Identificadas 700 variações no DNA que determinam a altura de uma pessoa
Pesquisadores acreditam que, com a descoberta, já é possível explicar 20% da propensão genética de uma pessoa a atingir determinada estatura
Um estudo científico internacional identificou cerca de 700 variações genéticas que ajudam a definir a altura de uma pessoa – o triplo das mutações conhecidas até hoje. As descobertas, segundo os autores da pesquisa, podem levar a melhores tratamentos para doenças que causam problemas de crescimento ou cujo risco é determinado pela estatura do indivíduo.
Essa é a maior pesquisa feita até o momento sobre a relação entre genética e estatura. O trabalho foi feito por um grupo de cientistas de vários países chamado GIANT (sigla em inglês para Investigação Genética de Traços Antropométricos).
No estudo, publicado na nova edição da revista Nature Genetics, a equipe analisou o DNA de mais de 250 000 pessoas de alturas diferentes. Os pesquisadores conseguiram identificar 697 variações genéticas comuns que ocorrem em 423 regiões do DNA e que são associadas à estatura.
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Associação – Segundo os pesquisadores, estima-se que até 80% da altura de uma pessoa é determinada pelo seu genoma, e o restante, por fatores ambientais, como alimentação. Com as novas descobertas, os cientistas agora conseguem explicar 20% da propensão genética de uma pessoa a atingir determinada estatura. “Antes desse estudo, conseguíamos explicar 12%”, diz Tonu Eskio, um dos autores do trabalho e pesquisador da Universidade Harvard, nos Estados Unidos, e do Centro de Genoma da Estônia.
A pesquisa confirma que não existe apenas uma variação genética que faz com que uma pessoa seja mais alta ou mais baixa. A estatura é determinada por um conjunto de várias mutações que ocorrem em regiões do DNA relacionadas aos processos mais variados, que vão desde o crescimento ósseo até a replicação das células do corpo.
Estudos já apontaram para possíveis relações entre a altura de uma pessoa e o risco de doenças como osteoporose, câncer e problemas cardíacos. Uma pesquisa da Universidade Oxford, Grã-Bretanha, publicada em 2011, por exemplo, acompanhou mais de 1 milhão de mulheres e descobriu que as mais altas tinham chances até 16% maiores de desenvolver tumores comuns, como de mama e ovário. A nova pesquisa do GIANT, portanto, pode ajudar a descobrir se essas associações de fato e existem – e o motivo pelo qual ocorrem.
“A nossa pesquisa também podem tranquilizar pais que ficam preocupados ao ver que os seus filhos não estão crescendo como o esperado. A maioria dessas crianças simplesmente herdou uma grande quantidade de genes associados a uma estatura baixa, e não possuem nenhuma doença grave”, diz Timothy Frayling, professor da Universidade de Exeter, na Grã-Bretanha, e um dos coordenadores da análise.
(Com AFP)