Crianças de três anos têm senso de justiça
Ao invés de punirem agressores, os pequenos preferem ajudar as vítimas
Crianças têm reputação de teimosas, egoístas e incapazes de dividir as coisas. Mas um estudo publicado nesta quinta-feira, 18, no veículo Cell Press mostrou que os pequenos, entre três e cinco anos, têm um nível surpreendente de preocupação com os outros e senso intuitivo de justiça. Segundo a pesquisa, as crianças preferem devolver itens perdidos aos seus proprietários e impedem terceiros de tomar aquilo que não os pertence. Na faixa etária estudada, as crianças são tão propensas a responder às necessidades de outro indivíduo como são para as suas próprias, mesmo quando o “outro” é representado por um fantoche.
Conduzida por pesquisadores do Instituto Max Planck de Antropologia Evolucionária, na Alemanha, da Universidade de Manchester, na Inglaterra, e da Universidade de St. Andrews, na Escócia, as descobertas mostram uma nova visão sobre a natureza do senso de justiça. “Parece que esse conceito, centrado no dano causado às vítimas, emerge cedo na infância”, escreveram os cientistas.
Leia também:
Os emojis que ajudam a criança a falar sobre abusos
Crianças confiam mais nos pets do que em irmãos
Uma maneira de entender as raízes da justiça na sociedade humana é estudar o surgimento precoce dessa característica em crianças. O artigo mostrou que elas são mais propensas a compartilhar com um fantoche que ajudou outro indivíduo do que com amigos que se comportaram mal. Além disso, os pequenos preferem que sejam punidos apenas aqueles que fizeram algum mal, e não os que se comportaram. No Instituto Max Planck, os pesquisadores deram às crianças a oportunidade de retirar objetos de um fantoche que havia “roubado” de outro. Quando ofereceram opções, elas preferiram devolver o item ao dono do que punir o trapaceiro, retirando o artefato de perto dele.
“A mensagem desse estudo é que as crianças pré-escolares são sensíveis com os outros e podem entender o dano causado à vítima”, disse o psicólogo Keith Jensen, da Universidade de Manchester, um dos autores do estudo.
(Da redação)