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O ano de Plutão — e outras missões espaciais que marcarão 2015

A sonda que chegará pela primeira vez a Plutão, o estudo dos efeitos da ausência de gravidade na genética humana e o possível despertar do robô Philae são alguns dos momentos mais aguardados do ano

Por Juliana Santos e Rita Loiola
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h07 - Publicado em 11 jan 2015, 08h59

O ano de 2015 será aquele em que a exploração espacial chegará, pela primeira vez, bem perto de Plutão. Em julho, a sonda New Horizons, da Nasa, se aproximará do planeta anão, que está a 5,8 bilhões de quilômetros do Sol, equivalente a 40 vezes a distância entre a Terra e a estrela. Nunca o vimos de perto. Corpos celestes assim podem indicar como se deu a formação de planetas como o nosso.

“Podemos esperar uma revolução em nosso conhecimento sobre os pequenos planetas. Hoje, não sabemos quase nada sobre eles, mas, em pouquíssimo tempo, teremos revelações surpreendentes”, diz Alan Stern, líder da missão New Horizons e cientista do Southest Research Institute, nos Estados Unidos (SwRI, na sigla em inglês).

A missão New Horizons dará continuidade a um ano em que a exploração espacial fez história. Em 2014, em uma missão cinematográfica, a sonda Rosetta chegou ao cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko depois de passar mais de dez anos viajando no espaço. Ela liberou o módulo Philae para pousar na superfície do cometa e coletar dados diretamente da sua superfície.

Suas primeiras análises foram divulgadas em dezembro, revelando que a água de nosso planeta não deve ter origem extraterrestre. Em 2015, informações vindas da Rosetta devem continuar chegando até nós e, em conjunto com os dados de outras ousadas missões espaciais, como a New Horizons, vão fornecer pistas que ajudarão os cientistas a construir a complexa história da origem do cosmo.

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Lançada em 2006, quando Plutão ainda não havia sido reclassificado como planeta anão, a missão pretende trazer detalhes dessa região desconhecida do espaço e de onde as melhores imagens foram feitas por telescópios espaciais, como o Hubble. “Colocar a palavra ‘anão’ na frente de Plutão não diminui a importância desses corpos celestes. Sempre é bom lembrar que o Sol que nos ilumina é uma estrela anã. Com essa missão, teremos a chance de investigar Plutão e alguns planetas ainda menores. Queremos tirar toda a ciência possível desse sobrevoo, que nos dará uma compreensão melhor do lugar de Plutão em nosso Sistema Solar”, diz o astrônomo Hal Weaver, cientista da missão New Horizons e pesquisador do Laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, nos Estados Unidos.

Depois que passar por Plutão, a New Horizons se aproximará de outros planetas anões do Cinturão de Kuiper. Astros como os que compõem essa parte do universo se chocaram com os planetas rochosos na época de sua formação, sendo incorporados a eles. Por isso, os cientistas imaginam que eles podem indicar a origem planetária.

“Esse cinturão é equivalente a uma escavação arqueológica na história da formação dos planetas”, explica Alan Stern. “Essa é uma missão de prioridade máxima para a Academia Nacional de Ciências americana por causa de seu imenso valor científico.”

Grandes feitos – Para os astrofísicos, missões dessa amplitude são comparáveis ao pouso do primeiro robô em Marte, o Viking 1, que chegou ao planeta vermelho em junho de 1976 e revelou seus detalhes, ou ao momento em que as sondas Voyager 1 e 2 enviaram as primeiras imagens feitas de perto de Júpiter, Urano e Netuno, e descobriram que esses planetas gigantes tinham anéis e uma grande quantidade de satélites, na década de 1980.

“Muita coisa está mudando na astronomia por causa dessas sondas que fazem medições in loco”, afirma Rundsthen Vasques de Nader, professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro e astrônomo do Observatório do Valongo, na UFRJ. “O primeiro pouso em um cometa foi como a viagem de Colombo à América, mais ou menos como atravessar o Oceano Atlântico sem saber o que vamos encontrar com outro lado. Plutão é um corpo que estudamos há algum tempo, mas ainda precisamos saber mais sobre sua superfície e composição.”

Ondas gravitacionais – Além de buscar elementos que possam revelar a origem dos planetas, as missões espaciais de 2015 vão investir também na compreensão da formação do Universo. A sonda LISA Pathfinder, da Agência Espacial Europeia (ESA, na sigla em inglês), deve ser lançada durante este ano e testará os futuros instrumentos para a detecção de ondas gravitacionais, minúsculas distorções no campo gravitacional do Universo previstas pela Teoria da Relatividade de Einstein. Esse fenômeno, que seriam um “eco” de grandes eventos espaciais como o Big Bang, ainda não foi comprovado pelos cientistas.

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“Se essa missão for bem sucedida e se as ondas gravitacionais forem comprovadas, isso mudará o que sabemos sobre a ciência. Esse fenômeno, se for percebido, vai revolucionar a astronomia”, diz Enos Picazzio, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo.

Gêmeos – Outro evento original será um estudo feito com os gêmeos americanos Scott e Mark Kelly, que analisará os efeitos de uma longa permanência no espaço. Enquanto o primeiro passará um ano na Estação Espacial Internacional (ISS, na sigla em inglês), o outro ficará na Terra, para que comparações sejam feitas.

Em novos eventos científicos, os astrônomos também enviarão instrumentos que ajudarão na compreensão dos ventos e dos campos magnéticos que orbitam ao redor de nosso planeta. Reunindo missões que buscam decifrar a formação planetária, os primeiros passos do Universo e eventos ao redor da Terra ainda não claramente compreendidos pelos pesquisadores, a ciência busca compreender os delicados mecanismos que tornam nossa vida no planeta – e no cosmo – possível.

“Sabemos que a compreensão de fenômenos terrestres como o clima depende do entendimento da mecânica do universo, pois tudo está interligado. Só iremos decifrar a história da vida na Terra, se é que um dia chegaremos a desvendá-la, por meio desses pequenos ‘tijolinhos’ de conhecimento trazidos por essas missões. Aos poucos, eles se unem para montar o quebra-cabeça da evolução da vida no universo”, diz Picazzio.

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