Peixe-leão, nocivo à fauna, é encontrado na costa brasileira
Natural do Indo-Pacífico, a espécie já invadiu o Caribe, e chegou ao Brasil
Um grupo de mergulhadores da empresa carioca Queiroz Divers encontrou, em 1º de março, um peixe-leão no ponto de mergulho Anequim, em Arraial do Cabo, no Rio de Janeiro. Fotos e um vídeo do animal, postados no dia seguinte, estão circulando pela internet. Ainda não se sabe ao certo como o peixe, uma das maiores ameaças à biodiversidade marinha do Caribe, chegou à nossa costa. Já é a segunda aparição do peixe-leão no Brasil. A primeira foi há menos de um ano, em maio de 2014, também em Arraial do Cabo. O que se tem ciência sobre o caso, porém, é grave: venenosa, a espécie é uma grande ameaça à conservação da fauna marinha.
Animal de valor ornamental, o peixe-leão é conhecido por enfeitar aquários, mas se torna muito perigoso quando solto em habitats aos quais não pertence (ele é natural de recifes do Indo-Pacífico). No topo da cadeia alimentar, e capaz de depositar milhares de ovos, a espécie elimina rivais com seu veneno e ameaça a sobrevivência de corais de recife. Ele foi introduzido no Caribe por sua inegável beleza. Só que acabou por se transformar em vilão. “A invasão do peixe-leão é provavelmente o maior desastre ambiental que o Oceano Pacífico já teve de enfrentar”, disse Graham Maddocks, presidente da fundação Ocean Support, que trabalha ao lado de governos para diminuir a população da espécie no Caribe.
A distribuição do peixe-leão estava restrita ao Indo-Pacífico. Ao longo dos últimos vinte anos, porém, a espécie se espalhou pelo Caribe, causando diversos problemas ao ecossistema da região. Pesquisadores não sabem como ele chegou ao Brasil (parte aposta que sua introdução foi intencional; outra acredita que é consequente de algum acidente com aquários que continham exemplares).
A bióloga June Dias, da USP, ressalta a necessidade de tomar medidas urgentes para a captura do animal na costa brasileira: “A diversidade da fauna é muito grande no Brasil, mas temos um número pequeno de indivíduos por espécie. Então, introduzir um animal exótico, que não tem predador natural aqui, é bastante problemático”.