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DNA da mosca tsé-tsé, que transmite a doença do sono, é decifrado

Descoberta pode ajudar no desenvolvimento de métodos para controlar a doença, que afeta cerca de 20.000 pessoas na África

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h12 - Publicado em 25 abr 2014, 13h22

Um projeto que já dura dez anos, envolvendo universidades de diversos países como Estados Unidos, Japão e Inglaterra, conseguiu sequenciar com sucesso o código genético da mosca tsé-tsé. A descoberta pode significar um grande avanço no controle da doença do sono, uma das enfermidades mais devastadoras da África, que ataca o sistema nervoso central e afeta o relógio biológico. A doença causa alterações de personalidade e tem sintomas que incluem confusão mental e dificuldade de andar e falar. Sem tratamento, ela pode provocar coma e ser fatal.

CONHEÇA A PESQUISA

Título original: Genome Sequence of the Tsetse Fly (Glossina morsitans): Vector of African Trypanosomiasis

Onde foi divulgada: periódico Science

Quem fez: International Glossina Genome Initiative (Iniciativa Internacional do Genoma da Glossina, em tradução livre)

Instituição: Universidade de Tóquio, Japão, Universidade de Liverpool, Inglaterra, Universidade Yale, EUA, e outras

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Resultado: Os pesquisadores decifraram o genoma da mosca tsé-tsé, que transmite o parasita causador da doença do sono

Cerca de 70 milhões de pessoas em 36 países da África subsaariana se encontram em situação de risco. Em 2009, após diversos esforços para controlar a doença, a Organização Mundial de Saúde contabilizou 9.878 casos – um número abaixo de 10.000 pela primeira vez em 50 anos. Em 2012 foram registrados 7.216 casos, mas estima-se que a quantidade real beire os 20.000.

A doença do sono é causada por protozoários do gênero Trypanosoma, sendo o mais comum o Trypanosoma brucei, responsável por mais de 98% dos casos. Eles são transmitidos aos seres humanos por meio da picada da mosca tsé-tsé, que o contrai ao se alimentar do sangue de animais ou outros humanos infectados. As pessoas infectadas podem passar meses ou até anos sem apresentar sintomas, que só aparecem em estágios mais avançados.

Métodos tradicionais de controle, como tornar os machos estéreis e aplicar pesticidas são caros e difíceis de implantar na região. Como a doença do sono afeta também o sistema imunológico, torna-se difícil criar uma vacina. Assim, as informações genéticas vão permitir aos pesquisadores desenvolver uma estratégia alternativa para controlar a doença.

“Essencialmente, nós decodificamos a sequência genética de que essas moscas são feitas”, explica Neil Hail, geneticista e um dos líderes do projeto. “Agora nós teremos como identificar os genes que controlam sua alimentação ou reprodução. Isso abre o caminho para estudos mais aprofundados sobre como controlar essas moscas, para que não infectem as populações africanas”, completa o professor.

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Comportamento único – Em diversos aspectos, a tsé-tsé apresenta um comportamento único. Ela só se alimenta do sangue de vertebrados, dá à luz a indivíduos jovens, em vez de botar ovos, e alimenta esses ‘filhotes’ com uma substância quimicamente similar ao leite. Os novos dados genéticos descobertos também vão ajudar biólogos a comparar essas moscas com outros insetos, e determinar como essa espécie diferente se desenvolveu.

Cerca de 140 cientistas trabalham no projeto, denominado International Glossina Genome Initiative (Iniciativa Internacional do Genoma da Glossina, em tradução livre.Glossina morsitans é o nome científico da tsé-tsé), que ainda não foi finalizado. O mapa genético inicial foi analisado mais de perto por especialistas, a fim de identificar os genes relacionados ao olfato, paladar, visão, reprodução, digestão, alimentação, sistema imunológico, metabolismo e resposta aos stress na mosca. Os resultados foram adicionados a uma base de dados gratuita sobre a tsé-tsé, para que pesquisadores do mundo todo possam utiliza-los em suas pesquisas.

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“Decodificar esse genome tem sido um processo longo e cansativo, mas agora que s dados estão disponíveis para os pesquisadores, uma gama de possibilidades para controlar a doença do sono se abre”, conclui Hall.

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