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Canto de grilo pré-histórico é reconstituído

Canção do 'Archaboilus musicus', que viveu há 165 milhões de anos, ajuda a entender a evolução da audição dos animais

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h46 - Publicado em 7 fev 2012, 16h42

Uma “canção de amor” de 165 milhões de anos pode ser ouvida novamente hoje graças ao trabalho de paleontólogos e especialistas em insetos. O autor da música é um grilo pré-histórico cujo fóssil foi encontrado muito bem preservado em rochas jurássicas chinesas por pesquisadores da Universidade Normal de Pequim – tão bem preservado que mantinha nas asas as estruturas usadas para emitir um som ritmado e atrair fêmeas.

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O GRILO E O CANTO

O som emitido pelos grilos tem origem na fricção de uma fileira de pequenos pelos em uma das asas dos bichos machos com uma estrutura rígida na outra asa. Cada uma das cerca de 900 espécies de grilos que existem atualmente tem um canto característico. O som serve para atrair as fêmeas e acasalar. Pelo canto, as fêmeas sabem se o macho é forte, saudável e merecedor de uma combinação de genes para gerar a prole. Os melhores cantores, portanto, levam a melhor.

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Curiosos, os pesquisadores chineses mostraram o fóssil para dois especialistas em biomecânica do canto e audição dos insetos da Universidade de Bristol, no Reino Unido e para um biólogo especialista em insetos da Universidade do Kansas, nos Estados Unidos.

Juntos, os cientistas foram capazes de reproduzir o som emitido pelo grilo Archaboilus musicus nas noites do período Jurássico, compreendido entre 199 e 145 milhões de anos atrás. A forma do ‘instrumento’ do grilo e comparações com o canto de 59 espécies modernas possibilitaram a reconstituição do som. No vídeo abaixo, ouça o canto do grilo pré-histórico. (continue lendo a reportagem).

http:https://www.youtube.com/embed/kM2QxJGPi6I

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O A. musicus não reinava sozinho nas paradas de sucesso jurássicas. Os cientistas acreditam que ele competia com outros sons, como o coaxar de anfíbios. E tinha que se fazer ouvir pelo maior número possível de fêmeas ao mesmo tempo em que precisava tomar cuidado para não atrair predadores. Por isso, o “cri-cri-cri” pré-histórico é um instrumento importante para entender a evolução no período. “O canto desse grilo lança luz sobre a capacidade auditiva de outros animais e nos ajuda a entender melhor um mundo que se foi há muito tempo”, afirma Fernando Montealegre-Zapata, da Universidade de Bristol.

De acordo com os pesquisadores, o grilo jurássico cantava alto, mas o som era bem menos complexo do que o dos grilos modernos. “Cantar alto e claro deve ter sido importante para indicar a localização e a qualidade do cantor”, explica Daniel Robert, outro especialista da universidade inglesa. “Mas isso também deve ter deixado a espécie mais vulnerável a predadores”, completa o cientista. Cantar em um volume alto, mesmo correndo o risco de ser localizado por predadores como pequenos mamíferos insetívoros chamados Morganucodon e Dryolestes, que viviam na mesma região e época, é o que indica que o A. musicus tinha a concorrência de outros animais nos concertos pré-históricos.

Agora, os cientistas querem descobrir a razão da evolução do canto dos grilos. Hoje, a maioria deles atrai as fêmeas por meio de sinais inaudíveis para outras espécies, como os ultrassônicos. O aparecimento dos morcegos, um dos maiores predadores desse tipo de insetos, ocorrido alguns milhões de anos depois, pode dar pistas sobre isso.

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