benson tem como objetivo – bastante ambicioso – deixar o leitor o mais próximo possível da visão que uma pessoa teria em uma viagem espacial. A obra reúne imagens capturadas por missões espaciais entre o final do ano 2000 e o início de 2012.

Este é o terceiro trabalho de Benson com imagens espaciais. Em 2003 ele lançou seu primeiro livro, Beyond: Visions of the Interplanetary Probes (Além: Visões de Sondas Interplanetárias – Abrams Books, 320 páginas), um olhar retrospectivo sobre a história visual da exploração espacial até aquele ano. O segundo livro, Far Out: A Space-Time Chronicle (Longe: Uma Crônica Espaço-Temporal – Abrams Books, 328 páginas), publicado em 2009, contém fotos de estrelas e galáxias.

Benson pesquisa os arquivos de agências espaciais, como a Nasa e a Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), e utiliza o material bruto, produzido por câmeras acopladas às missões, para compor suas fotos. Em Planetfall, o resultado é um conjunto de imagens sem paralelo da Terra, Sol, Mercúrio, Vênus, Marte, Júpiter, Saturno e de alguns asteroides e cometas.

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Entrevista com o autor do livro

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A grande diferença do trabalho de Benson para as imagens tradicionais divulgadas pelas agências espaciais é o esforço quase artesanal envolvido no processo. Segundo o autor, algumas das imagens de Marte são formadas por mais de cem fotos diferentes, que demandaram semanas de trabalho até que o resultado desejado fosse alcançado.

“Eu passei muito tempo olhando milhares de imagens em preto e branco, procurando uma visão extraordinária ou o começo disso, então, quando eu sentia que estava olhando para algo que poderia se tornar uma imagem interessante, eu baixava as fotos e fazia as composições”, diz Benson em entrevista ao site de VEJA. Todas as imagens produzidas pelas missões espaciais são em preto e branco e, para que seja possível criar uma imagem colorida realista, é preciso que tenham sido tiradas três, ou ao menos duas, imagens iguais, mas com filtros diferentes.

Em busca das cores – As câmeras de sondas espaciais têm diversos tipos de filtros, que possibilitam aos pesquisadores recolher informações sobre o planeta estudado. Alguns desses filtros registram informações de cor fora do espectro visível ao olho humano, como o infravermelho e o ultravioleta. Mas existem também os filtros vermelho, verde e azul. “Se você quiser uma imagem colorida e tiver sorte, eles tiraram a mesma foto com filtro verde, vermelho e azul. Então as três fotos podem ser combinadas para gerar uma foto colorida”, explica o autor.

Porém, mesmo quando apenas dois filtros são utilizados, ainda é possível “descobrir” a terceira cor. Segundo Benson, a ausência do verde é o problema mais fácil de ser resolvido. “Eu posso combinar os outros dois canais de cor para fazer o verde, porque a cor verde fica entre o azul e o vermelho no espectro de cor visível”, diz. O vermelho e o azul podem ser obtidos por meio do infravermelho e o ultravioleta, respectivamente – tudo depende da sorte, que aqui se traduz nos filtros utilizados pela nave espacial na hora de tirar as fotos.

Todo esse processo é necessário para colorir apenas uma imagem, mas a maior parte das obras do livro Planetfall é composta de mosaicos, ou seja, múltiplas imagens colocadas juntas para formar uma imagem maior.

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Legado visual – “Minha intenção é mostrar que o legado visual de 50 anos de exploração espacial é um capitulo significativo na historia da fotografia tanto quando da ciência”, afirma Benson. Ele explica que o título de seu livro tem, para ele, dois significados distintos: o ato de enxergar ou alcançar um planeta depois de uma viagem espacial, e também o declínio da habitabilidade de um planeta, sua decadência.

“Uma das razões para essa definição complexa é que eu queria, em primeiro lugar, que ela fosse positiva. Você está chegando a um lugar novo, a maior parte do livro é a chegada a um lugar novo. Mas eu queria que o livro fosse um retrato honesto do sistema solar nos últimos 10 ou 12 anos. E, para ser honesto, eu tive que levar em conta que o nosso planeta está com alguns problemas, porque nós os estamos criando”, diz o autor.

O livro Planetfall, lançado nos Estados Unidos em outubro do ano passado, se tornou uma exposição de mesmo nome, que está atualmente na galeria da Associação Americana para o Avanço da Ciência (American Association for the Advancement of Science, AAAS), em Washington.

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Para saber mais sobre o trabalho de Michael Benson, acesse o site: https://michael-benson.net/

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