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Mascote da Copa, tatu-bola está em risco de extinção

Ameaça vem da perda de habitat — a caatinga — e da caça de subsistência e de diversão

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h11 - Publicado em 12 jun 2014, 14h50

A característica que fez o tatu-bola ser escolhido como mascote da Copa do Mundo no Brasil contribui para colocá-lo em risco de extinção. Quando se assusta, em vez de fugir ou cavar um buraco, como outros tatus, o animal se enrola dentro de uma dura carapaça. O que ao longo da evolução foi uma excelente estratégia para evitar a maioria dos predadores, no convívio com humanos faz com que ele seja facilmente pego por caçadores. O mamífero aparece como “vulnerável” na Lista Vermelha de espécies ameaçadas de extinção divulgada pela União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN).

A categoria é a de menor risco da entidade, mas pesquisadores brasileiros, em levantamento encomendado pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), já identificaram que o problema é maior. A espécie, segundo eles, está “em perigo”, o que deve alterar a classificação em uma atualização futura da lista. A ameaça vem da perda de habitat – o animal é característico da caatinga, bioma que já teve quase metade de sua área original desmatada – e da caça de subsistência e de diversão.

“O tatu-bola foi capaz de desenvolver uma habilidade fantástica, que permite que ele se proteja até de uma onça-pintada, mas não do homem”, afirma o biólogo José Alves de Siqueira, da Universidade Federal do Vale do São Francisco. A condição da espécie fica ainda mais delicada quando as fêmeas estão no cio, pois elas costumam ser seguidas por uma fila de vários machos. “Se um caçador chega perto deles e bate palma, todos viram bolinhas. Ele pega todos de uma vez só”, conta o também biólogo Enrico Bernard, da Universidade Federal de Pernambuco.

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Proteção – A dupla de pesquisadores publicou, no final de abril, na revista Biotropica, um alerta sobre a situação e um desafio para que o fato de ele ser mascote da Copa sirva para aumentar a proteção da caatinga e da espécie. Eles sugeriram, por exemplo, que, a cada gol da competição, sejam destinados mil hectares para a proteção no bioma, e pediram que se acelerasse a publicação do plano de ação para a conservação do tatu-bola.

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Ao menos o segundo pedido já foi atendido. No dia 22 de maio, Dia Internacional da Biodiversidade, o ICMBio lançou o plano, que tem como objetivo reduzir a ameaça às duas espécies de tatu-bola do Brasil. O Fuleco, o mascote da Copa, foi inspirado na espécie 100% brasileira, a Tolypeutes tricinctus. A T. matacus vive no Pantanal, na Bolívia, no Paraguai e na Argentina.

Segundo Leandro Jerusalinsky, do ICMBio, o plano traça ações para promover mais conhecimento sobre as espécies, como atualizar as áreas de ocorrência, estimar tamanho populacional, conhecer melhor sua ecologia e biologia e quanto tempo as espécies podem levar para se recuperar. Outra frente propõe uma maior proteção ao hábitat, e uma terceira focaliza na fiscalização contra a caça.

Os pesquisadores pedem rapidez para a criação de duas unidades de conservação prometidas: o Parque Nacional do Boqueirão da Onça, de 300 000 hectares na Bahia, que está em estudo há mais de doze anos no Ministério do Meio Ambiente; e o Parque Estadual do Tatu-Bola, previsto para ter 75 000 hectares no sertão de Pernambuco.

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(Com Estadão Conteúdo)

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