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Israelense ganha o Nobel de Química pelos quasicristais

Descoberta de Daniel Shechtman derrubou paradigma científico, diz Academia

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h58 - Publicado em 5 out 2011, 08h22

Shechtman é o único a ganhar sozinho o Nobel de 2011 nas categorias científicas – os outros prêmios foram compartilhados

A Academia Real Sueca de Ciências dedicou o Prêmio Nobel de Química de 2011 ao químico israelense Daniel Shechtman. O pesquisador do Instituto de Tecnologia de Israel foi o responsável pela descoberta dos quasicristais, estruturas da matéria antes consideradas impossíveis. O químico foi reconhecido por seu trabalho “notável, solitário, tenaz” e “baseado em sólidos dados empíricos”, destacou o comunicado da Academia. De acordo com o comitê Nobel, a descoberta de Shechtman alterou fundamentalmente como os químicos concebem a matéria sólida. (continue com a leitura da matéria)

Vencedor do Prêmio Nobel de Química de 2011

Daniel Shechtman ()
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Daniel Shechtman nasceu em Tel Aviv, Israel, em 1941. É doutor em química pelo Instituto de Tecnologia de Israel e atualmente é professor na instituição. Ele é o único a ganhar sozinho o Nobel de 2011 nas categorias científicas (medicina, física e química) – os outros prêmios foram compartilhados.

Daniel Shechtman

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QUASICRISTAIS

São estruturas ordenadas da matéria, mas que não são periódicas. Também chamados sólidos quase-periódicos, são maus condutores de eletricidade e extremamente duros e resistentes à deformação, por isso podem ser usados como materiais protetores antiaderentes.

PROPORÇÃO ÁUREA

A proporção áurea é um número que surge em vários elementos da natureza na forma de uma razão. Seu valor arredondado é 1,618. Pode ser encontrado na proporção em conchas, seres humanos (tamanho dos ossos dos dedos, por exemplo) e até na relação da quantidade de machos e fêmeas de colmeias. As pirâmides egípcias também seguem a proporção áurea: cada bloco era 1,618 vezes maior que o bloco do nível acima. As câmaras internas das pirâmides também seguiam essa proporção, com os comprimentos 1,618 vezes maior que a largura.

ALFRED NOBEL

Alfred Nobel foi um cientista sueco. Ficou conhecido pela invenção da dinamite. Depois de ter sido taxado como “mercador da morte” por um jornal francês, Nobel deixou instruções em seu testamento para que todo seu dinheiro, cerca de 190 milhões de dólares, fosse dedicado à fundação do Prêmio Nobel. O jornal dizia que o cientista seria lembrado pela dinamite e sua habilidade de matar mais pessoas do que antes. Nobel morreu duas semanas depois de ter incluído o prêmio em seu testamento, em 1896. Física, química, medicina, literatura e paz foram os primeiros prêmios, entregues em 1901.

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Na manhã de 8 de abril de 1982, uma imagem que contrariava as leis da natureza apareceu no microscópio de Shechtman. Os cientistas acreditavam que, na matéria sólida conhecida, todos os átomos eram armazenados em cristais que formavam padrões simétricos repetidos periodicamente. Essa repetição era necessária para se obter um cristal, acreditavam os cientistas.

A imagem de Shechtman, contudo, mostrava que os átomos no cristal estavam organizadas em um padrão que não poderia se repetir. Ou seja, não era formado por unidades menores repetidas, mas por uma espécie de “mosaico árabe”. A descoberta foi controversa. Enquanto defendia seus resultados, Shechtman foi convidado a deixar o grupo de pesquisa que participava. Porém, a insistência do químico fez com que outros cientistas reconsiderassem a natureza da matéria.

Os padrões dos quasicristais são como os mosaicos aperiódicos encontrados em construções islâmicas medievais, como o Palácio de Alhambra, na Espanha, e o santuário Darb-i Imam, no Irã. Nesses mosaicos, assim como nos quasicristais, os padrões são regulares, seguem regras matemáticas, mas nunca se repetem.

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Quando os cientistas descrevem os quasicristais de Shechtman, eles usam um conceito que vem da matemática e da arte: a proporção áurea. Esse número já chamou a atenção de matemáticos na Grécia Antiga por aparecer frequentemente na geometria. Em quasicristais, por exemplo, a taxa de várias distâncias entre os átomos está relacionada com a proporção áurea.

Seguindo a descoberta de Shechtman, cientistas produziram outros tipos de quasicristais em laboratório e encontraram formas naturais em amostras minerais de um rio russo. Uma empresa sueca também encontrou quasicristais em um tipo de aço, onde cristais reforçam o material como uma armadura. Atualmente, pesquisadores estão experimentando os quasicristais em diferentes produtos, como frigideiras e motores a diesel.

Ganhadores – O Nobel de Química fechou a rodada científica dos prêmios, que teve início na segunda-feira, com a categoria Medicina, para o americano Bruce Beutler, o franco-luxemburguês Jules Hoffmann e o canadense Ralph Steinman, falecido na sexta-feira passada. Na terça-feira foi anunciado o prêmio de Física, dividido entre os astrônomos americanos Saul Perlmutter, Brian P. Schmidt e Adam G. Riess.

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Na quinta-feira, será divulgado o vencedor da láurea de Literatura e, na sexta-feira, o da Paz. Na segunda-feira será a vez da distinção de Economia, encerrando a série. A entrega dos prêmios será realizada, como manda a tradição, em duas cerimônias paralelas, em Oslo para o da Paz e em Estocolmo para os demais, no dia 10 de dezembro, aniversário da morte de Alfred Nobel.

(Com agência EFE)

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