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‘Trapaça’ triunfa com humor refinado e personagens instigantes

Indicado ao Oscar em dez categorias, novo filme do cineasta David O. Russel foca em pessoas comuns que buscam ser extraordinárias

Por Raquel Carneiro Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 7 fev 2014, 10h59

Usar como matéria-prima uma história real morna e transformá-la em uma comédia refinada é uma tarefa que poucos cineastas conseguem fazer bem. O diretor David O. Russell é um deles. Seu filme Trapaça, que chega nesta sexta-feira aos cinemas brasileiros, usa como base a operação do FBI batizada de Abscam, que nos anos 1970 descobriu nos Estados Unidos uma rede de corrupção que levou à prisão alguns políticos, mas nenhum “peixe grande”.

Apesar da inspiração, a alma de Trapaça pouco tem a ver com jogos políticos e o filme não provoca discussões acaloradas sobre o tema. Seu foco são os personagens, pessoas ordinárias que, como muitas outras, tentam mudar quem são para se tornar “alguém” – não necessariamente melhor. Russell se joga de cabeça no que faz de melhor, moldando os atores com caracterizações de encher os olhos e personalidades que confundem o espectador até a última reviravolta.

Não é de se admirar que das dez categorias em que foi indicado ao Oscar, quatro sejam dedicadas à atuação, com Christian Bale para melhor ator; Amy Adams, melhor atriz; Bradley Cooper; melhor ator coadjuvante; e Jennifer Lawrence; melhor atriz coadjuvante. Uma combinação assim só aconteceu duas vezes na história da premiação. Em 1982, com Reds, de Warren Beatty, e em 2013, com O Lado Bom da Vida, outro filme de Russell, também com Bradley Cooper e Jennifer Lawrence – que saiu vitoriosa – no elenco.

Após um aviso inicial, que diz que algumas partes do filme realmente aconteceram, Bale surge irreconhecível. Careca e com vinte quilos a mais, o ator vive Irving Rosenfeld, um vigarista que herdou do pai uma rede de lavanderias, mas desde a infância percebeu que, se quisesse ser alguém na vida, teria que ser esperto e criar as condições para isso. Irving se envolve com a bela Sydney Prosser (Amy Adams), que abusa de decotes profundos e do falso sotaque britânico para conquistar todos ao redor, inclusive as pessoas que serão passadas para trás quando ela se tornar sócia do amante.

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Irving é casado com Rosalyn (Jennifer Lawrence), com quem vive uma relação de comodismo, por causa do filho e da personalidade depressiva da esposa. Em um papel improvável de mãe e dona de casa – e no qual poderia passar batido -, Jennifer faz jus a sua terceira indicação ao Oscar, ao misturar com sutileza humor, tristeza e frivolidade. Performance parecida com a demonstrada em sua parceria anterior com o diretor, quando viveu, em O Lado Bom da Vida, uma viúva ácida e em depressão, que não poupava o espectador de cenas escandalosas, equilibrando-se entre a comédia e o drama.

Para fechar o quarteto, um Bradley Cooper transformado pelo cabelo cacheado com pequenos bobes faz o papel do agente do FBI Richie DiMaso, um homem comum, que mora com a mãe e que pretende provar a qualquer preço sua capacidade de investigador, a fim de ganhar notoriedade e um cargo melhor.

DiMaso descobre o esquema de trapaças de Irving e Sydney, e faz um acordo capaz de inocentá-los, se ambos colaborarem com seus conhecimentos para capturar outros criminosos. O agente consegue manipular Sydney, que entra em crise com o amante, e forma-se então um confuso triângulo amoroso, essencial para o desfecho da trama.

Instigante e divertido, o filme mostra um lado de Russell que se aproxima de Martin Scorsese, seu concorrente na categoria de melhor diretor no Oscar, por O Lobo de Wall Street. Com sete longas-metragens em sua filmografia, o diretor entrou para a lista de queridinhos de Hollywood a partir de O Vencedor (2010), também com Bale. Sem demora, lançou O Lado Bom da Vida e Trapaça. No total, estes três filmes conquistaram 25 indicações ao prêmio da Academia do Cinema Americano. Até agora, apenas os atores lapidados pela mão do diretor saíram vitoriosos da premiação. Contudo, se continuar neste ritmo, em breve Russell também deve ganhar uma estatueta para chamar de sua.

https://youtube.com/watch?v=YwpdoUcocMA

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‘Trapaça’

Trapaça, que tem David O. Russell no roteiro e na direção, é baseado em uma operação real do FBI batizada de Abscam, que ocorreu nos anos 1970 e descobriu, enquanto investigava um grupo de trapaceiros, uma rede de corrupções políticas. O ponto alto do filme, que levou o troféu de melhor longa cômico ou musical no Globo de Ouro, fica nas mãos do elenco, que conta com a presença de Christian Bale, Amy Adams, Bradley Cooper e Jennifer Lawrence. Todos conquistaram indicações ao Oscar, dominando as categorias de atuação. No Globo de Ouro, Jennifer Lawrence e Amy Adams já saíram vencedoras, dando à produção o maior número de prêmios na festa, três. Em 2013, Russel já se saiu bem com O Lado Bom da Vida, que deu a Jennifer o Oscar de melhor atriz. No total, Trapaça, que estreia dia 7 de fevereiro no Brasil, teve 10 indicações. 

‘Gravidade’

Um dos favoritos ao prêmio principal do Oscar, o longa dirigido pelo mexicano Alfonso Cuarón conta a história de Ryan Stone (Sandra Bullock), uma engenheira médica em sua primeira missão fora da Terra, na companhia do experiente astronauta Matt Kowalski (George Clooney). O trabalho — e a sobrevivência — da dupla no espaço é ameaçado quando uma nuvem de partículas resultante da destruição de um satélite russo chega ao local onde eles se encontram. Ryan e Kowalski não conseguem retornar ao ônibus espacial e ficam à deriva. O filme foi o vencedor do Globo de Ouro na categoria de direção e ficou entre os finalistas ao prêmio de melhor filme de drama na competição. No Oscar, Gravidade lidera as indicações ao lado de Trapaça. O longa é lembrado em outras nove categorias, incluindo a de melhor atriz com Sandra Bullock, a de melhor diretor para Alfonso Cuarón e a de melhor montagem. No Brasil, o filme estreou em 11 de outubro.

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’12 Anos de Escravidão’

Um dos favoritos ao prêmio, o elogiado longa de Steve McQueen acumula um Globo de Ouro de melhor drama e indicações ao Bafta, o Oscar britânico, e aos prêmios concedidos pelos sindicatos de atores, diretores e diretores de arte dos Estados Unidos. A produção conta a história adaptada da autobiografia Twelve Years a Slave, de Solomon Northup, um americano livre de origem africana que foi sequestrado e vendido como escravo durante a década de 1840. No longa, Northup é interpretado por Chiwetel Ejiofor, indicado ao prêmio de melhor ator no Oscar. No total, o filme foi indicado a nove prêmios, incluindo o de ator coadjuvante para Michael Fassbender, que dá vida a um cruel dono de escravos. No Brasil, o longa tem estreia prevista para 28 de fevereiro. 

‘O Lobo de Wall Street’

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O controverso filme de Martin Scorsese marca a quinta parceria do diretor com o ator Leonardo DiCaprio e conta a história real de Jordan Belfort, um corretor de títulos da bolsa americana que entrou em decadência nos anos 1990. Cercado por uma vida de ganância e abusos, regada a drogas, sexo e álcool, Belfort se envolveu em diversos crimes do colarinho branco e acabou investigado pelo FBI. O Lobo de Wall Street conquistou cinco indicações, entre elas as de melhor filme, melhor ator para Leonardo DiCaprio e melhor diretor. O longa estreia no Brasil dia 24 de janeiro. 

‘Capitão Phillips’

O longa dirigido por Paul Greengrass, indicado também ao Globo de Ouro na categoria de melhor drama, é baseado em fatos reais e conta a história de Richard Phillips (Tom Hanks), o capitão de um navio cargueiro sequestrado por piratas somalis em 2009. O roteiro assinado por Billy Ray, também responsável pela adaptação da saga Jogos Vorazes, é inspirado no livro de memórias A Captain’s Duty: Somali Pirates, Navy SEALs, and Dangerous Days at Sea, escrito pelo próprio Phillips. No Oscar, o filme foi lembrado em outras cinco categorias, incluindo a de roteiro adaptado e a de ator coadjuvante com Barkhad Abdi, que interpreta o líder do grupo pirata invasor do navio. No Brasil, o longa estreou em 8 de novembro. 

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‘Philomena’

O filme estrelado por Judi Dench conta a história real de Philomena, uma mulher que, nos anos 1950, dá à luz em um convento e se vê obrigada a dar o bebê para adoção. A criança é levada para os Estados Unidos e logo depois Philomena começa a sua busca por ela. Cinquenta anos depois, ela conhece o jornalista Martin Sixsmith (Steve Coogan), que a ajuda na investigação sobre o paradeiro do filho. O longa, dirigido por Stephen Frears, foi baseado no livro escrito por Sixsmith. No Oscar, teve quatro indicações: melhor filme, melhor atriz para Judi Dench, melhor roteiro adaptado e melhor trilha sonora original. Philomena está previsto para estrear no Brasil no dia 7 de fevereiro. 

‘Clube de Compras Dallas’

Baseado na história real do eletricista e caubói texano Ron Woodroof, um machão que descobre ter aids em 1986, o longa do canadense Jean-Marc Vallée conquistou seis indicações, entre elas a de melhor ator para Matthew McConaughey e a de ator coadjuvante para Jared Leto. Após receber o diagnóstico, Woodroof descobre que tem apenas um mês de vida. Para conseguir o tratamento que mudará esse quadro, ele passa a adquirir a droga ilegalmente. Depois, ele se alia ao personagem de Leto, um travesti, em um esquema de contrabando. A produção está prevista para 21 de fevereiro no Brasil. 

‘Ela’

O filme dirigido e escrito por Spike Jonze conta a inusitada história de Theodore Twombly (Joaquin Phoenix), um escritor solitário que se apaixona pelo sistema operacional de seu smartphone, cuja voz é a de Scarlett Johansson. O aparelho apresenta uma interface interativa a partir de uma voz feminina que se apresenta como Samantha (inspirada em Siri, do iPhone). O longa saiu vencedor na categoria de melhor roteiro no Globo de Ouro, onde também foi indicado a melhor comédia ou musical. No Oscar, a produção foi lembrada em outras quatro categorias, incluindo a de direção de arte e de roteiro original. No Brasil, o longa tem estreia prevista para 14 de fevereiro.

https://youtube.com/watch?v=6oDqB15PjBY

‘Nebraska’

O longa dirigido por Alexander Payne conta a história de Woody Grant (Bruce Dern), um ex-alcoólatra que decide ir do Estado americano de Montana até o de Nebraska a pé com seu filho David (Will Forte) para exigir um prêmio de 1 milhão de dólares que acredita ter ganhado após receber uma propaganda publicitária pelo correio. O filme foi indicado ao prêmio de melhor comédia ou musical no Globo de Ouro e foi lembrado também em premiações como o Bafta e a organizada pelo American Film Institute. No Oscar, Nebraska foi indicado em outras cinco categorias, incluindo a de direção e a de melhor ator para Bruce Dern. No Brasil, o longa tem estreia prevista para 31 de janeiro.

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