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Minas Gerais tem o caso mais antigo de decapitação das Américas. Saiba como aconteceu

Um crânio, encontrado em Lagoa Santa, a 60 quilômetros de Belo Horizonte, tem 9.000 anos e provavelmente foi decapitado em um ritual de sepultamento

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h01 - Publicado em 24 set 2015, 13h06

O caso mais antigo de decapitação das Américas pode ter acontecido em Minas Gerais, há 9.000 anos. O estudo, publicado nesta quarta-feira no periódico PLoS One, revelou que um crânio encontrado em 2007 com as seis primeiras vértebras cervicais do corpo e as duas mãos amputadas sobre o rosto, em Lagoa Santa, era de um membro da população local decapitado durante um ritual de sepultamento. Até então, o caso mais antigo de decapitação conhecido tinha acontecido no Peru, há 4.000 anos.

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O estudo, feito por pesquisadores da USP e do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, indica que a idade do crânio varia de 9.127 a 9.438 anos. O restante do esqueleto não foi achado. De acordo com os autores da análise, o crânio de Lagoa Santa pode ser o mais antigo com sinais de decapitação em todo o mundo.

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“Como a maior parte dos outros casos havia sido registrada nos Andes, acreditava-se que a decapitação era um fenômeno restrito àquela região. Mas nosso estudo mostra pela primeira vez um caso fora daquele lugar”, disse o bioantropólogo brasileiro André Strauss, líder do estudo.

Ritual – De acordo com Strauss, o crânio, encontrado a 55 cm da superfície, tinha uma disposição curiosa: a mão direita foi colocada sobre o lado esquerdo, com os dedos virados para o queixo, e a mão esquerda estava do lado direito do rosto, apontando para a testa. Esses seriam alguns indícios de que não se trata do sepultamento de um “troféu de guerra”, como era comum entre povos nativos das Américas, mas de uma decapitação realizada após a morte do indivíduo, em um ritual durante o enterro.

Segundo eles, isso indica que os caçadores-coletores do período já realizavam rituais mortuários sofisticados. Comparações com outros espécimes encontrados na caverna indicam que provavelmente se tratava de um membro do grupo local.

De acordo com os pesquisadores, o mais surpreendente é a precisão com que a decapitação foi feita, condição difícil para a época do paleolítico, pois existiam apenas ferramentas feitas de pedra, não de metal. Segundo a visão eurocêntrica, decapitações, na maioria das vezes, são descritas como decorrentes de ações violentas entre grupos diferentes. No entanto, esse não parece ter sido o caso do crânio decepado em Minas Gerais que, provavelmente, foi separado do corpo durante o sepultamento.

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Brasileiros da pré-história – A apenas 60 quilômetros de Belo Horizonte, a região de Lagoa Santa, onde foi feita a descoberta, tem um dos principais sítios arqueológicos do país, com restos humanos de até 13.000 anos. Ali, o fóssil Luzia, o mais antigo das Américas, foi encontrado na década de 1970 e estudado pelo biólogo Walter Alves Neves, do Instituto de Biociências da Universidade de São Paulo (USP), também um dos autores do novo estudo.

Ainda de acordo com os especialistas, os ossos encontrados no lugar podem ser a chave para novas explicações sobre a história humana no Brasil, na época da pré-história.

(Com Estadão Conteúdo)

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