Ficar muito tempo sentado desgasta o DNA
Estudo encontrou relação entre sedentarismo e danos a uma estrutura responsável por proteger o cromossomo dentro da célula
Diversos estudos já concluíram que permanecer muito tempo sentado é prejudicial à saúde. Uma extensa pesquisa australiana, publicada no ano passado, por exemplo, chegou a sugerir que o hábito pode dobrar as chances de uma pessoa morrer. Agora, um novo trabalho do Instituto Karolinska, na Suécia, pode ajudar a explicar essa relação.
CONHEÇA A PESQUISA
Título original: Stand up for health-avoiding sedentary behaviour might lengthen your telomeres: secondary outcomes from a physical activity RCT in older people
Onde foi divulgada: British Jornal of Sports Medicine
Quem fez: Per Sjögren, Rachel Fisher, Lena Kallings, Ulrika Svenson, Göran Roos e Mai-Lis Hellénius
Instituição: Instituto Karolinska e Universidade Uppsala, Suécia
Resultado: Ficar muito tempo sentado parece encurtar os telômeros, estruturas que protegem o DNA, de forma mais rápida.
Segundo esse novo estudo, pessoas que passam muito tempo sentadas tendem a ter telômeros mais curtos. Telômeros são estruturas localizadas nas extremidades dos cromossomos e servem para proteger o DNA quando a célula se divide, evitando mutações genéticas. São como o plástico presente nas pontas de um cadarço de sapato, por exemplo. A cada divisão celular, os telômeros se tornam mais curtos, até ficarem tão reduzidos que impedem a célula de se dividir novamente.
De acordo com a pesquisa, o segredo para evitar o desgaste dessas estruturas é reduzir o tempo sentado em frente ao computador ou à televisão, independentemente da prática de exercícios.
Análise – Para chegar a essa conclusão os pesquisadores avaliaram 49 pessoas sedentárias na faixa dos 60 anos, todas obesas ou com sobrepeso. Metade desses indivíduos foi submetida a um programa de exercício físico e o restante manteve o sedentarismo. Todos anotaram em um diário suas atividades diárias e utilizaram um pedômetro, aparelho que calcula quantos passos uma pessoa dá no dia.
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A equipe analisou amostras de células dessas pessoas duas vezes: uma no início do estudo e a outra, seis meses depois. Os pesquisadores não encontraram uma relação entre andar mais no dia ou praticar atividade física e telômeros mais longos. No entanto, reduzir o tempo sentado parece contribuir positivamente para a preservação dessas estruturas.
“Existe uma crescente preocupação com o fato de que as pessoas precisam praticar mais atividade física, mas talvez o tempo que elas passam sentadas também represente um perigo para a nossa saúde”, escreveram os pesquisadores no artigo, que foi publicado nesta semana no periódico British Journal of Sports Medicine.