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Anãs marrons podem originar planetas rochosos

Um estudo do ESO encontra pela primeira vez grãos milimétricos e monóxido de carbono gasoso em torno de uma estrela fracassada, condições para a formação de planetas rochosos

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h24 - Publicado em 1 dez 2012, 12h46

Um dos maiores desafios da astrofísica atual é a busca por planetas rochosos. Até o momento, as observações avistaram centenas de candidatos, todos orbitando alguma estrela mais ou menos parecida com o nosso Sol. Uma nova pesquisa realizada pelo Observatório Europeu do Sul (ESO, na sigla em inglês) mostra que talvez devêssemos buscá-los também ao redor de objetos mais improváveis: como anãs marrons. Caso se confirme, essa descoberta tem o potencial de ampliar – e muito – as regiões do Universo para as quais os astrofísicos olham na caça por planetas de composição semelhante a da Terra. Afinal, no espaço existem tantas anãs marrons quanto estrelas.

Saiba mais

ANÃ MARROM

Espécie de elo perdido entre planetas gasosos gigantes e estrelas, uma anã marrom é um objeto de pouca luminosidade que não consegue iniciar a fusão de hidrogênio em seu núcleo. Por isso, as anãs marrons são também chamadas de estrelas fracassadas.

ALMA

Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA) é um complexo instrumento composto por 66 antenas de alta precisão, instaladas no deserto do Atacama, no Chile, numa altitude de 5.000 metros. No momento, ele trabalha com um quarto da sua capacidade e deve estar operando plenamente no final de 2013. O ALMA captura sinais, como a radiação, do céu de forma conjunta e obtém informações sobre a sua fonte (seja uma estrela, planeta ou galáxia).

Por meio da análise de dados recolhidos pelo Atacama Large Millimeter/submillimeter Array (ALMA), no Chile, que entrou parcialmente em operação em setembro do ano passado, uma equipe de astrônomos descobriu que a anã marrom ISO-Oph 12, localizada a longínquos 400 anos-luz da Terra, na constelação Serpentário, possui em seu disco de poeira grãos sólidos macroscópicos, da ordem de milímetros.

Como nasce uma estrela – As estrelas e as anãs marrons surgem da mesma forma, de uma nuvem de gás e poeira. Até mais ou menos 1 milhão de anos, o material que sobra desse processo forma um disco em volta do astro. As partículas de poeira vão se chocando e se colando umas às outras, passando primeiro de objetos microscópicos a grãos milimétricos, depois com centímetros e metros. Essa espécie de bola cósmica termina por dar origem aos planetas.

Acontece que até este estudo não se acreditava que grãos macroscópicos – da ordem de milímetros – pudessem ser encontrados nas camadas exteriores de uma anã marrom, exatamente ao contrário do que foi observado na ISO-Oph 12. “Grãos sólidos desse tamanho não deveriam ser capazes de se formar nas regiões exteriores e frias de um disco em torno de uma anã marrom, mas aparentemente é o que está acontecendo”, afirmou ao site do ESO Leonardo Testi, do California Institute of Technology e um dos autores do artigo publicado nesta quarta-feira no The Astrophysical Journal Letters.

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“Descobrimos o que pode ser a origem de um planeta rochoso”, explica em entrevista ao site de VEJA Itziar de Gregorio-Monsalvo, co-autora da pesquisa que trabalha no ALMA. O instrumento localizado no Chile também localizou no disco monóxido de carbono gasoso envolvendo a anã-marrom. “É o gás da atmosfera da Terra, que se encontrava originalmente na poeira cósmica do Sol. Podemos dizer que estamos vendo a mesma coisa”, diz a astrônoma.

Itziar e os demais autores ressalvam, no entanto, que a presença desses elementos não significa que exista – ou que um dia venha a existir – um planeta rochoso orbitando essa estrela fracassada. “Os nossos resultados mostram pelo menos os primeiros estágios em direção à formação de planetas rochosos também estão ocorrendo ao redor de anãs-marrons, e não apenas de jovens estrelas. Mas apenas observações no futuro dessas estrelas fracassadas nos dirão se elas têm potencial ou não para hospedar planetas rochosos”, complementa Luca Ricci, do California Institute of Technology.

O artigo publicado agora no The Astrophysical Journal Letters pode fazer das anãs marrons – que por não realizarem reações termonucleares têm brilho muito fraco, portanto são muito difícies de serem observadas – um dos objetos preferenciais na busca por exoplanetas com os telescópios da próxima geração, que devem entrar em funcionamento na próxima década.

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