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Jovem cria fita para plantio que aumenta produtividade de pequeno agricultor

O engenheiro agrônomo Mateus Marrafon criou uma tira de fibra de celulose com a quantidade certa de sementes dispostas com o afastamento adequado. Ao agricultor, cabe apenas enterrar essa fita no solo

Por Juliana Santos
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h10 - Publicado em 18 set 2014, 13h06

Selo PJI 2014 ()

Para o pequeno agricultor, o posicionamento das sementes no plantio é um dos grandes desafios. Pode parecer de pouca importância, mas essa decisão determina a produtividade do terreno. Próximas demais umas das outras, as sementes germinam competindo entre si por alimento, o que faz com que se desenvolvam menos. Mais afastadas do que o necessário, a produtividade para um mesmo espaço de terra cai, prejudicando o agricultor. Depois de vivenciar esse problema de perto, semeando milho com sua mãe em Iracemápolis, no interior de São Paulo, o engenheiro agrônomo Mateus Marrafon encontrou uma solução simples e inovadora.

Aos 29 anos, o pesquisador do Instituto Kairós de Itu criou uma fita de fibra de celulose em que a quantidade certa de sementes é colocada com o afastamento adequado. Cabe ao agricultor apenas enterrar essa fita no solo, o que pode ser feito manualmente ou com o uso de máquinas agrícolas. A fita se degrada na presença de umidade, deixando a semente livre para germinar. “Os pequenos agricultores geralmente plantam do jeito que seus avós sempre plantaram e dificilmente têm um agrônomo para ajudar e regular a máquina. Com a fita a gente garante que ele plante a melhor quantidade de sementes para a área que tem”, explica Marrafon.

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Financiamento – Mateus teve essa ideia antes de ingressar na faculdade de agronomia, mas foi lá que começou a desenvolver o projeto. Os primeiros testes foram feitos em 2006, e no ano passado a iniciativa recebeu, por meio do programa Grand Challenges Explorations (GCE) da Fundação Bill & Melina Gates, um financiamento de 100 000 dólares. O custo da fita pronta varia conforme o tipo de semente utilizado e a preparação feita com ela. Para o plantio de milho, com uma das melhores sementes disponíveis, o custo é de 30 centavos por metro. Marrafon explica que o custo pode ser reduzido de acordo com a necessidade do agricultor. Em escala comercial, a produção fica mais barata.

Além de permitir um espaçamento adequado no plantio, a fita tem a vantagem de auxiliar a balancear os micronutrientes encontrados no solo, melhorando a qualidade da safra. O método pode ser utilizado com qualquer tipo de semente e de cultura, personalizado para diferentes solo e para a região onde as sementes serão plantadas. Por absorver umidade do solo, a fita aumenta o contato da semente com a água, fazendo com que ela germine de forma mais rápida e uniforme.

Outra vantagem desse tipo de plantio é que ele permite acelerar a semeadura. Com as máquinas usadas para o método tradicional, a recomendação é que o plantio do milho, por exemplo, seja feito a uma velocidade entre 6 a 8 quilômetros por hora. Marrafon afirma que alguns produtores chegam até a 12 km/h, mas assim arriscam comprometer a qualidade da distribuição de sementes. Com a fita, essa interferência deixa de existir. “O agricultor pode acelerar o quando quiser, contanto que o terreno e a resistência da fita permitam.” Em testes, a fita já suportou 28 km/h, e o pesquisador acredita ser possível superar essa marca.

Também para o milho, o pesquisador criou uma fita especial, com o chamado espaçamento perfeito. Melhorando o espaçamento entre as fileiras de plantio e intercalando a posição das sementes, esse método, voltado para o pequeno agricultor, garante 50% de aumento na produção. A posição das folhas do milho também é controlada por meio das sementes, garantindo que uma não faça sombra na outra e aumentando a fotossíntese realizada.

Marrafon desenvolve a pesquisa atualmente em um espaço pessoal, sem ligação com universidades ou instituições de pesquisa. Seu principal objetivo é difundir o uso da fita na agricultura familiar, para combater a fome e ajudar no desenvolvimento do país. Um dos planos é criar um programa de “agrônomos sem fronteiras”, no qual profissionais ensinariam pequenos agricultores a fazer a fita, regular a máquina e plantá-la. De volta às suas regiões, os produtores tentariam copiar o modelo de plantio, sendo assistidos no que precisassem.

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Futuro – O pesquisador busca encontrar novos materiais para compor a fita, principalmente para que seja possível controlar o tempo até o início da germinação. Isso permitiria que o plantio fosse feito apenas uma vez, com as sementes de inverno e de verão juntas. Uma delas degradaria primeiro, e um dos tipos de planta germinaria. Meses depois, feita a colheita, um estimulante seria aplicado ao solo, dando o sinal para a segunda fita degradar e permitir o início do plantio da outra estação. “Ainda não é possível, mas acredito que em até sete anos vamos resolver isso”, acredita Marrafon.

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