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Nanismo explica evolução dos ‘hobbits’ da Ilha de Flores

Cérebro do 'Homo floresiensis' equivale a 1/3 o do homem moderno. Segundo estudo, espécie encolheu para sobreviver em ambiente de recursos limitados

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h21 - Publicado em 17 abr 2013, 18h04

Em 2003, pesquisadores encontraram em uma caverna na Ilha de Flores, na Indonésia, fósseis de nove hominídeos diferentes de qualquer ancestral humano. Com cerca de um metro de altura, 25 quilos e uma cabeça pequena, contendo um cérebro de tamanho similar ao dos chimpanzés, os Homo floresiensis se tornaram um mistério evolutivo. Tendo vivido há cerca de 12.000 anos, os pesquisadores tinham dificuldades em estimar sua localização exata na escala de desenvolvimento dos hominídeos – não sabiam de que espécie eles teriam surgido e como teriam chegado até a ilha. Uma pesquisa publicada nesta quarta-feira na revista Proceedings of the Royal Society B, no entanto, ajuda a explicar sua origem.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Brain size of Homo floresiensis and its evolutionary implications

Onde foi divulgada: periódico Proceedings of the Royal Society B

Quem fez: Daisuke Kubo, Reiko T. Kono e Yousuke Kaifu

Instituição: Universidade de Tóquio, Japão

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Dados de amostragem: O crânio de um hominídeo encontrado na ilha das Flores, na Indonésia

Resultado: Segundo análises realizadas pelos pesquisadores, o cérebro da espécie tinha um volume de apenas 426 centímetros cúbicos. Isso poderia ser explicado por uma redução para se adaptar à escassez de recursos

Segundo o estudo, os Homo floresiensis podem ter diminuído de tamanho depois de terem chegado à ilha de Flores, onde não foram muito bem sucedidos e tiveram de reduzir seu gasto de energia para sobreviver em um ambiente de recursos limitados. Após escanear um dos crânios encontrados no local, os pesquisadores concluíram que a espécie seria um descendente perdido do Homo erectus – hominídeo ancestral dos humanos que viveu há até 300.000 anos -, que teria progressivamente encolhido através das gerações para adaptar suas necessidades aos recursos pouco abundantes.

Este fenômeno de “nanismo insular” já é bem conhecido entre os animais. Os hipopótamos pigmeus que viveram antigamente em Madagascar apresentavam também um cérebro 30% menor em relação ao seu tamanho. E, graças a vestígios encontrados em uma caverna, os cientistas sabem que o Homo floresiensis caçava e comia elefantes pigmeus, que certamente passaram pelo mesmo fenômeno evolutivo. Por causa de seu tamanho, a espécie de hominídeos ganhou o apelido de hobbit, em homenagem aos diminutos personagens da saga O Senhor dos Anéis, escrita por J. R. R. Tolkien.

A origem dos hobbits – Segundo a modelagem realizada pelos cientistas, o volume do cérebro da espécie era de apenas 426 centímetros cúbicos, contra 860 centímetros cúbicos do Homo Erectus e cerca de 1.300 do homem moderno. A explicação mais plausível para essa diferença seria uma adaptação adquirida ao longo de milênios. “É possível que um Homo erectus de Java (também na Indonésia) tenha migrado para uma ilha isolada e evoluído como Homo floresiensis em razão de um nanismo insular marcado”, avaliou Yousuke Kaifu, do Museu Nacional da Natureza e da Ciência de Tóquio, que participou do estudo.

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Os cientistas deram, ainda, outra possível explicação para seu tamanho. A teoria diz que estes hobbits descenderiam de um hominídeo mais primitivo que o Homo erectus, o Homo habilis, que possuía um cérebro ainda mais reduzido. Com essa explicação, a redução cerebral pela qual a espécie teria de passar ao chegar à ilha seria menor. O problema com essa ideia, no entanto, é que não existem evidências de que o Homo habilis tenha posto seus pés na Ásia.

Ilha de Flores

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Os esqueletos do Homo floresiensis foram encontrados na ilha de Flores, localizada na Indonésia. Os pesquisadores estimam que eles tenham chegado ali a partir da ilha de Java.

(Com Agência France-Presse)

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