No passado, aquecimento global aumentou biodiversidade
Em grandes escalas de tempo, aumento da temperatura favorece mais o surgimento que a extinção de espécies, segundo cientistas britânicos
Uma nova pesquisa mostra que o número de espécies que habitam a Terra aumenta conforme a temperatura do planeta fica mais alta. O dado contrasta com as observações de que o aumento na temperatura está ligado mais ligado à extinção que ao surgimento de espécies. A pesquisa foi publicada nesta segunda-feira na revista PNAS (Proceedings of the NAtional Academy of Sciences ).
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Biodiversity tracks temperature over time
Onde foi divulgada: revista PNAS
Quem fez: Peter J. Mayhew, Mark A. Bell, Timothy G. Benton, and Alistair J. McGowan
Instituição: Universidade de York, na Inglaterra
Dados de amostragem: Fósseis de invertebrados marinhos dos últimos 540 milhões de anos
Resultado: Ao analisar mudanças na biodiversidade durante todo esse período, os pesquisadores descobriram que o aumento da temperatura estava ligado tanto a grandes extinções quanto ao surgimento de espécies. No entanto, em grandes escalas de tempo, o número de novas espécies supera as extintas.
Pesquisas anteriores mostravam que a biodiversidade do planeta diminuía com o aquecimento global. Esse dado chamou a atenção dos cientistas, uma vez que a maioria dos estudos ecológicos mostra que a riqueza de espécies vivas, tanto na terra quanto no mar, diminui com a proximidade dos polos do planeta, onde a temperatura é menor.
Os cientistas estranhavam o fato de um aumento na temperatura fazer a biodiversidade diminuir com o passar do tempo, mas aumentar conforme a posição geográfica. Para pôr a teoria à prova, os pesquisadores da Universidade de York, na Inglaterra, estudaram os padrões de biodiversidade de invertebrados marinhos registrados ao longo dos últimos 540 milhões de anos.
Como resultado, descobriram que o calor esteve diretamente ligado a variações na biodiversidade durante toda a história do planeta. As temperaturas elevadas se relacionaram tanto com extinções em massa quanto com o surgimento de novas espécies. No entanto, o número de espécies novas sempre foi maior do que as extinções, resultando num aumento da biodiversidade.
Segundo os pesquisadores, a descoberta mostra que a tendência observada hoje, de grandes extinções ligadas ao aquecimento global, está em desacordo com o registrado no passado do planeta e deve mudar no futuro – eles só não sabem dizer quando. Os cientistas alertam que a pesquisa mostra um aumento da biodiversidade em escalas geológicas de tempo, que podem durar milhões de anos. Até a tendência de hoje se reverter para um aumento da biodiversidade, muito tempo pode passar. E muitas espécies podem ser extintas.