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Escola da inovação

De um destilador de água do mar a um sismógrafo de apenas 38 reais, conheça os destaques da maior feira de ciências do país

Por Marco Túlio Pires
Atualizado em 6 Maio 2016, 17h09 - Publicado em 23 mar 2011, 17h57

Um desfibrilador que custa um décimo do convencional, um destilador que transforma água do mar em água potável e um sismógrafo de apenas 38 reais são os destaques da Feira Brasileira de Ciências e Engenharia (Febrace), a maior do gênero no país, que começou nesta terça-feira (22) em uma tenda montada no estacionamento da Escola Politécnica da Universidade de São Paulo (USP).

Em sua nona edição, a feira reúne alunos do ensino fundamental, médio e técnico de todas as regiões brasileiras com projetos em todas as áreas do conhecimento. Os 670 participantes são vencedores de etapas regionais e os 274 projetos concorrem a 9 vagas para participar da feira internacional de ciências, a maior do mundo, realizada nos EUA uma vez por ano.

Projetos divulgados na Febrace já viraram realidade, mesmo vindo de alunos que ainda não completaram o ensino básico. Em 2006, por exemplo, as estudantes Laís Delbianco e Laís Peixoto, de Limeira, no interior de São Paulo, desenvolveram uma forma de utilizar resíduos da produção de estanho para a fabricação de pigmentos para cerâmica. A ideia recebeu apoio financeiro da Votorantim, e a dupla abriu uma empresa em 2010 para tocar o projeto comercialmente.

Desfibrilador de 800 reais – No Brasil, 270 mil pessoas são vítimas de morte súbita provocada por arritmia cardíaca por ano, de acordo com a Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas. A arritmia cardíaca é provocada por uma série de alterações elétricas que desregulam o ritmo do coração. Pode ser corrigida pela descarga elétrica de um desfibrilador, mas o equipamento tem que chegar rápido à vítima. “O desfibrilador é um equipamento caro – cerca de 10.000 reais – e de difícil manuseio”, diz Felipe Hime, estudante fluminense de 17 anos. “Apenas especialistas podem utilizá-lo.” O avô de Felipe morreu de arritmia. Marcado pela perda, o aluno do Colégio de Aplicação Emmanuel Leontsinis, em Campo Grande (Rio de Janeiro), reuniu outros dois colegas de turma – Ana Rodrigues e Charles Cleivin – e, juntos, desenvolveram um desfibrilador com custo médio de 800 reais e de simples manuseio. “Basta colocá-lo sobre a pessoa, e o aparelho verifica se há uma arritmia e se é necessária a descarga elétrica”, explica Charles. A ideia já foi patenteada, e os alunos agora procuram investidores.

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Sismógrafo de 38 reais – Com pedaços de madeira, uma placa de alumínio, uma caneta laser e um mouse ótico, as estudantes Fernanda Costa e Hélida Helena de Souza, da Fundação Liberato, em Novo Hamburgo (Rio Grande do Sul), construíram um sismógrafo (aparelho que mede tremores de terra) com apenas 38 reais. O equipamento é sensível o suficiente para detectar os sutis tremores do solo brasileiro e chamou a atenção de estudantes de geofísica que visitaram a feira – eles prometeram mostrá-lo para os professores da USP. Os sismógrafos convencionais podem custar até 15.000 reais.

Inovação – Os desafios lançados dentro da sala de aula também motivaram projetos na feira. Durante uma aula de geografia no Colégio Damas, em Recife, o professor das alunas Maria Esther Marinho e Bianca Guerra Tavares, da terceira série do ensino médio, fez a seguinte pergunta: “Por que o mundo sofre com a falta de água se estamos cercados pelo mar?”. O questionamento do professor foi o incentivo para construção de um sistema de destilamento de 30 reais, capaz de transformar dois litros de água do mar em um litro de água potável em duas horas e meia. Orientadas pela professora de biologia Daniela Gomes, as duas alunas colocaram uma panela de pressão ligada a uma serpentina de cobre e um recipiente. A água do mar é fervida na panela de pressão e o vapor é convertido em água novamente na serpentina de cobre, até chegar ao recipiente. “A água é limpa, e o gosto é o mesmo da que estamos acostumados a beber”, garante Bianca.

São as ideias simples, com a utilização inteligente e inovadora de recursos, que destacam a feira, na opinião de Roseli de Deus Lopes, coordenadora geral da Febrace. Desde a primeira edição, em 2003, a Febrace mais que triplicou o número de participantes. Há 8 anos, foram 190 participantes e em 2011, são 670. A coordenadora afirma que a maioria das instituições são públicas e filantrópicas. No sábado (25), os alunos conhecerão os 9 projetos vencedores, que vão concorrer a vagas para participar da feira internacional. “É um espaço de visibilidade para alunos e professores mostrarem que a inovação científica está no DNA dos jovens brasileiros”, avalia Roseli.

9ª Febrace – Feira Brasileira de Ciências e Engenharia. De 22 a 24 de março, das 14h as 19h. Endereço: Escola Politécnica da USP – Butantã, São Paulo. Entrada gratuita. Site: www.febrace.org.br

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