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Formiga ‘paulista’ é caso raro na história da evolução

Descoberta de inseto no interior de SP confirma que é possível uma nova espécie surgir sem que haja isolamento geográfico, o processo mais comum

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h10 - Publicado em 22 ago 2014, 16h22

Uma espécie de formiga parasita, descoberta no interior paulista, deu impulso para uma teoria de formação das espécies raramente comprovada. Encontrada no campus da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Rio Claro, o inseto – jamais visto em outro lugar do mundo – surgiu a partir de formigas de sua própria colônia, sem precisar se isolar geograficamente, de acordo com estudo publicado na última quinta-feira, na revista Current Biology.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: A Social Parasite Evolved Reproductive Isolation from Its Fungus-Growing Ant Host in Sympatry

Onde foi divulgada: periódico Current Biology

Quem fez: Christian Rabeling, Ted R. Schultz, Naomi E. Pierce, Maurício Bacci Jr.

Instituição: Universidade Harvard, Universidade de Rochester, Museu de História Natural do Smithsonian Institution, nos EUA, e Universidade Estadual Paulista (Unesp), no Brasil.

Resultado: Os pesquisadores descobriram a espécie Mycocepurus castrator, que surgiu a partir de formigas de sua própria colônia, contrariando a teoria clássica de que novas espécies apareceriam a partir do isolamento geográfico de um grupo

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De acordo com a teoria mais comum do processo de especiação, entretanto, espécies novas aparecem a partir do isolamento geográfico de um grupo. “Conseguimos fortes evidências de que a especiação também pode acontecer dentro de uma mesma colônia. É raríssimo encontrar esse mecanismo”, diz Maurício Bacci Júnior, pesquisador do Instituto de Biociências da Unesp e um dos autores do artigo.

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Insetos diferentes – Especialista em formigas, Bacci descobriu a nova espécie em 2006, com o colega alemão Christian Rabeling, da Universidade de Rochester, ao escavar um formigueiro de Mycocepurus goeldii, espécie comum em toda a América do Sul.

“Percebemos que havia formigas menores, o que geralmente é característica de parasitas”, explicou. Ao estudar o comportamento dos animais, os pesquisadores perceberam que a nova espécie – batizada de Mycocepurus castrator – é, de fato, parasita. Recebeu o nome de “castrator” por inibir a procriação da hospedeira. “Ela coloca todo o formigueiro a seu serviço. Enquanto as outras trabalham, ela come e se reproduz.”

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De acordo com o cientista, para confirmar a origem da parasita, a equipe realizou um procedimento de datação com base em biologia molecular, relacionando o número de mutações a referências geológicas encontradas no formigueiro. Com um teste estatístico, foi determinado que a M. goeldii surgiu há cerca de 2 milhões de anos, enquanto a M. castrator apareceu há apenas 37.000 anos.

“Isso nos deu a evidência de um raro caso de especiação simpátrica, isto é, de surgimento de uma nova espécie sem presença de barreiras geográficas.” Segundo ele, ao relacionar parasitismo e especiação simpátrica, o estudo abre caminho para novas descobertas.

Castradora – Todas as formigas do gênero Mycocepurus são “agricultoras”: levam folhas para o formigueiro e as depositam em uma colônia de fungos, que degradam os vegetais. As formigas se alimentam dos resíduos. A formiga parasita, no entanto, apenas come o que as outras produzem e sua única atividade é procriar. “As hospedeiras se reproduzem, mas passam a gerar apenas formigas estéreis, que trabalham para a parasita”, explica Bacci.

Assim, a Mycocepurus castrator usa todo o sistema do formigueiro em seu benefício, sem precisar despender energia para outras tarefas além de gerar mais parasitas. “Ela não se arrisca fora do formigueiro, diante de predadores, nem para buscar comida ou para se reproduzir.”

(Com Estadão Conteúdo)

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