Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

O amor apaixonado alivia a dor

Cientistas descobrem os caminhos no cérebro que explicam porque a paixão alivia a sensação de dor

Por BBC
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h13 - Publicado em 14 out 2010, 21h12

As áreas do cérebro que se ativam com o amor intenso são as mesmas nas quais os medicamentos atuam para reduzir a dor

As canções falam sobre a dor do amor. Agora, contudo, uma nova pesquisa descobriu que ocorre o contrário: o amor alivia a dor. O amor apaixonado, diz o estudo, tem o mesmo efeito que um analgésico. Cientistas dos Estados Unidos descobriram que os sentimentos intensos e apaixonados de amor podem oferecer “um incrível efeito analgésico”, semelhante ao dos medicamentos.

Os pesquisadores da Universidade de Stanford, na Califórnia, descobriram em exames de imagem cerebrais que muitas das áreas do cérebro normalmente envolvidas com a resposta à dor também são ativadas com pensamentos amorosos.

“Quando a pessoa está nessa fase apaixonada e até obsessiva do namoro, ocorrem alterações em seu estado de ânimo que têm um impacto em suas experiências de dor”, afirma Sean Mackey, que dirigiu o estudo publicado no periódico da Biblioteca Pública de Ciência dos Estados Unidos, PLoS ONE. “Agora estamos começando a entender alguns desses sistemas de recompensa do cérebro e a forma como influenciam na dor.”

Estes são sintomas cerebrais profundos que envolvem a dopamina, um dos principais neurotransmissores que influenciam o estado de ânimo, a recompensa e a motivação, explica o cientista.

Continua após a publicidade

Os especialistas analisaram 15 estudantes que se encontravam na primeira fase de um romance, a “etapa de maior paixão”. Na análise, eles receberam uma dose leve de dor enquanto se distraiam vendo fotos de seu amado. Durante a experiência, os cientistas usaram imagens de ressonância magnética funcional (fMRI, sigla em inglês) para medir a atividade em tempo real de diferentes partes do cérebro.

Há tempos se sabe que os sentimentos fortes e apaixonados estão relacionados a uma atividade intensa em várias áreas cerebrais, que incluem zonas vinculadas à dopamina, o composto químico que produz uma sensação de bem-estar no cérebro depois da ingestão de certos estimulantes, a exemplo de doces ou drogas – como a cocaína.

Os cientistas notaram que, quando os participantes sentiam dor, algumas das mesmas áreas ativadas também estavam vinculadas aos sentimentos amorosos. Para analisar se ambos – amor e dor – estavam relacionados, recrutaram estudantes que se encontravam nos primeiros nove meses de namoro, o que se define como a “primeira fase de amor intenso”.

Foi pedido a cada um que levasse uma foto de seu parceiro e fotografias de alguém a quem consideravam um conhecido muito atraente. Ao se submeterem aos exames cerebrais, eles viam as imagens e ao mesmo tempo uma almofadinha controlada por computador colocada na palma da mão causava dor leve.

Continua após a publicidade

Os cientistas descobriram que ao ver a imagem da pessoa amada, os estudantes tinham uma percepção muito mais reduzida da dor do que quando olhavam a imagem do conhecido atraente.

“As áreas do cérebro que se ativam com o amor intenso são as mesmas nas quais os medicamentos atuam para reduzir a dor”, afirma Arthur Aron, outro cientista que participou do estudo. “Quando pensamos em nosso ser amado, há uma intensa ativação na mesma área de recompensa cerebral de quando se consome cocaína ou se ganha muito dinheiro.”

Uma dessas áreas-chave é o núcleo accumbens, um importante centro de recompensa cerebral e de dependência a opióides, cocaína e outras drogas que viciam. Os cientistas ressaltam, no entanto, que ainda não é o momento de dizer aos pacientes que sofrem de dor crônica que deixem os analgésicos e os troquem por uma relação amorosa apaixonada.

O estudo é preliminar e ainda será necessário pesquisar se este efeito de curto prazo, que ocorre na primeira fase da paixão, pode ser substituído por algo semelhante a longo prazo. Os pesquisadores esperam entender melhor se essas vias de recompensa neuronal que se desencadeiam com o amor apaixonado poderiam algum dia ajudar a desenvolver novos métodos para aliviar a dor.

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.