Amizades se baseiam em semelhanças genéticas, diz estudo
Pessoas com vínculo de amizade têm padrão genético equivalente ao de primos de quarto grau
Um novo estudo revelou que a semelhança genética influencia a escolha das amizades. Segundo a pesquisa, publicada nesta segunda-feira no periódico PNAS, amigos mais próximos têm a equivalência genética de primos de quarto grau, ou seja, de pessoas que dividem os mesmos tetravós.
Cientistas da Universidade Yale e da Universidade da Califórnia em San Diego, nos Estados Unidos, analisaram cerca de 1,5 milhão de marcadores genéticos em quase 2.000 moradores da cidade de Framingham, em Massachusetts. Eles compararam o DNA de duplas de amigos sem vínculos de parentesco ao de duplas de pessoas que não se conheciam.
A análise mostrou que indivíduos que pertenciam a um mesmo círculo social compartilhavam quase 1% de genes semelhantes, muito mais do que pessoas sem relação de amizade. Esse percentual de similaridade genética “é o mesmo que têm os primos de quarto grau”, destacou o estudo.
Leia também:
Existe amizade entre homem e mulher sem segundas intenções? Os homens acham que não
Como seres humanos, morcegos têm amigos para vida toda
“Embora 1% possa parecer pouco para um leigo, para geneticistas o número é significativo”, diz o coautor do estudo, Nicholas Christakis, professor de sociologia, biologia, evolução e medicina da Universidade Yale. “A maioria das pessoas nem sabe quem são seus primos de quarto grau. De alguma forma, entre uma infinidade de possibilidades, nós selecionamos como amigos pessoas que se parecem com nossos parentes.”
Os resultados não refletem a tendência que as pessoas podem ter de escolher amigos de mesma etnia, dizem os pesquisadores. A maioria dos participantes da pesquisa era branca e de origem europeia.
O estudo aponta para a necessidade de uma nova análise científica sobre o papel da amizade. “Os humanos são uma das poucas espécies que estabelecem relacionamentos de longo prazo e não-reprodutivos com outros membros da espécie”, diz James Fowler, professor de medicina genética e ciência política da Universidade da Califórnia em San Diego. “Esse papel de afiliação é importante e está ligado ao sucesso da humanidade.”
(Com AFP)