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Ação secreta para impedir que plutônio caísse nas mãos de terroristas uniu EUA, Rússia e Cazaquistão

A fim de impedir que o plutônio usado em testes nucleares durante a Guerra Fria fosse obtido por terroristas, nações se uniram em projeto sigiloso que durou 16 anos. Ação foi revelada na última sexta-feira pelo jornal 'The Washington Post'

Por Da Redação
Atualizado em 6 Maio 2016, 16h18 - Publicado em 19 ago 2013, 20h06

Rússia, Cazaquistão e Estados Unidos uniram forças para impedir que plutônio usado em testes pela extinta União Soviética caísse nas mãos de terroristas. A trama, que poderia servir de roteiro de uma produção hollywoodiana, foi revelada na última sexta-feira (16) pelo Washington Post.

Segundo o jornal americano, a União Soviética realizou durante a Guerra Fria mais de 450 testes nucleares em uma região conhecida como Semipalatinsk, no Cazaquistão. Os testes (em sua maioria, explosões atômicas) eram feitos em uma rede de túneis construída abaixo da Montanha Degelen e envolviam grandes quantidades de plutônio.

Com o colapso da União Soviética, em 1991, os testes foram encerrados, e moradores de Semipalatinsk descobriram nos túneis uma chance de ganhar dinheiro. Equipados com ferramentas de mineração, eles começaram a roubar cobre das fiações elétricas e também a vasculhar os trilhos por onde o material nuclear era transportado.

Mais tarde, os americanos financiaram um programa para selar todas as entradas dos túneis, evitando que voltassem a ser usados para a realização de experimentos nucleares. A operação, contudo, não retirou os metais de dentro dos túneis, e uma quantidade de plutônio suficiente para produzir ao menos uma dúzia de armas nucleares permaneceu enterrada sob a Montanha Degelen.

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Desconfiança e parceria – O Washington Post conta que em 1995 dois cientistas visitaram Semipalatinsk e constataram que, apesar dos esforços, o local ainda não estava seguro. Segundo eles, Degelen tinha o potencial para se tornar uma verdadeira mina de plutônio para ladrões e terroristas. Em 1998, o diretor aposentado de um dos laboratórios resolveu voltar à Semipalatinsk e verificar se os rumores eram verdadeiros. Ao chegar lá, encontrou marcas do que seriam não apenas equipamentos amadores usados por moradores locais atrás de cobre, mas de grandes e poderosas máquinas de escavação. Em 1999, durante um encontro com oficiais americanos, um grupo de cientistas russos revelou que o problema era maior ainda: além dos túneis abaixo de Degelen, um campo perto da montanha também continha resíduos de plutônio e também estava sendo explorado.

Após superar um período de desconfiança, Rússia e Estados Unidos resolveram cooperar e criar um plano para conter a ameaça nuclear de Semipalatinsk (com a condição de que o material encontrado ficasse no Cazaquistão). As autoridades do Cazaquistão também aceitaram colaborar com o projeto, e as três nações concordaram em manter o sigilo sobre a ação, sem notificar a Agência Internacional de Energia Atômica (IAEA, sigla em inglês).

O método usado para isolar o plutônio já havia sido empregado no acidente nuclear da Usina de Chernobyl, em 1986. Os cientistas e engenheiros resolveram construir uma cúpula de concreto bastante semelhante à que fora erguida ao redor de um dos reatores de Chernobyl. Mais tarde, os Estados Unidos instalaram um sofisticado e moderno sistema de segurança nas entradas dos túneis de Degelen.

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Após 17 anos e um investimento de 150 milhões de dólares, a operação terminou com êxito, e as chances do plutônio cair nas mãos dos terroristas foram reduzidas – embora não eliminadas, uma vez que o material radioativo continua enterrado em Semipalatinsk. Em outubro de 2012, para marcar o final da operação, cientistas da Rússia, dos Estados Unidos e do Cazaquistão reuniram-se na Montanha Degelen e inauguraram um monumento de pedra contendo as seguintes palavras: “1996-2012. O mundo se tornou mais seguro.”

Semipalatinsk, Cazaquistão

Local abrigava área de testes nucleares durante a Guerra Fria

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