A Nasa achou água líquida em Marte. O que falta para encontrar vida?
Apesar de fundamental aos seres, a água líquida não é sinônimo de existência de vida. De acordo com especialistas consultados pelo site de VEJA, ainda há outros passos necessários para "provar" a atividade vital, como a detecção de vestígios de DNA ou registros fósseis
A Nasa anunciou a existência de água na forma líquida em Marte na última segunda-feira (28). Nas bordas das crateras, cânions e encostas do planeta, há grandes sulcos, de cerca de 100 metros de comprimento, por onde a água flui durante os meses de verão e desaparece no inverno. De acordo com a agência espacial americana, a descoberta aumenta as possibilidades de que exista, atualmente, algum tipo de vida no planeta. Água na forma líquida é uma das condições primordiais para o surgimento e desenvolvimento de vida em qualquer parte do Sistema Solar. É ela que permite a realização das reações químicas fundamentais para qualquer organismo.
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A fonte e a composição exata da água ainda são desconhecidas – já que as observações foram indiretas – mas, de acordo com os cientistas, ela é formada por percloratos de sódio, de magnésio e de cálcio. Misturados à água, esses sais permitem que ela continue em estado líquido mesmo em temperaturas abaixo de zero, como é o verão marciano, de cerca de 20°C negativos. É o mesmo processo que ocorre na Terra quando jogamos sal de cozinha sobre o gelo para ajudar a derretê-lo.
De acordo com os cientistas, a água líquida, mesmo salgada, permite a realização das reações químicas fundamentais à vida. Contudo, apesar de essencial, ela não é sinônimo do surgimento de vida. Para que isso aconteça, vários outros elementos precisam se somar à existência de água. O mais óbvio deles seria a detecção de DNA ou pedaços dele, indicadores bastante confiáveis da existência de um organismo vivo.
“É preciso buscar outras evidências. Há ainda o mistério da observação do metano, uma molécula orgânica que foi detectada no planeta, mas não foi confirmada”, explica Amâncio Friaça, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosférias da Universidade de São Paulo (IAG-USP). “Precisamos de missões com observações mais refinadas, capazes de identificar um sistema vivo atualmente ou microfósseis. A água é fundamental para a vida. Mas ainda falta muita coisa.”
Veja quais seriam os próximos passos necessários para uma possível comprovação da existência de vida em Marte, de acordo com especialistas consultados pelo site de VEJA: